Clássicos • 23 Mai 2021
Corria o ano de 1899, em Nova Iorque nascia um bebé que mais tarde seria conhecido como Al Capone, em Espanha era fundado o Futebol Clube Barcelona e em Itália, mais precisamente em Turim, um grupo de investidores abastados fundava a Fábrica Italiana de Automóveis de Turim, a FIAT.
Entre esses investidores estava um homem chamado Giovanni Agnelli, um antigo comandante do exército, que acabaria por se tornar presidente da Fiat, e que, levaria a marca a ser um dos pesos pesados da Indústria automóvel e não só!
Falar da Fiat sem falar da família Agnelli é impossível pois os seus caminhos estão interligados.
Os momentos marcantes
1899-1914 – Tal como todas as marcas, a Fiat viveu bons e maus momentos ao longo da sua história. Tendo começado em produção numa época de forte industrialização, os primeiros anos foram de ouro para a marca tendo passado de 150 para 4000 trabalhadores em apenas 15 anos.
1916 – Com a entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial, a Fiat passa a produzir não só automóveis como comboios e também armamento militar. Neste ano, reforçada pelos contratos com o governo italiano, a Fiat avança para a construção da nova fábrica nos arredores de Turim que continha a famosa pista de testes oval no terraço.
Anos 30 – Com o início da década de 30 e com a ajuda de Henry Ford que disponibilizou a tecnologia da fábrica da Ford, Agnelli introduziu a produção em massa nas linhas de montagem da Fiat aumentando assim os lucros. Esta década trouxe também a introdução do primeiro Fiat 500 (Topolino) que seria um êxito de vendas.
Décadas de 40 e 50 – A 16 de Dezembro de 1945 e após ter apoiado activamente o governo de Mussolini na Segunda Guerra Mundial, Giovanni Agnelli morre de desgosto por ter sido obrigado a deixar a empresa que fundou. No final dos anos 40 e início dos anos 50 a Fiat representava cerca de 90% das vendas em Itália e aproveitava o “boom” do pós-guerra. Em 1957 seria lançado o maior ícone da marca, a segunda geração do Fiat 500.
Anos 60 – Em 1966 é lançado o Fiat Dino Spider, equipado po um motor V6 com cerca de 158 cv produzido pela Ferrari. Também em 1966, Gianni Agnelli, neto do fundador, toma posse como presidente da marca após a retirada de cena de Vitório Valleta que liderava os destinos da marca desde a morte do seu fundador em 1945. Em 1967 a Fiat adquire a Autobianchi, a Lancia e parte da Ferrari em 1969.
Década de 70 – O ressurgimento do Partido Comunista em Itália, faria com que a produção da Fiat fosse afectada com sucessivas greves. Os anos 70 ficaram ainda marcados pela crise dos combustíveis que fez com que a Fiat passasse por muita dificuldades financeiras tendo mesmo aceite vender 10% das suas acções a Muammar Ghaddafi, ditador líbio, o que acabou por gerar muita contestação mas ajudou a salvar a marca.
Anos 80 – Em 1980 lançada a primeira versão do Fiat Panda. Pesando cerca de 680 kg e com um motor de 900 cc e 44 cv, o Panda ainda hoje é um automóvel de culto, ágil e muito divertido. Após muitos tumultos internos que afectaram a produção desde greves intermináveis a actos terroristas como raptos até assassinatos de alguns executivos da empresa. A segunda metade da década de 80 trouxe prosperidade à Fiat, que em 1987 assume o controlo da Alfa Romeo, adquirindo-a ao Governo Italiano.
Anos 90 e 2000 – Com a introdução do livre trânsito de bens e mercadorias na UE no início dos anos 90, a Fiat voltaria a cair numa crise de vendas e com uma certa dificuldade em se adaptar às novas exigências do mercado, a marca parecia condenada a falência. Em 1998 é lançado o que, por muitos, é considerado o automóvel mais feio de sempre, o Fiat Múltipla. Com um design diferente com vários patamares e farolins perto do pára-brisas frontal é sem duvida um automóvel reconhecido por todos (gostem ou não). Uma coisa é certa, a história está repleta de automóveis “feios” que, pela sua raridade se tornam apetecíveis e valiosos, resta saber se a história irá fazer do Múltipla um desses.
A 24 de Janeiro de 2003, Gianni Agnelli morre vítima de cancro da próstata. No ano seguinte, já ao comando de John Elkann, neto de Agnelli, e Sérgio Marchionne – contratado para ajudar a marca a renascer -, é lançado o Fiat Grand Punto e dá-se a “reviravolta” e a marca volta a ter lucros e a “estar na moda”.
Em Outubro de 2014 a Fiat e a Chrysler juntam-se e formam o grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) posicionando-se assim como uma das grandes super-potências, contando com mais de 100 fábricas em todo o mundo, 200 mil funcionários e 10 marcas ( Chrysler, Jeep, Ram, SRT, Dodge, Alfa-Romeo, Maserati, Lancia, Abarth e Fiat detendo ainda uma percentagem da Ferrari que não consta desta aliança).
A nós, resta-nos esperar para ver que inovações e que regressos a Fiat tem para nos dar. No mínimo, mais 120 anos de história!