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Mais uma conversa e mais um Alba para descobrir e conhecer. O FF-11-83 é talvez o exemplar menos visto e conhecido dos cinco fabricados.
Antes de mais, e contrariando muitas teorias de falsos Alba, quando perguntei a António Augusto Martins Pereira quantos Alba foram construídos, a resposta, que pode ser vista em vídeo, foi absoluta: cinco. Assim, consideraremos sempre a existência de cinco Albas, pois foi o número de carroçarias que saíram de Albergaria. Quando iniciei esta “investigação” sobre os Alba, juntamente com o Manuel Dinis (vale a pena a visita ao seu excelente blog “Um olhar sobre as corridas”) e outros entusiastas do modelo, apenas considerámos o OT e o exemplar que correu em Vila Real, que pensávamos ser o TN, mas na realidade foi o LA. Isto mudou quando comecei a gravar as conversas em vídeo e, logo, a procurar os outros três.
Na Páscoa de 2009, fui a Albergaria levar o tradicional folar do Turco – desta vez mal cozido – que saboreámos na mesa da sala e a conversa foi directamente para o Alba LN.
Este carro foi concebido pelo Dr. Francisco Luzes, que corria com o pseudónimo de Constantino?
Sim.
Era igual ao OT?
Só por fora é que era muito parecido, mas não tinha a entrada de ar no capot.
Não teve nenhuma participação na construção?
Não. O Francisco é que fez o projecto. A nós só encomendou a carroçaria, que era quase igual à do meu.
Quanto custou a carroçaria?
Não me lembro. Ele encomendou-me a carroçaria num almoço.
Em que ano?
Em 1954 ou início de 1955.
Há uma foto sua a observar cuidadosamente o automóvel.
O Francisco Luzes desenvolveu de forma autónoma toda a parte mecânica, chassis, motor e suspensões. Eu tinha curiosidade em ver o resultado final.
E qual foi o resultado final?
Andava menos que o meu, não era nenhum Porsche! Não tinha grande estaleca.
Porquê LN ou LNA?
Ele de início chamou-lhe Alba LN, mas depois arrependeu-se e mudou para LNA. LNA era a soma de Luzes, Nardie Alba
A base era Fiat?
O chassis era de um Simca, é do que me lembro.
O motor também era Simca?
Acho que sim. Deveria ser igual ao que está instalado actualmente no OT (1089cc).
De que cor era?
Era amarelo, igual aos outros, e a carroçaria já saiu daqui pintada (com o tal amarelo das cadeiras do Cine Teatro Alba) e tinha o ganso pintado igual ao que está no OT.
Ele também corria com ele e fazia parte da equipa Alba?
Sim, corria. Fez a corrida no Porto (II Taça Cidade do Porto) e em Monsanto (Lisboa), sempre integrado na equipa.
Sempre inscrito como Constantino?
Sim. Corria com esse nome, e era um bom piloto.
Demos mais um abraço e ficou combinado mais um café no Verão, na Costa Nova.
Nesta investigação surgem amigos que nos vão presenteando com algumas surpresas sobre os Alba. Assim descobrimos que o FF-11-83, antes de ser Alba, foi um familiar Simca 8, pertencente à família Palha da Costa. O meu amigo Domingos Palha da Costa fez o favor de procurar e enviar uma foto de família da “primeira vida” desse carro, que o Dr. Francisco Luzes adquiriu e cuja estrutura, mais tarde, daria origem ao Alba LN.
Como cereja no topo do bolo, outro amigo, de seu nome Carlos Guerra (cuja cultura automobilística admiro e que julgo não ter rival), fez também o favor de procurar quiçá as últimas fotos conhecidas do FF-11-83.
Estava desmantelado, na posse de um particular para os lados de Sintra, com vestígios de ter sido, a dada altura da sua existência, pintado de vermelho. Fotos essas que aqui podemos ver e que foram tiradas no longínquo ano de 1989, com a sua máquina Rolleiflex 6×6, sem flash.
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