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Eventos • 24 Abr 2019
ACP inaugurou exposição dedicada às 100 edições do Mapa das Estradas ACP
O Automóvel Club de Portugal inaugurou ontem uma exposição sobre as 100 edições do Mapa das Estradas ACP, na qual se encontra exposto o mapa onde foram traçados os caminhos da Revolução dos Cravos.
O mapa de 1973, pertencia ao então Capitão Otelo Saraiva de Carvalho, comandante das operações do MFA, e foi usado para planear as deslocações dos militares revoltosos de todo o País até Lisboa.
“O Mapa das Estradas do ACP era meu, porque sou sócio do clube desde 1958 e como o recebia todos os anos, levei-o juntamente com outros documentos para o Posto de Comando da Pontinha, no dia 24 de Abril de 1974. Escolhi o mapa do ACP por ser fiável, por ter uma dimensão que facilitava a consulta e porque rapidamente ficava a saber as quilometragens percorridas e os tempos que demoravam as colunas militares. Assim, acompanhava melhor as deslocações, que ia assinalando com alfinetes para controlar o cumprimento dos objectivos”, recorda o ex-militar.
Anos mais tarde, Otelo Saraiva de Carvalho doou o mapa ao Centro 25 de Abril, da Universidade de Coimbra, onde ainda se encontra.
Pelos caminhos de Portugal desde 1913
A primeira publicação do Mapa das Estradas ACP aconteceu em 1913 e foi distribuída gratuitamente aos 170 sócios de então. A segunda edição só foi publicada em 1929, sem que se conheça uma explicação para esse longo intervalo.
Desde aí, o Mapa das Estradas ACP tem acompanhado de forma rigorosa a evolução da rede rodoviária nacional que, em 1933, contava com cerca de 17 mil quilómetros. Mais de um século com muitas estórias de Portugal a cruzar a vida deste documento, pioneiro no retrato do estado das vias logo desde as primeiras décadas do século XX.
A década de 30 é fértil no desenvolvimento das estradas e em acções relacionadas com os agentes da autoridade e os automobilistas. Caso do “Natal do Sinaleiro”, iniciativa do ACP em que os automobilistas agradeciam o trabalho levado a cabo por estes agentes, oferecendo-lhes comidas e bebidas, roupa, tabaco e até dinheiro.
Também em 1937, o ACP lançou o “Prémio dos Cantoneiros” para encorajar o trabalho dos profissionais que melhor desempenhassem a função nos seus distritos. O prémio foi atribuído anualmente até 1979.
A relevância do Mapa das Estradas ACP foi tal que, por exemplo, pela década de 1950, era considerada a carta mais fiável pela Administração Pública, que a usava como referência para contar os quilómetros percorridos pelos funcionários do Estado.
Em 1965, realiza-se o 1º Congresso Nacional de Trânsito, iniciativa do Automóvel Club de Portugal que contou com 221 congressistas e 33 conclusões, além de rectificações importantes ao Código da Estrada. A importância deste fórum foi de tal ordem que os CTT lançaram uma edição de selos comemorativa.
Até à década de 1970, o Automóvel Club de Portugal editava o mapa em duas versões – uma exclusivamente para sócios, e outra legendada em inglês e francês, que era distribuída aos turistas pela Direcção-Geral de Turismo.
Nas décadas de 1980 e 1990, com o rápido desenvolvimento da rede de autoestradas, IP’s e IC’s, o mapa ganhou ainda mais importância de ano para ano, o que fez dele presença obrigatória no porta-luvas de qualquer viatura.
A partir de 2002, completada a rede de autoestradas que liga o País de norte a sul, o Mapa das Estradas ACP continua a ser distribuído gratuitamente aos sócios.
A exposição “Pelos caminhos de Portugal – 100 edições do Mapa das Estradas ACP” estará patente até 28 de Junho na sede do ACP, em Lisboa.