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Passados 40 anos o paradeiro do Ford Big Red é finalmente conhecido
O mundo automóvel anda constantemente à procura de novas formas de mobilidade e, nas décadas de 50 e 60, isso não foi excepção com os automóveis movidos a motores de turbina. Os “Big Three” americanos entraram em força no desenvolvimento desse tipo de motores, com a Chrysler a desenvolver o Turbine Car e a GM desenvolver uma série de protótipos de nome Firebird. A Ford seguiu um caminho diferente com a concepção de um camião para o efeito.
Designado de Big Red, devido aos seus quase quatro metros de altura e cor vermelha, era um tractor onde poderia ser atrelado um semi-reboque. Foi construído em 1964, para demonstrar o que a Ford pensava que seria o futuro das viagens de longo curso.
Na cabine o banco do passageiro poderia ser reclinado e tinha uma televisão, que só era vista nesta posição, para não distrair o condutor. Devido ao seu desenho cab-forward o Big Red tinha uma excelente visibilidade. Para a entrada e saída da cabine, uma escada descia automaticamente. Além disso, tinha ainda casa de banho e uma pequena cozinha.
No entanto, o seu maior argumento era o motor a turbina de gasolina, que desenvolvia 600cv e podia atingir as 75.500 rotações por minuto, um valor extraordinário na época e ainda muito bom nos dias de hoje. Estes motores têm uma vida útil superior aos motores de pistão convencionais, pois não têm contacto de metal com metal, tudo porque as pás da turbina nunca tocam no invólucro. Além disso, as caixas de velocidades adaptadas para estes motores, reduzem em muito as rotações do motor, para transferir uma rotação idêntica aos motores convencionais, que no caso do Big Red estava acoplado a uma caixa de cinco velocidades Allison.
Como a história acaba por demonstrar, os motores de turbina nunca substituíram os motores de pistão nos automóveis de passageiros, nem em camiões, muito devido ao seu custo avultado, assim como às temperaturas geradas, apesar do seu trabalhar mais silencioso e mais económico. O Big Red chegou mesmo a ser utilizado numa viagem de costa a costa dos EUA.
Após o projecto ter sido cancelado, o Big Red acabaria por ser vendido por mero acaso à equipa de competição com apoio da marca, a Holman-Moody, que o teria guardado devido a uma avaria mecânica durante o transporte de uma exposição. No entanto, quando a Ford retirou o apoio oficial à equipa, disse que poderia ficar com tudo o que estava nas suas instalações e assim permaneceu o Big Red.
Posteriormente, o Big Red desapareceu por completo do radar durante os anos 80. Até recentemente, numa publicação, o The Drive dar conta de que está neste momento num longo processo de restauro, ainda que com um motor mais moderno e com menos potência, pois o seu motor original, de código 705, foi destruído, ainda assim vai utilizar um motor experimental da época, o 707 Version 3, que foi adquirido à Ford pelo seu proprietário e conta com 525cv. O proprietário actual não quer ser identificado, nem muito menos andar com o Big Red na rua, pois é uma peça única da história automóvel.
No entanto, os seus atrelados, específicos deste projecto, há muito que desapareceram sem deixar rasto, após serem utilizados para outros propósitos pela equipa de competição. Posteriormente, sabe-se que um foi vendido à Bardahl Race Team e o outro à Bill Stroppe Racing, mas até hoje não se sabe do seu paradeiro.
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