A maldição do

Arquivos 11 Jun 2021

A maldição do “Little Bastard”

Por Duarte Pinto Coelho

Num recente leilão online foi vendida uma caixa de velocidades “transaxle” de um Porsche Spyder 550 por mais de 380 mil dólares.

É uma peça valiosa mas não a este ponto, e a razão principal para atingir este valor é que provém do Porsche em que morreu James Dean, e este acontecimento traz à memória a história no mínimo bizarra do que sobrou do carro do célebre actor.

Em 21 de Setembro de 1955 James Dean está a acabar de rodar o filme “Giants” e troca o seu Porsche Speedster por um acabado de chegar 550 Spyder, chassis no.550-0055, baptizando-o de imediato por escrito na carroçaria “Little Bastard”.


Apesar de estar proibido pelos estúdios de participar em corridas de automóveis, no dia 30 de Setembro dirige-se a Salinas para alinhar numa prova e, tendo planeado levar o carro num reboque, o seu mecânico Rolf Wütherrich sugere-lhe que o carro vá a rolar pois assim aproveitava para se adaptar à sua condução ao mesmo tempo que rodava o motor.


A meio da viagem há um Ford que vem de uma estrada secundária e sem se aperceber da presença do Porsche atravessa-se à sua frente e dá-se o choque brutal a cerca de 140 km/h.

James Dean tem morte imediata e o seu mecânico sobrevive com ferimentos graves de que recupera, mas nunca conseguiu superar os sentimentos de culpa levando um resto de vida pontuada por tentativas de suicídio e permanente alcoolismo.


E aqui começa a saga dos restos do “Little Bastard” com mistérios e incidentes muito intrigantes.

Os salvados foram comprados por um corredor Californiano chamado William Eschrich que instala o motor no seu Lotus IX e vende algumas peças da suspensão a um outro piloto Troy Lee McHenry que as instala no seu Porsche 356. Uns meses mais tarde, na mesma corrida, ambos têm acidentes o do Lotus não tão grave e o piloto sobrevive, mas Troy logo na primeira volta espeta-se na única (!) árvore que havia na borda do circuito e morre.

Entretanto os restos do carro – um chassis retorcido, uma carroçaria amassada e quatro rodas – foram vendidos a George Barris que vendeu dois pneus do carro e o que sobrava cedeu ao Departamento de Segurança Rodoviária para ser exibido para prevenção por todo o país.

Consta que os dois pneus vendidos vieram a rebentar ao mesmo tempo provocando novo acidente mas desconhecem-se as consequências, e os restos do carro várias vezes caíram do expositor, causando numa das vezes ferimentos a um visitante e mais tarde a morte a George Barkus, o motorista do camion que transportava o carro para mais uma exposição.

Algum tempo depois, quando num armazém, o carro sofreu um incêndio sem nunca se ter descoberto a causa.

Finalmente perde-se o rasto do “Little Bastard” quando em 1960 era transportado de Miami para L.A. e misteriosamente desapareceu.


Só agora se voltou a saber de alguma parte do carro com o surgimento da “transaxle” que estava num caixote numa zona rural do Massachussetts e já foi devidamente autenticada pela Porsche como sendo a que a fábrica montou no 550-0055 em 1955.

Esta história prova que existe uma maldição do “Little Bastard” ou trata-se apenas de uma sucessão de coincidências infelizes e perturbadoras?

Talvez valha a pena seguir o destino da “transaxle” e ver o que acontece…

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