Mercado • 06 Fev 2019

Alfa Romeo 8C 2900 B de 1939 pode chegar aos 22 milhões de euros em leilão

O Alfa Romeo 8C foi lançado em 1931 e, na altura do lançamento, era o automóvel de produção mais rápido do mundo. O nome provém do motor de oito cilindros, desenhado por Vittorio Jano e, consiste, numa gama completa de automóveis de estrada e de competição. Inicialmente, a ideia era derrotar as “Flechas de Prata” da Mercedes-Benz e da Auto Union e, por isso, a Alfa Romeo necessitava de renovar os seus modelos de competição, como os 8C 2300 e os Tipo B. Em vez de começar do zero, a Alfa Romeo recorreu aos serviços de Ferdinand Porsche, que já trabalhava nos Auto Union, começando o desenvolvimento do 6C 2300 B e do 8C 2900, ambos com suspensão independente nas quatro rodas.

Em 1935 foi lançado o 8C 2900 A, apresentado no Salão de Paris, com a suspensão frontal do 6C 2300, de triângulos sobrepostos e na traseira uma suspensão totalmente diferente, com uma mola de lâmina transversal apoiada no meio e braços longitudinais, pois a caixa de quatro velocidades estava junto ao eixo traseiro e assim prevenia movimentos inoportunos e diminuiu o comprimento da mola. Além disso, tinha dois amortecedores, de cada lado, um deles hidráulico e o outro de fricção, ajustável através de um cabo nos primeiros automóveis e posteriormente passou a ser hidraulicamente. O motor de oito cilindros, com 2.9L e dupla árvore de cames à cabeça foi desenvolvido tendo por base o do Alfa Romeo Tipo B, com cabeça fixa no bloco, dois compressores, dois carburadores Weber e ignição por magneto, debitava 220 cv às 5300 rpm, apresentando uma taxa de compressão de 6.5:1.

Em 1937 inicia-se a produção do 8C 2900 B, com o maior fiabilidade e conforto. Por isso o motor recebeu uma redução de potência, para os 180 cv às 5200 rpm, devido à taxa de compressão de 5.75:1, e passou a contar com várias peças em alumínio, ao invés de titânio. A distância entre eixos era ligeiramente mais longa, em comparação ao do 8C 2900 A, na carroçaria corto. A Carrozzeria Touring apresenta dois desenhos de carroçaria para o 8C 2900 B, um coupé com base num chassis longo e um descapotável com base num chassis curto.

O departamento de competição da Alfa Romeo moveu-se da Scuderia Ferrari para a Alfa Corse e a Carrozzeria Touring constrói cinco modelos descapotáveis para competição. Durante os primeiros anos da Guerra, mais dois automóveis foram terminados, uma berlina para o Rei da Roménia e outro, com uma carroçaria mais esguia, conhecido por streamline, para testes na Alfa Romeo. Após a construção do primeiro 8C 2900 B Berlinetta, a Carrozzeria Touring constrói mais quatro. Os números de chassis são: 412020, 412024, 412029, 412035 e 412036. Nenhuns destes cinco exemplares são iguais, apresentando algumas diferenças nas grelhas e pára-brisas, entre outros. Todos chegaram aos nossos dias, um deles está no museu da Alfa Romeo e os restantes, além do que será descrito abaixo, figuram em colecções privadas nos EUA.

O chassis 412024, que agora procura um novo dono, foi o segundo Berlinetta a ser construído pela Carrozzeria Touring. Foi exportado para Inglaterra, em Fevereiro de 1939, onde recebeu a matricula FLR 108, de 16 de Março de 1939. Chegou pintado de azul e foi imediatamente posto à venda por Jack Bartlett, um vendedor da Alfa Romeo, em Abril de 1939, com cerca de 8000 quilómetros. Não se sabe se ficou na posse dele ou se foi vendido durante a Guerra, certo é que a 10 de Junho de 1947, o automóvel foi registado em nome de Jack, mas só teve autorização para circular em estrada a 3 de Junho de 1948. Nesta altura o automóvel é pintado de cinzento.

Entre 1948 e 1976, até chegar a Jan Martens, actual proprietário, mudou várias vezes de mãos. Sob a propriedade de Martens teve várias intervenções, como uma reconstrução de motor feita por Tony Merrick, mas nunca foi alvo de restauro profundo. Desde 1976, percorreu apenas 12500 quilómetros, tendo feito alguns ralis e track days na pista de Zandvoort.

Este exemplar irá ser leiloado pela Artcurial, esta sexta-feira, 8 de Fevereiro, durante o Salão Retromobile. A leiloeira estima que o valor da venda se fixe entre os 16 e os 22 milhões de euros.