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Morgan Runabout, o início de uma linhagem de automóveis únicos
Por Tiago Nova
A Morgan é uma marca que dispensa apresentações. Ao longo dos 110 anos de história, produziu automóveis únicos, que aliam o design do passado e construção manual das carroçarias com tecnologias e mecânicas modernas. A madeira sempre foi utilizada para a construção dos automóveis e ainda hoje é utilizada para a estrutura da carroçaria.
Fundada em 1910 por Henry Frederick Stanley Morgan, a Morgan Motor Company foi sempre propriedade da família até Março de 2019, no entanto, esta continua a ter uma participação na empresa. Tudo começou, quando em 1909 H.F.S. Morgan desenhou e construiu o seu próprio automóvel, com a produção a iniciar-se no ano seguinte. Inicialmente, os seus automóveis eram todos de três rodas, aparecendo o primeiro de quatro rodas em 1935. Os three wheelers saíram de produção só em 1952, voltando recentemente, em 2011, com o novo 3-Wheeler.
Esse primeiro automóvel, desenhado e produzido por H.F.S. Morgan e que depois entrou em produção, é o Morgan Runabout, um cyclecar, designação dada à época para veículos pequenos, de três rodas e, inicialmente, de um só lugar. Estava equipado com um motor Peugeot de dois cilindros e 7cv de potência, motor esse que era para ser utilizado num projecto de uma moto, mas nunca o chegou a ser. Um eixo levava a potência para uma caixa de duas velocidades, sem marcha atrás, que por sua vez ligava à roda traseira através de uma corrente. O chassis era backbone, algo que foi herdade por todos os three wheelers da marca. A suspensão frontal era independente na frente, com molas helicoidais, algo pouco visto na época, e suspensão swingarm na traseira.
Com a ajuda do pai e da mulher de H.F.S. Morgan, o Runabout foi posto em produção, apresentando três exemplares no Salão Automóvel de 1910, em Olympia, em Londres. Poucas unidades foram encomendadas e Morgan decidiu alterar o veículo para dois lugares, pois assim seria mais fácil a sua venda. E assim a produção iniciou-se, em 1911, agora com um capô, vidro para-brisas, um volante para a direcção e manivela para dar o arranque do motor, apresentado esta nova versão no Motor Cycle Show desse ano. Estes novos Runabout estavam equipados com motores V-Twin de 4 e 8cv do fabricante britânico JAP. Este automóvel despertou o interesse do director da Harrods, Mr. Burbridge e, como resultado, este automóvel apareceu na janela da famosa loja. A procura foi muito grande, fazendo com que a produção dos Morgan fosse somente do chassis e instalação da mecânica, com a carroçaria a ser elaborada pela Harrods. Mas, com um peso superior, isso afetava as prestações e Morgan deixou de vender os automóveis na Harrods.
Depois de várias provas ganhas por Morgan no seu Runabout, decidiu iniciar a comercialização da versão Grand Prix de 1913 a 1926, partindo do qual, nasceram os modelos Aero e Sports. Estes modelos utilizavam o motor na zona frontal do veículo, sempre de dois cilindros em V, ou V-Twin, e retirados de motociclos na grande maioria das vezes, com versões refrigeradas a ar ou a água.
Após a Primeira Guerra Mundial, Morgan alterou a forma como era montada a roda traseira, para ser mais fácil a sua substituição. Em 1917 apareceu também o Family Runabout, um modelo com mais dois lugares, criados especialmente para crianças, produzido após a construção de um Runabout de quatro lugares para uso do próprio H.F.S. Morgan. A partir dos anos 20, começou a aparecer novos modelos, como o Popular, que depois foi substituído pelo Standard Runabout, um modelo de entrada na gama, o DeLuxe, um modelo de luxo e os desportivos Aero e o Super Sports. Existiu ainda uma versão comercial do Runabout, que esteve em produção de 1928 a 1935.
Como curiosidade, o entusiasta Chris Booth construiu uma réplica fiel para ser apresentada no centenário da marca em 2009, no Salão de Genebra.