A história de um Fiat 600 encontrado num palheiro que passa de geração em geração

Clássicos 17 Set 2021

A história de um Fiat 600 encontrado num palheiro que passa de geração em geração

Por Joaquim Rodrigues

Em 1971, Joaquim era um jovem com carta de condução há pouco tempo. Joaquim possuía um DKW para acelerar até onde levam os caminhos da juventude. Este automóvel já necessitava de pneus novos mas o seu preço não estava de acordo com o dinheiro que tinha disponível no momento. Joaquim dirige-se a Salgueiro do Campo, uma aldeia perto de Castelo Branco, onde encontra um Fiat 600 num palheiro.

Os quatro pneus, estavam de facto, em bom estado, já o automóvel encontrava-se em estado de degradação. Nessa altura a produção deste veículo já estava a terminar, e o Fiat 600 em questão já contava com 15 anos. Joaquim fez algumas alterações, como trocar as portas num sucateiro da cidade por três mil escudos sendo que dessa maneira deixou de ter portas “marotas” e o vidro deixou de correr em calhas para passar a ser de elevadores. Hoje em dia arrepende-se desta “asneira”.


Joaquim Rodrigues dispões de uma ampla biblioteca de informações sobre o Fiat 600 como uma colecção de revistas especificas que lhe permitem comentar os mais pequenos detalhes da evolução deste maravilhoso modelo. O protagonista desta história é de 1956, o ano em que o primeiro Fiat 600 foi produzido na fábrica em Turim.

Joaquim e o seu Fiat 600 cumpriram o serviço militar em Portalegre e em Estremoz. Os fins-de-semana em casa dos pais só eram possíveis com a ajuda do automóvel que nunca o deixou pelo caminho. Joaquim recorda várias peripécias dos anos sessenta. Lembra-se particularmente de um automóvel, cujo dono tinha uma perna de pau. Era adaptada com uma alavanca junto do volante e a embraiagem era accionada com a mão esquerda.

Recorda-se do engate de reboque que ainda tem na garagem e servia para levar a auto tenda André Jamet, que depois de aberta no parque de campismo, tinha dois quartos e uma sala. Com esta auto tenda fez várias férias na Lagoa de Santo André, São Martinho do Porto, Castelo de Bode e na barragem de Idanha-a-Nova. No parque de campismo, mesmo parado, o 600 continuava a ser simpático, a sua bateria fornecia a corrente necessária dentro da “vivenda”. No dia seguinte as voltinhas com o automóvel forneciam a luz para a noite. Na altura eram quatro pessoas, já que para além do casal à frente, dois filhos ocupavam o banco de trás.


Hoje o 600 tem o aspecto dos outros tempos, pois Joaquim voltou a comprar as portas marotas com os vidros de correr em calhas num sucateiro de Alcaria. Agora não admite que o automóvel tenha algo que não seja de origem. Não são raras as vezes que dá por si a comparar o seu 600 com os que vieram depois, os tais que pareciam mais bonitos, mas na verdade, bonito é o seu, com a grelha completamente diferente dos outros e treme só de pensar que em tempos pensou em substituí-la. Ainda bem que ficou, pois marca a diferença para os modelos posteriores.

Joaquim Rodrigues com o seu Fiat 600 participou no 1º Rally da Escuderia de Castelo Branco em Julho de 1993. Joaquim ostenta com orgulho no tablier do seu clássico Fiat 600, todos os autocolantes de todas as edições do Rally da Escuderia de Castelo Branco.

Joaquim Rodrigues lembra-se dos 600 desde os seus sete anos de idade, habituado a observá-los na Garagem São Cristóvão onde seu pai trabalhou. Não admira que seja ele próprio o “mecânico” do seu 600, ao qual não faz revisões de prevenção. “Está sempre pronto para andar” afirma confiante nas qualidades da sua bela máquina.

Tendo entrado na família em 1971, o Fiat 600 serviu como automóvel da família, de férias, para embalar a sua filha Bela, para levar a noiva ao casamento e já passou para a terceira geração, ao ser o automóvel que conduziu a Sara, a sua neta ao seu Baptizado, tendo o mesmo sido já reclamado por esta como sendo seu.


Depois de 50 anos do Fiat 600 ter entrado na família, ainda continua a escrever histórias no seio da família, encontrando-se neste momento a receber uns miminhos de pintura.

O Fiat 600 é o primeiro automóvel na colecção de Joaquim Rodrigues, onde figuram também um DKW herdado de seu pai, um Steyer Puch TR Europa, um Fiat 850 Sport Coupé e um Hilman Imp.

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