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Porsche Carrera 6 de 1966 junta-se à exposição Porsche no Museu do Caramulo
O Porsche Carrera 6 ou Porsche 906 foi desenhado sob a alçada de Ferdinand Piech (que se havia juntado à marca alemã em 1963) para ser o sucessor do Porsche 904 (de 1964). Anunciado em Janeiro de 1966, o Carrera 6 pode ser visto como uma resposta da Porsche ao êxito que desfrutava na altura o Ferrari Dino. E foi uma resposta plena de pujança, na medida em que, logo na sua estreia nas 24 Horas de Daytona de 1966, o Porsche foi sexto da geral, vencendo a sua classe e ficando à frente dos Ferrari, ainda que atrás do Ford GT40.
Em Le Mans de 1966 (34ª edição da mítica prova de resistência no circuito de La Sarthe), o 906 (com um seis cilindros em linha 2.0) terminou com um quarto, quinto, sexto e sétimo lugares, atrás de três Ford GT40 (com um 7.0L V8), mas à frente dos protótipos de Maranello (o melhor dos quais num oitavo posto). Sebring, Monza e Targa Florio foram outras competições onde o modelo brilhou.
O 906 foi o primeiro protótipo de corridas da Porsche a usar uma estrutura tubular de aço com carroçaria de fibra de vidro (o seu antecessor, o Porsche 904, fazia uso de um chassis em longarinas de aço e carroçaria em fibra de vidro). Resultado: um veículo de 580 kg, 113 kg mais leve do que o 904 de seis cilindros. Aliado ao baixo peso, juntava-se uma excelente aerodinâmica (o nariz bastante baixo ajudava a isso), variáveis que, conjugadas, garantiam uma velocidade máxima de 280 km/h (medidos no fim da recta Hunaudières do circuito de La Sarthe).
Este foi igualmente o primeiro Porsche de corrida a ter a sua carroçaria projectada após estudos aerodinâmicos feitos num túnel de vento. Este desportivo apresentava na dianteira uma grande entrada de ar para o radiador de óleo e as demais entradas de ar encontravam-se divididas, posicionando-se à frente das rodas traseiras para arrefecer os travões.
Deste 906, cujas portas eram do tipo “asa de gaivota”, foram feitas 65 unidades, mais do que as 50 necessárias para cumprir as exigidas pelas normas de homologação para que o veículo pudesse competir no Grupo 4 da FIA (o 906 também competiu com algumas alterações no Grupo 6 dos Sports Prototype). Cada veículo teve a particularidade de ter sido testado no circuito de Hockenheim antes de ser entregue ao seu cliente. O motor boxer de seis cilindros ficava sob uma redoma de acrílico transparente amarelada, encontrando-se invertido em relação ao do 911 de estrada e colocado à frente do eixo traseiro para uma melhor distribuição de massas, debitando 210 cv às 8.000 rpm.
Dispunha de carburadores, não obstante ter havido nove protótipos que receberam um sistema de injecção de combustível. Também quatro exemplares do 906 tinham um motor de oito cilindros. Outra curiosidade: o veículo foi projectado para calçar pneus de 13 polegadas de Fórmula 1 (montados da mesma forma que um automóvel de estrada, com cinco porcas). No entanto, chegou também a incorporar pneumáticos de 15 polegadas, o que obrigou, nessa altura, a que os engenheiros redesenhassem os pára-lamas para os encaixar. O 906 funcionou como uma espécie de molde para modelos de corrida da Porsche subsequentes, como o 907 e o 910, este último já com injecção em vez de carburadores e
com 10 cv a mais.
O exemplar representado na galeria em baixo apresenta as cores e decoração do histórico Porsche 906 com que Américo Nunes correu no circuito de Vila Real, e para o qual foi a rodar pela estrada, em 1972, mesmo ano em que foi campeão nacional de velocidade.
Este e outros modelos icónicos da Porsche podem agora ser vistos na exposição temporária “Porsche: 70 anos de evolução”, patente no Museu do Caramulo.
Veja a galeria em baixo com algumas das melhores imagens do Porsche Carrera 6.
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