Clássicos • 27 Out 2016
Renault Portugal apadrinha Renault 20HP (1912) do Museu do Caramulo
A Renault Portugal apadrinhou o Renault 20HP (1912) e Renault 5 GT Turbo (1985) do Museu do Caramulo.
Lançado em 2012, o Programa de Apadrinhamento do Museu do Caramulo visa criar uma associação mais directa entre as empresas ou particulares com os veículos da colecção permanente do museu, resultando em apoios orientados para a sua conservação e manutenção durante o período de um ano.
Sobre o Renault 20HP
Durante o reinado de D. Carlos I, João Franco foi o último Presidente do Conselho de Ministros, tendo cessado funções e optado pelo exílio em Biarritz após o regicídio, em 1908.
Enquanto esteve exilado, Franco comprou o Renault 20 HP que faz parte do acervo apresentado pelo Museu do Caramulo. A firma parisiense Laclaverie & Gaches foi encarregada da carroçaria estilo Limousine. Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, João Franco retornou a Portugal.
O automóvel foi conservado, num palacete da Rua Presidente de Arriaga, em Lisboa, pelos herdeiros de João Franco, tendo posteriormente sido oferecido a João de Lacerda, em 1956, pelo neto de João Franco, João Manuel Franco.
Mantendo o luxuoso interior na sua condição original, este Renault contabiliza apenas 44.000 km. A carroçaria foi totalmente recuperada, procedendo-se a uma reconstrução e pintura do exterior. Tem motor de quatro cilindros, divididos em dois blocos, com capacidade total de cinco litros. Desenvolvendo cerca de 20cv de potência e auxiliado pela sua caixa de quatro velocidades, o Renault é capaz de atingir a velocidade máxima de 90 km/h, embora pese duas toneladas.
O modelo faz parte de uma longa e bem-sucedida linhagem de automóveis produzidos pelos irmãos Louis, Marcel e Fernand Renault que, em 1900, já haviam vendido mais de 200 automóveis e, em 1903, cerca de 780. Este foi também o ano em que Marcel faleceu, quando participava na corrida de Paris a Madrid, ao volante de uma das suas criações.
O primeiro automóvel produzido em Billancourt pelos irmãos Renault foi o modelo 3HP, em 1901. Utilizando um motor De Dion refrigerado a água, o Renault 3HP inovava por ser um automóvel com motor dianteiro, transmitindo a potência às rodas traseiras através de um veio de cardan.
O 20HP surgiu em 1905, posicionado acima dos modelos 8HP e 12HP. Os Renault pré-1914 eram caracterizados pela sua robustez e fiabilidade.
Sobre o Renault 5 GT Turbo
Aquando do seu lançamento, o Renault 5 GT Turbo foi uma autêntica “lufada de ar fresco”.
Dotado de uma plataforma exemplarmente construída e sem dever nada ao Peugeot 205, o seu grande rival, o motor era o velho conhecido Cléon-Fonte lançado em 1962, aqui com alguns detalhes para o tornar mais actual, como uma capacidade de 1397cc e um turbo-compressor. A receita não tinha qualquer novidade: um motor potente montado numa estrutura leve e com bastante agilidade. Desenvolvia um total de 115cv de potência, com um binário de 165 Nm, o que aliados a somente 840 kg de peso total conseguia com que este modelo demorasse menos de oito segundos a chegar aos 100 km/h, algo reservado na época a automóveis com 200cv ou mais…
Com uma suspensão e um sistema de travagem bastante evoluídos, o GT Turbo permitia ritmos de andamento nunca vistos no segmento dos desportivos compactos. Era um daqueles casos em que, apesar das origens algo humildes, batia e envergonhava automóveis bastante mais caros e com outro pedigree.
Em 1987 foi lançado o GT Turbo Fase 2 com ligeiros melhoramentos mecânicos: um novo sistema de ignição e o turbo-compressor passou a ser refrigerado a água, colmatando assim o problema de refrigeração deste órgão. Esteticamente distinguia-se pelas jantes de liga leve, pára-choques e abas dos guarda-lamas de novo desenho. Estas mudanças permitiram uma ligeira melhoria aerodinâmica e a potência passou para 120cv. O modelo foi descontinuado em 1991, tendo sido substituído pelo Clio 16V.
Tendo em vista estas capacidades, o GT Turbo foi aproveitado para competição desde logo, tendo a Renault Portuguesa um programa de aquisição bastante vantajoso para quem o pretendia adquirir para correr.
O exemplar em exposição foi o primeiro GT Turbo a entrar em Portugal. Propriedade da equipa de competição da Renault Portuguesa, foi pilotado por Edgar Fortes que se sagrou campeão nacional de Grupo N, em 1985.
Depois da relativamente breve carreira em competição, ingressou numa vida civil vindo a ser comprado mais tarde, por Moisés Martins, um dos Chefes do Serviço de Competição da Renault Portuguesa, até ter sido adquirido pelo Museu do Caramulo onde foi recuperada a configuração original e a decoração de competição. O automóvel tem agora a decoração original com que correu na Rampa do Caramulo em 1985, prova que também venceu nesse ano.
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