Goodwood Revival: Reviver o passado pensando o futuro

Eventos 01 Out 2018

Goodwood Revival: Reviver o passado pensando o futuro

Por Pedro Torres

Manhã de 7 de Setembro de 2018. Os campos em redor da cidade de Chichester acordam inundados por uma magia difícil de descrever e pela qual nos deixamos invadir. A serenidade rural é trocada pelas vibrações apaixonantes dos motores dos automóveis clássicos que começam a chegar, qual cena tirada de uma película cinematográfica vintage, desde numerosos Land Rover Série I e Jaguar E-Type até outras raridades, como o imponente Bentley 4 1/2 Litre. Tudo isto deixa já antever a magnificência do evento, mas nada prepararia para a realidade quase paralela nem para a quantidade de informação a que seríamos submetidos após a entrada no recinto.

 

Após um café quente para enfrentar o frio matinal do countryside inglês, o primeiro vislumbre são os automóveis do milionário Kinrara Trophy, acabados de entrar em pista para o aquecimento, e que “voam” através da curva Woodcote, como que a indicar a direcção a seguir para a Revival High Street, um dos locais que faz ver que o Revival de Goodwood não se trata apenas de válvulas e cilindros, mas sim de todo um espírito e forma de estar. Nenhum pormenor é deixado ao acaso pela organização, levando-nos quase a duvidar se não teremos mesmo viajado no tempo. Veículos de transporte de mercadoria, da polícia, e até uma locomotiva a vapor decoram a rua, e um painel luminoso ao bom estilo americano encaminha-nos para a Gasoline Alley, onde reinam as tradições do Novo Continente, como as roulottes de hambúrgueres e cachorros-quentes e os extravagantes motores sobrealimentados. Figurantes vestidos de forma irrepreensível e com uma atitude fantástica dão (ainda mais) vida a tudo isto.

 

Por entre música Blues, vestuário colorido e um público contagiosamente animado, é altura de atravessar o túnel e entrar no coração da festa – a zona dos paddocks. Aí, à excepção do paddock principal (de entrada restrita, embora sendo muito fácil admirar as máquinas que aí se encontram), é possível estudar cada automóvel ao detalhe, não havendo qualquer barreira que o impeça, o que eleva imenso o nível da experiência para o visitante. Desde os Jaguar D-Type da histórica equipa escocesa Ecurie Ecosse a uma variada frota de Ford GT40, incluindo um Prototype e um Roadster pilotado por portugueses, entre os quais o enigmático “Portuguese Stig”, não esquecendo os icónicos motociclos, tudo se encontra meticulosamente alinhado e, chegada a altura de entrar em pista, os rugidos furiosos dos motores sedentos de velocidade e asfalto, perfumando o ar, despertam em nós um misto de emoções que invoca uma certa saudade daquela era de ouro dos desportos motorizados.

 

 

Caminhando em redor do paddock principal, é possível chegar à conclusão do porquê deste não ser acessível ao público geral. É um autêntico relicário. Em jeito de recepção aos privilegiados que lá dão entrada, uma scuderia, no verdadeiro sentido da palavra, alberga um Ferrari 250 GTO imaculado, de um vermelho penetrante, e um esquadrão de Ferrari 250 GT SWB, entre os quais a única e elegante “Breadvan”, que viria a vencer o Kinrara Trophy com Emanuele Pirro e Niklas Halusa ao volante, após uma longa e dura luta com o E-Type de Jon Minshaw e Phil Keen. Numa zona mais central, os míticos Alfa Romeo P3 Tipo B, com o logótipo da Scuderia Ferrari, que competiriam no Goodwood Trophy, no Sábado, os Maserati 250F e os antigos Fórmula 1 do Glover Trophy, que viria a marcar o dia de Domingo com um verdadeiro duelo à moda antiga e que merece ser visto, entre Andy Middlehurst ao volante de um Lotus-Climax 25 e Joe Colasacco ao volante do Ferrari 1512, e no qual o V12 italiano acabaria por levar a melhor.

 

Independentemente da corrida que esteja a decorrer, é inequívoco o alvoroço em seu redor, desde a ocupação das bancadas até à procura pela melhor perspectiva junto à cerca lateral da pista, assim como o entusiasmo de cada vez que os automóveis se alinham na grelha de partida. No entanto, nenhuma outra tem tanto impacto como “a corrida mais pequena do mundo” – a Settrington Cup. Rapazes e raparigas até aos onze anos competem avidamente pelo primeiro lugar ao volante dos Austin J40 ou equivalente, a pedais e de tamanho a condizer. Mesmo antes de darem entrada na Assembly Area, aguardando junto de pais e amigos, são já o centro das atenções, de sorriso na cara que não deixa esconder a paixão que vão desde cedo nutrindo pelas quatro rodas, e que nos faz ter esperança no futuro das corridas de clássicos. É aqui que o Revival de Goodwood nos toca. Mesmo celebrando o seu vigésimo aniversário e possuindo inúmeras memórias, diz-nos que a festa continuará por mais vinte anos, convidando-nos a voltar e aí termos a oportunidade de ver aqueles outrora pequenos pilotos levar à vitória as máquinas de sempre, enquanto vamos passando o testemunho a filhos e netos. É o ciclo da vida. É Goodwood.

 

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