Arquivos • 07 Mai 2023
A história do Heigo-Porsche 911 SC original que esteve desaparecido durante 30 anos
Por Tiago Nova
O Porsche 935 foi um automóvel de competição, desenvolvido pela marca germânica segundo as regras do Grupo 5, com base no Porsche 930, também conhecido por 911 Turbo. Era uma evolução do anterior 911 Carrera RSR 2.1 Turbo e foi introduzido na competição em 1976, como preparação para o Campeonato de Marcas de 1977. Além desse campeonato, a Porsche também forneceu o 935 a equipas privadas, para competir no IMSA e no DRM. Venceu logo as 24 Horas de Le Mans à geral, em 1979, assim como as mais importantes provas de resistência do campeonato do mundo. Poucas eram as marcas que conseguiam combater com o 935, não só pelas suas prestações, mas também pelo elevado número de exemplares a competir.
O design do 935 esteve ao encargo de Norbert Singer, com os primeiros exemplares a ter um desenho semelhante ao 911, mas, posteriormente, a frente foi alterada para melhorar a aerodinâmica, visto que só era obrigatório manter a zona central do automóvel igual ao homólogo de estrada. O motor de seis cilindros boxer utilizado foi desenvolvido especificamente para o 935, tendo mesmo o código Type 935, inicialmente de três litros de cilindrada, passando para os 3,3 litros, e equipado com dois turbos e injecção mecânica de combustível, podendo atingir uma potência de 857cv. Acoplado ao motor está uma caixa manual de quatro velocidades. O peso total do 935 situa-se nos 970 kg.
Com os vários 935 entregues a privados e com o receio da Porsche em vender-lhes as suas versões melhoradas, algumas equipas desenvolveram as suas próprias versões, com certos elementos alterados e melhorados, como é o caso da Kremer Racing. Esta equipa de Colónia, na Alemanha, foi fundada pelo piloto Erwin Kremer e o seu irmão Manfred, tendo sempre uma relação muito próxima com a Porsche, competindo com os 911, os 914-6 GT e os 934, antes do 935, marcando aí o ponto onde começaram a desenvolver as suas próprias versões. Após os 935 K1, K2, K3 e K4, a Kremer continuou o legado, com o CK5, o 962CK6, o CK7 Spyder e o K8 Spyder. Construiu ainda um 917 para as 24 Horas de Le Mans de 1981, assim como melhorou os 911 GT1 e GT2 nos anos 90.
O primeiro 935 da Kremer, o 935 K1, ficou em segundo atrás do 935 oficial, na primeira prova em que participou, vencendo, posteriormente, as 6 Horas de Silverstone. Em 1977, a Kremer desenvolveu uma nova versão melhorada do modelo, sendo designada de K2. Em 1979, introduziram o 935 K3, com o qual venceram as 24 Horas de Le Mans com Klaus Ludwing ao volante. Em 1981, devido à grande rivalidade com o Ford Capri da Zakspeed, a Kremer desenvolve a última versão, o 935 K4, utilizando o motor de 3,1 litros, podendo ter uma potência de 760 a 810cv.
O Kremer K3 deste artigo, mantém a sua decoração original, e icónica, da Jägermeister. O motor Type 935 está equipado com dois turbos KKK, desenvolvendo cerca de 800cv e o intercooler água-ar original, foi substituído por um ar-ar, pois assim a entrega de potência era mais linear para as provas de resistência. A Kremer montou também a caixa de velocidades ao contrário, o que trazia dois benefícios, nomeadamente a facilidade de trocar a caixa, sem ser necessário desmontar toda a traseira e assim conseguir também reduzir a altura ao solo do 935. A carroçaria do 935 K3 foi produzida por outra empresa icónica no seio dos Porsche, a DP Motorsport, seguindo as linhas da evolução do 935 de fábrica, conhecido por “Moby Dick”.
Este 935 K3 continua na posse da Kremer Racing, sendo ainda utilizado em provas de clássicos. Dessa forma tem algumas alterações, como a baquet e o volante, que foram substituídos por modelos mais recentes. No total, a Kremer Racing produziu 13 unidades do 935 K3, com alguns transformados posteriormente.
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