Clássicos • 21 Nov 2018
Antigomobilistas de todo o mundo comemoraram, em 2008, o centenário do Ford Modelo T, o carro norte-americano que deu início à moderna indústria automobilística. Lançado em outubro de 1908, a criação de Henry Ford viabilizou o conceito de linha de montagem – que permitiu a fabricação em série de veículos acessíveis à classe média. Nascia, assim, o primeiro “carro popular” da história.
No seu lançamento, o Modelo T custava US$ 825. Poucos anos depois, o preço já caíra para US$ 260. Vendeu mais de 15 milhões de exemplares – recorde só superado pelo Fusca na década de 1980 – até o encerramento de sua produção, em 1927.
Os primeiros Modelo T tinham motor de quatro cilindros, 20 cavalos de potência, e velocidade final de 55 Km/h. Além disso, a “família T” possuía várias versões: sedan, coupé, furgão, picape, conversível e hardtop.
Para Henry Ford, o Modelo T só seria um bom negócio se seus operários pudessem adquirir um exemplar. Por isso, ele baixou o preço do carro e aumentou o salário de seus colaboradores. Esse, sim, era um capitalista de visão…
Até então, carro era coisa apenas para os muito ricos (mal comparando, seria como se hoje alguém decidisse produzir um “helicóptero popular” para a classe média). Para o bem ou para o mal, Ford democratizou o acesso ao automóvel – principalmente ao adotar o conceito de linha de montagem. Mas o grande empresário era um homem de personalidade forte e idéias incontestáveis. Por exemplo: quase todos os carros que saíam de sua fábrica eram pretos. Ford dizia: “Meus clientes podem escolher a cor do carro, desde que seja preta.”
Por que a insistência no preto? Simples. Ford produzia muitos carros em série por dia. Tinha pressa de entregar novos veículos para atender à crescente demanda de seus revendedores. E a tinta preta, além de mais barata, era a que secava mais rápido.
Fotografias: Eduardo Scaravaglione
Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel. Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Actualmente colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho Magazine. Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.