Arquivos • 17 Jun 2019

O primeiro Todo-o-Terreno português nasceria ainda na década de 70, em pleno período revolucionário, pelas mãos do empresário Hipólito Pires, que negociou com os romenos da Aro a aquisição de chassis rolantes, posteriormente montados e acabados em Portugal quer no que respeita aos conjuntos motor/transmissão quer no domínio das carroçarias, mais interessantes que as originais.
Este projecto revestiu-se de um grande desafio para os técnicos portugueses – tinham de conseguir uma grande robustez aliada à economia.
As primeiras unidades do Portaro foram vendidas no mercado nacional em 1976. Tratou-se de um veículo todo-o-terreno por excelência produzido a pensar nas necessidades dos anos 80. Estas primeiras versões tinham um carácter rústico mas com o evoluir dos anos, os Portaro ganharam carroçarias atraentes e confortáveis.
A construção da carroçaria em chapa de aço de elementos intermutáveis constituía um garante de robustez e de segurança. O chassis foi construído para resistir em condições extremas dificilmente percorridas pelo utilizador comum. Foi dado especial cuidado à pintura de forma a obter-se uma maior protecção anticorrosiva, totalmente comprovada nos climas mais severos onde o Portaro foi ensaiado pois, “as zonas gélidas ou o tórrido calor do deserto, são estas também as auto-estradas do Portaro”.
A utilização de motores provenientes dos melhores fabricantes do mundo, o diesel Daihatsu e o gasolina Volvo são por si próprios a garantia de fiabilidade, potência e economia.
Obtiveram o conforto que normalmente os carros deste tipo não possuem. Para isso, é inegável a contribuição dada pela suspensão independente das rodas da frente e os amortecedores de gás, particularmente estudados para o Portaro.
A nível desportivo destaca-se a sensacional vitória no Rally do Atlas (Paris-Agadir), em Junho de 1982, e décimo lugar da geral no Paris-Dakar de 1983. Estes resultados desportivos contribuíram não só para a imagem de robustez e durabilidade dos diferentes modelos como também para o sucesso nos mercados externos.
Também a vertente militar foi contemplada e apresentada na Exposição do Exército Português, que esteve patente na FIL em 1983. Esta versão denominada Portaro GVM foi integralmente concebida, desenvolvida e produzida por técnicos portugueses, de acordo com as normas da NATO.
Em 1990, a Portaro fechava as suas portas depois de ter vendido quase 7.000 veículos em território nacional e de ter exportado alguns milhares de unidades. A produção anual chegou a atingir volumes perto das 2.000 unidades, sendo que 50% se destinava à exportação.
Com as provas dadas, a Portaro incomodou a concorrência internacional que passou a ter de preocupar-se com a capacidade técnica portuguesa.
TAGS: Portaro
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Belo artigo novo mas resumido da marca nacional PORTARO. Falta adicionar que a marca portuguesa terminou a sua carreira sim mas foi em 1995. Antes disso os modelos de todoterreno Portaro dos anos 1990 eram de montagem portuguesa nas instalações da FMAT no Tramagal perto de Abrantes Obrigado.
Totalmente de acordo. Já é bom que seja falado, mas para a relevância que tiveram as duas provas, tanto a de Agadir (1.º lugar) como a de Dakar (10° lugar), penso que poucos portugueses terão a noção de que: 1. Alguma vez terá havido um veículo português (para além dos que eram anteriormente fabricados na fábrica do Tramagal, dos Duarte Ferreira), que tinha a marca Portaro (Portuguese Aro, este de origem romena). 2. Que esse Portaro em 1982 ganhou o Rally Paris/ Agadir, que em 1983 ficou em 10° lugar no Rally Paris / Dakar. 3. Que a Semal e… Read more »