BMW 320i Turbo de Grupo 5 utilizado no IMSA preparado em conjunto com a McLaren

Competição 06 Abr 2021

BMW 320i Turbo de Grupo 5 utilizado no IMSA preparado em conjunto com a McLaren

Por Tiago Nova

A parceria entre a BMW e a McLaren não se limitou só ao McLaren F1 que utilizou o motor S70/2 V12 da BMW. Anteriormente, nos anos 70, as duas marcas juntaram-se para o desenvolvimento de uma máquina para competir na categoria de Grupo 5 do IMSA Camel GT, com o objectivo de competir nas temporadas de 1977, 1978 e 1979 com o seu novo Série 3 E21, substituindo, assim, os BMW CSL da Peter Gregg Racing. Estes 320i de Grupo 5 ganharam a alcunha de Flying Brick, devido ao seu desenho.

 

Os BMW CSL tiveram algum sucesso, vencendo inclusivamente as 24 Horas de Daytona de 1976, mas uma nova arma estava a ser desenvolvida na Europa, o Porsche 935. Assim, a BMW decidiu pegar no E21 e desenvolver um automóvel para competir no DRM e no IMSA, mas numa categoria diferente dos 935, preferindo ser dominadora da Classe 2 do DRM. No entanto, não era esse o sentido que a BMW North America queria seguir, pois não teria de competir com o 935, mas sim com o irmão mais novo, o 934. Isto porque, o IMSA não permitia a entrada dos 935, com excepção feita às provas do campeonato do mundo.

 

Apesar de parecer muito idêntico ao BMW E21 Gr.5 que competiu no campeonato DRM, e inicialmente havia muito em comum, a McLaren USA começou a afastar-se deste, para o automóvel ser mais competitivo no campeonato americano. Por exemplo, as versões turbo na Europa utilizavam motor de 1,5 litros e no IMSA a cilindrada era de 2,0 litros.

 

 

O motor utilizado é o M12 de dupla árvore de cames à cabeça e injecção mecânica Kugelfischer, o mesmo que equipava os Fórmula 2 e os 320i de Gr.5 do DRM, de quatro cilindros em linha, 2,0 litros de cilindrada e naturalmente aspirado, debitando 304 cv às 9.250 rpm. A sua estreia fez-se nas 24 Horas de Daytona de 1977. O mesmo motor foi utilizado em Sebring, até ser instalado o sistema turbo para as 1000 milhas, em Road Atlanta, conseguindo um quarto lugar nas mãos de David Hobbs. Esta versão turbo, desenvolvida pela McLaren, seria utilizada, posteriormente, nos automóveis de Fórmula 1 da equipa Brabham. O motor M12 Turbo está equipado com intercooler e desenvolve 650 cv às 9.000 rpm. Os radiadores de óleo e água ficam na traseira do automóvel, junto às saídas de ar.

 

Para aumentar a estabilidade, foram instaladas jantes BBS de 19” na traseira, algo que os 320i que competiam na Europa não utilizavam. A carroçaria foi alargada e melhorada aerodinamicamente com novos painéis em fibra de vidros, no entanto, os painéis originais mantinham-se no automóvel. A BMW procurava sempre obter a Pole Position, mas os seus automóveis eram um pouco frágeis, tendo alguns abandonos, mas quando não desistiam era quase certo que vencia a prova. No final da primeira temporada, Hobbs conseguiu ficar em quarto lugar no IMSA.

 

Mas, em 1978, chegava o tão aguardado rival, o Porsche 935, criando uma nova classe no IMSA, a GTX, onde os BMW E21 se inseriam também. O BMW tinha algumas vantagens sobre o 935, como um maior poder de travagem e um peso menor, de 875 kg, não sendo, contudo, tão fiável. Ainda assim, conseguiu alcançar duas vitórias, nas provas em Hallett Circuit e Sears Point.

 

 

Em resposta ao maior número de 935 a entrar para as provas do IMSA, a BMW desenvolveu uma versão mais leve do 320i Turbo, com um chassis frontal tubular, sendo a frente uma peça única, fazendo perder perto de 91 kg. Para além disso, ganhou uma nova aerodinâmica e travões maiores. Em 1979, conseguiu obter mais duas vitórias, novamente na prova em Hallett Circuit e na de Elkhart Lake, além de vários pódios, ficando Hobbs no quinto lugar do campeonato.

 

O BMW E21 Turbo chegou ao seu limite de evolução, fazendo com que a BMW abandonasse o IMSA, para se concentrar no desenvolvimento do BMW M1 e do seu campeonato mono-marca Procar. No total, a McLaren USA construiu três automóveis para o IMSA Camel GT, sendo o último a versão lightweight, mais dois para a equipa privada de Jim Busby. Como curiosidade, estes desenvolvidos para competir no IMSA não tinham tablier, no entanto, a maior parte dos que competiram no DRM mantinham o tablier original.

 

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