Competição • 07 Ago 2016

Após a Matra se recusar a fornecer os chassis à Tyrrell, como aconteceu nas temporadas de 1968 e 1969, querendo que se utilizasse todo o conjunto chassis/motor do construtor francês. Mas, Ken Tyrrell sabia que o motor Ford-Cosworth DFV era muito melhor que o motor Matra V12, decidindo construir o seu próprio automóvel de competição para a equipa Elf Team Tyrrell.
Em completo segredo, Derek Gardner, que já tinha trabalhado na Matra e Ferguson, desenhou um chassis monocoque em alumínio, completamente novo para ser utilizado por Jackie Stewart. A maqueta foi construída na própria casa de Gardner, enquanto o chassis foi construído na empresa de Mo Gomm. Enquanto o novo automóvel não estava pronto, Stewart utilizou um March 701 no início da temporada de 1970.
A meio da temporada, foi então apresentado o novo Tyrrell 001, na Regent Street, em Londres, a 17 de Agosto de 1970, sendo utilizado pela primeira vez numa corrida extra-campeonato, a Oulton Park Gold Cup, nascendo assim um novo construtor de Fórmula 1. O projecto com o nome SP, de Special Project, custou 22.000 libras do próprio bolso de Tyrrell.
No geral o Tyrrell 001 é muito idêntico ao Matra MS80 do ano anterior, mas com uma característica diferente, a sua asa dianteira em forma de martelo, que cobria a entrada do radiador.
A estreia na Fórmula 1 aconteceu no Grande Prémio de Itália, mas devido a problemas técnicos, Stewart teve de utilizar o March para a qualificação e corrida. Nas restantes três corridas do campeonato, foi então utilizado o Tyrrell 001, fazendo Stewart começar as corridas sempre na primeira linha. Apesar do potencial estar lá, o Tyrrell desistiu nas três corridas, devido a ser um projecto muito jovem.
O motor Ford-Cosworth DFV é um dos motores de maior sucesso da Fórmula 1, sendo um V8 de 90 graus, construído integralmente em alumínio com um peso de 168kg. Tem uma cilindrada de 2.993 cc, uma taxa de compressão de 11.5:1, quatro válvulas por cilindros, perfazendo 32 válvulas no total, com duas árvores de cames em cada cabeça accionadas por rodas dentadas. O sistema de injecção de combustível é da Lucas e utiliza lubrificação por cárter seco. Debita um total de 430 cv às 10.000 rpm, com um regime máximo de 10.200 rpm. O motor faz parte integrante do chassis.
Acoplado ao motor está uma caixa Hewland FG400 de cinco velocidades manuais. A suspensão utiliza triângulos sobrepostos e barra estabilizadora nos dois eixos. A travagem está a cargo de discos ventilados à frente e atrás. No total o Tyrrell 001 pesa 540 kg.
Somente um chassis foi construído e após a temporada de 1970, a equipa Tyrrell já estava a todo o vapor para desenvolver os sucessores do 001, que seriam o 002, para François Cevert, e o 003 para Jackie Stewart. No entanto, Stewart continuou a utilizar o 001 em algumas corridas até se tornar o seu automóvel de testes e de reserva. A única corrida que o 001 chegou ao fim foi no Grande Prémio da África do Sul de 1971, onde terminou na segunda posição. A última vez que foi utilizado foi quando a Tyrrell decidiu inscrever um terceiro piloto, o Peter Revson, para o Grande Prémio dos EUA em 1971. A única diferença da temporada de 1970 e de 1971 foi a mudança de fornecedor de pneus, passando dos Dunlop para os Goodyear.
Ficou na equipa Tyrrell até 1998, quando esta foi vendida à BAR e todos os automóveis da colecção foram leiloados. Está hoje na colecção particular da família Tyrrell, após os esforços de dois netos para ficarem com o 001 e vários outros automóveis desenvolvidos pela equipa do avô.