Clássicos • 25 Fev 2015
Clássicos • 12 Jul 2020
BMW 328 de 1937 roubado de colecção portuguesa
Um BMW 328, de 1937, foi roubado de uma colecção portuguesa em Ponte de Lima no passado dia 7 e Julho.
O raro modelo alemão, avaliado em cerca de um milhão de euros, tem a matrícula DH-10-34 e o número de chassis 85173.
Apesar de as autoridades, assim como o Departamento Histórico da BMW em Munich, já terem sido notificados do desaparecimento, os proprietários agradecem qualquer informação, que poderá ser enviada directamente para o Jornal dos Clássicos.
Sobre o BMW 328
A ascensão da BMW ao restrito clube de automóveis desportivos de excepção foi rutilante. Em 1928 iniciou a produção do Austin Seven – o Dixi – e em 1936 produziu um dos melhores desportivos de todos os tempos. Levou apenas oito anos a produzir uma obra-prima da técnica, que mudou o rumo da história.
Depois do Dixi, a BMW lançou, em 1933, o seu primeiro automóvel com motor de seis cilindros. Os modestos 1200cc do 303 não permitiam grandes veleidades desportivas. Mais importante foi a contratação de Fritz Fiedler, responsável técnico na Horch. Fiedler teve um papel fundamental, tendo-lhe sido confiada a evolução do motor de seis cilindros, que iria acompanhar até à Segunda Guerra Mundial. Os 315 e 319, de 1,5 litros, beneficiaram com a sua intervenção, mas o 328 foi o ponto alto dessa associação.
Apresentado em 1936, tinha um renovado motor de dois litros de capacidade. A cabeça em alumínio comportava câmaras de combustão hemisféricas, mas o comando das válvulas, por razões de produção e concepção do motor, continuava a ser efectuado mediante uma única árvore de cames lateral, apenas possível graças ao engenho de Fiedler. Existia um segundo jogo de balanceiros e touches, ligados ao comando das válvulas de admissão para dirigir as de escape. Complexo, mas eficaz. A cobertura deste sistema dá ao motor o aspecto de uma dupla árvore de cames à cabeça. Os carburadores, montados sobre o motor, conferem uma altura generosa ao conjunto, sem problemas para o espaçoso motor do 328.
A carroçaria, assente num chassis de longarinas longitudinais com secções tubulares, era moderna e bem proporcionada, com os faróis embutidos, característica que passou a ser obrigatória, dez anos depois. A suspensão dianteira independente, pouco comum na época, e o bem guiado eixo rígido, permitiam explorar com eficiência germânica os 80 CV do motor de série, para os menos de 800 quilogramas de peso. Com estas características, o BMW era o melhor desportivo da categoria até 2 litros, como ficou provado pelos seus inúmeros sucessos desportivos.
Depois de 1945, a fabricante britânica de aviões Bristol recebeu, a título de indemnização de guerra, a utilização da patente do motor de seis cilindros BMW. Até 1960, o que era um conceito de meados dos anos trinta, continuou a motorizar tanto a recém-inaugurada série dos Bristol de estrada – do modelo 400, de 1946, ao 406, de 1960 – como um vasto conjunto de automóveis desportivos e de competição. E um olhar atento para o Jaguar XK120, considerado um dos mais progressistas automóveis dos anos cinquenta em termos estéticos, revela com facilidade a influência que o BMW 328 teve nesse inovador conceito.