Competição • 14 Mai 2020
Ford Escort Broadspeed, um dos mais famosos Escort de competição
Por Tiago Nova
De 1970 até aos dias hoje muita coisa mudou, não só a nível social, mas muito mais a nível tecnológico, pois há 50 anos a tecnologia era praticamente inexistente, estando presente somente nos filmes de ficção científica. Mas, foi nesse ano que Hannu Mikkola e Gunnar Palm competiram no World Cup Rally London to Mexico City, sem telemóveis, nem GPS, algo impensável nos dias de hoje, mas ainda assim venceram.
Só para se ter uma ideia da grandiosidade do feito, o Rally tinha uma distância de quase 26.000 km, percorridos de 19 de Abril a 27 de Maio no Ford Escort MK1 presente neste artigo. A dupla arrancou de Londres, passando por França, Alemanha, Áustria, Hungria, Jugoslávia, Bulgária, voltando para trás por Itália, sul de França e Espanha. Chegados a Lisboa, os automóveis concorrentes eram levados de avião para o Rio de Janeiro, no Brasil e daí seguiam para o Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica para terminar na Cidade do México.
A inspiração para este longo rali veio do futebol, pois em 1966 a World Cup da FIFA foi em Londres e em 1970 seria na Cidade do México, e a organização pensou “porque não fazer um rali que una ambas as cidades?”. E assim foi.
O Escort utilizado por Hannu Mikkola tinha a carroçaria de um RS1600, mas estava equipado com um motor Kent crossflow, alargado para os 1.834 cc, desenvolvendo 140 cv. Ao todo foram preparados quatro Escort idênticos pela Ford Motorsport para competir no rali, com as matrículas FEV 1H até ao 4H. Os Escort estavam equipados com três depósitos de combustível, cada um com o seu bocal de enchimento, um em cada guarda lamas traseiro e outro junto ao pilar C.
Exteriormente as grandes diferenças para os Escort tradicionais era o “mata-vacas” na frente e os farolins que foram substituídos por uns separados para cada luz. A razão para tal, poderá dever-se ao menor espaço necessário para transportar as peças. Como curiosidade, era nos próprios Escort que levavam peças suplentes, pois os parques de assistência ficavam muito distantes. Nas últimas etapas, Timo Makinen ficou encarregue de tentar manter-se o mais perto possível de Mikkola, para assim levar peças necessárias e até um aparelho de soldar portátil.
Passados 25 anos, ou seja, em 1995, Hannu Mikkola, Gunnar Palm e um Escort MK1 voltaram a participar no rali, de modo a celebrar a vitória passada. Mas agora, com mais e melhor conhecimento, o automóvel utilizado era ligeiramente diferente. A começar pela própria matrícula, igual à de 1970, mas de forma inversa, H1 FEV. Tudo porque a letra H é a letra de registo do ano de 1995 e o Escort foi registado como um automóvel novo, produzido 20 anos após a produção ter terminado.
Mecanicamente utiliza um motor BDA de 1.800 cc com 200 cv de potência. Acoplado ao motor está uma caixa ZF de cinco relações curtas. A rollcage também foi bastante alterada, visto que a segurança é algo que nos recentes anos tem vindo a ser evoluída, assim como a utilização de cintos de vários pontos. Os depósitos de combustível utilizados no Escort original, que no total poderiam levar 136 litros de gasolina, foram substituídos por um de 120 litros. Para o Hannu foi instalada uma backet de competição, já para o seu navegador, foi instalado um banco desportivo Recaro. Após os 25 anos da primeira prova, o resultado foi o mesmo, e a dupla voltou a vencer.
Ambos os Escort MK1 existem na actualidade e são preservados pela própria Ford, na Heritage Collection, no Reino Unido. Outra curiosidade, foi do resultado do rali de 1970 que nasceu a versão Escort Mexico, como forma de comemoração da vitória.
Fotografias: Bryn Musselwhite
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