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Competição • 22 Fev 2021
Classic Team Lotus, a pequena equipa que mantém os Fórmula 1 da marca activos
A Lotus é uma icónica fabricante de desportivos britânica, fundada em 1948 por Colin Chapman, que produzia automóveis de pouca potência, mas sempre com o baixo peso como prioridade, sendo que os seus automóveis são reconhecidos como tendo uma condução fenomenal. Apesar de hoje pouco reconhecida, a Lotus teve um papel fundamental na Fórmula 1, principalmente durante as décadas de 50 a 70, através da Team Lotus.
A gênese da competição esteve sempre presente nas veias de Chapman pois, desde os anos 40, que modificava pequenos Austin Seven para os utilizar em competição. As suas alterações eram tão notórias, que começou a ganhar popularidade, altura em que deu o nome aos seus automóveis de Lotus. A partir de 1953, Chapman abandonou o Austin Seven e iniciou a construção do seu primeiro automóvel, o Lotus Six.
Foi nessa altura em que Chapman dividiu a produção de automóveis para estrada, criando a Lotus Engineering, e a produção para a competição, com a Team Lotus, de onde começaram a sair os Mark VIII, IX e X, com cilindradas entre os 1,1 e os 1,5 litros. Em 1955, um Mark X com um motor de 1,5 litros da Coventry-Climax, foi o primeiro da marca a entrar nas 24h de Le Mans.
Apesar de ter sucesso nas provas de automóveis desportivos, o objectivo de Chapman era alinhar na categoria rainha, a Fórmula 1. Em 1956, Chapman, juntamente com Frank Costin, irmão de Mike Costin, um dos fundadores da Cosworth, foram contratados para desenhar o Vanwall de Fórmula 1, modelo que acabaria por arrecadar o título em 1958.

Em 1957, a Team Lotus produzia o seu primeiro monolugar, o Type 12, com um motor Coventry-Climax de 1475cc montado na frente. Apesar de ter sido desenhado para competir na Fórmula 2, acabaria por ser transformado para alinhar na Fórmula 1, em 1958. Era um automóvel muito inovador, com ideias novas na suspensão traseira, assim como nas jantes leves e resistentes, mas não foi muito competitivo.
Em 1960, apareceu o primeiro Fórmula 1 da Lotus com motor central, o Type 18, sendo também o primeiro a vencer um Grande Prémio, iniciando uma carreira com vários sucessos nos anos seguintes e, em 1965, Jim Clark conseguiu trazer o título de pilotos, assim como vencer as 500 Milhas de Indianápolis num Lotus.
O próximo grande passo para a Lotus, foi a cooperação com a Ford e Cosworth, utilizando o motor V8 DFV, de três litros de cilindrada, um dos motores de maior sucesso de sempre da disciplina e que fazia parte estrutural do chassis. Foi também nesta época, que a Lotus começou a testar vários melhoramentos aerodinâmicos.
A Team Lotus foi também a primeira equipa a utilizar as cores dos seus patrocinadores nos automóveis, aparecendo pela primeira vez em 1968, com os automóveis vermelhos, brancos e dourados, referentes ao patrocínio da tabaqueira Gold Leaf.
Todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos por Colin Chapman, culminou no Lotus Type 72, lançado em 1970, que competiu em seis épocas, trazendo 20 vitórias em Grande Prémios, dois títulos de pilotos, um para Jochen Rindt e outro para Emerson Fittipaldi e três títulos de construtores. Também foi este, o primeiro automóvel a ter as icónicas cores da John Player Special.
O Lotus 79 também foi dominante, tal como o seu antecessor, com a implementação do efeito solo, vencendo o título de pilotos, com Mario Andretti e o título de construtores, em 1978. Infelizmente, os anos 80 não trouxeram grande sucesso para o Team Lotus, com vários acontecimentos que marcaram a equipa, como o Type 88 que levou os regulamentos ao limite, de tal forma que foi banido e, em 1982, após Elio de Angelis vencer o primeiro Grande Prémio, Chapman acabaria por falecer de ataque cardíaco.

Mesmo sem Colin Chapman, a Team Lotus continuou a lutar e a trazer novidades para as pistas, como por exemplo a suspensão controlada electronicamente. A Lotus teria a sua última vitória em 1987, pelas mãos de Ayrton Senna.
Desde o ínicio da carreira do Team Lotus na Fórmula 1, que Colin Chapman adquiriu uma antiga base aérea da RAF, em Norfolk, transformando-a num local perfeito para produzir e testar os automóveis, tanto é que nunca mais a Lotus saiu de Hethel.
Apesar da Lotus já não estar a competir na Fórmula 1, os seus automóveis históricos são mantidos graças à Classic Team Lotus, com Clive Chapman, filho do fundador da marca, à frente da equipa. A empresa concentra-se na preservação dos seus automóveis históricos, assim como de clientes que assim o desejam. E, até há pouco, a Classic Team Lotus estava no mesmo edifício onde a história da Fórmula 1 da marca se iniciou, mas, devido ao aumento da procura por coleccionadores, foi necessário mudar de instalações, para assim atender melhor a todos os pedidos.
Fotografias: Mark Riccioni