Quanto tempo vai durar a moda do SUV?

Modernos 01 Jun 2019

Quanto tempo vai durar a moda do SUV?

Por Irineu Guarnier

Contra todos os prognósticos da indústria automobilística mundial, vou arriscar aqui uma profecia: a moda dos Veículos Utilitários Esportivos (SUVs) não dura mais uma década. Vai acabar antes do que se imagina – por absoluta saturação do mercado.
 
Com a produção cada vez menor de coupés, peruas, hatches médios e sedans (berlinas), e a substituição desses modelos por uma frota cada vez maior de SUVs, chegará o momento em que veremos apenas os últimos nas ruas. Todos muito semelhantes. Uma padronização tão grande que os consumidores menos suscetíveis ao “instinto de manada” começarão a procurar por outros formatos de veículos, em busca de alguma exclusividade. Afinal, quem compra um SUV para ser “diferente”, “esportivo” ou “jovem”, logo estará guiando um carro igualzinho ao de todos os seus conhecidos – ou ao do seu avô.
 
Claro que, hoje, a tendência de crescimento das vendas de SUVs parece irreversível. Tradicionais marcas de carros esportivos como Porsche, Lamborghini, Alfa Romeo, Maserati e Ferrari (que ainda resiste a lançar o seu utilitário, mas não por muito tempo) já se renderam a esse mercado. Até fabricantes de automóveis conservadores de alto luxo, como Rolls Royce e Bentley, estão aderindo à moda dos grandalhões. Nenhuma indústria importante arriscaria ignorar um público tão ávido por esse produto, embora os engenheiros das fábricas saibam que esses carros não são os melhores que eles podem fazer.
 
SUVs são grandes, pesados, instáveis (por causa do alto centro de gravidade, exigem muita eletrônica para garantir estabilidade nas curvas), beberrões, tem péssima aerodinâmica, manutenção caríssima e são pouco práticos no trânsito urbano. Do ponte de vista ambiental, são um contrassenso. Ainda contrariam a tendência mundial de transferência de populações do campo para as cidades, já que são construídos, também, para uso off road. Afinal, quem precisa de tração 4X4 e rodas de 20 polegadas para ir ao shopping? E mais: é certo que os SUVs elétricos, em razão do alto peso, exigirão baterias enormes para assegurar uma autonomia comparável a dos atuais hatches e sedans plug-in.
 
Então, se uma hora os consumidores se cansarão dos camionetões, o que virá depois da “Era SUV”? Por enquanto, nenhuma montadora parece seriamente preocupada com essa questão.


Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel. Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Actualmente colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho Magazine. Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.


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Irineu, Irineu você não sabe nem eu

Roberto Vianna
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De pleno acordo. Me parece que o mundo caminha na direção apontada pelo amigo Irineu.

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