Eventos • 22 Set 2018

Cápsulas do Tempo: O outro lado do Caramulo Motorfestival

Passadas duas semanas sobre aquele que é “o evento” mais importante e ecléctico do panorama automobilístico nacional, cumpre-me reflectir sobre o privilégio de ter integrado o elenco que proporcionou este espectáculo aos cerca de 35 mil aficionados que se deslocaram ao Caramulo nos dias 07, 08 e 09 de Setembro para festejar a 13.ª edição do Caramulo Motorfestival.

Lançado que foi o repto a voluntários no auxílio à execução das inúmeras tarefas necessárias a uma empreitada desta natureza, pensei para mim, “e porque não?”. Aproveitando uma pausa no mundo corporativo, que me tem absorvido nos últimos anos, e dando seguimento a este singelo contributo que tenho vindo a prestar ao Jornal dos Clássicos, em boa hora me decidi a arregaçar as mangas e de coração aberto me entreguei ao Caramulo e à aventura de me fazer sentir útil àquele grupo de pessoas que todos os anos, nos proporciona um fim-de-semana repleto de emoções – em boa hora o fiz!

Tal como discorri no primeiro artigo que escrevi para o Jornal dos Clássicos, e que aqui poderão revisitar – Cápsulas do Tempo: Do analógico ao digital – neste mundo cada vez mais digital onde tudo se passa atrás de um ecrã táctil, tive novamente a oportunidade de realizar tarefas e estar rodeado de pessoas, ao ar livre, acometidas a um único propósito – fazer desta a melhor, a mais completa e a mais inclusiva edição do Caramulo Motorfestival.

Foi com enorme alegria que vi desfilar pelo recinto famílias inteiras, muitas das vezes com bebés nos seus carrinhos, e acompanhadas pelos respectivos animais de estimação, de sorriso estampado no rosto. Maior alegria senti, quando muitos dos petizes identificavam, correctamente, os modelos que viam arrancar rampa acima, modelos esses produzidos muito antes do nascimento dos seus progenitores. Todo este cenário é a face visível, a ponta do icebergue, o resultado final de um certame feito por pessoas, para pessoas…

Tal como referia o Salvador Patrício Gouveia, aquando da entrega dos prémios, e sob o olhar atento do seu filho mais novo, “este será o futuro do Caramulo e o futuro do Caramulo Motorfestival”. Foi reconfortante perceber que o mundo automóvel, e eventos desta natureza, continuam a ser eventos agregadores, em que diferentes gerações vibram com um gosto em comum, o automóvel, e cujo futuro estará, desde já assegurado.

Tendo tido o privilégio de integrar os bastidores deste espectáculo, e ao fim de uma semana em que realizei as mais distintas tarefas que me foram sendo entregues, gostaria de realçar o lado humano do Motorfestival; tal como eu, outros voluntários, na sua grande maioria mais jovens, “deram o corpo ao manifesto”, e ajudaram a tornar este evento uma realidade. Descobri um lado humano, quase que “familiar”, no grupo de jovens e menos jovens que me acolheram e me fizeram sentir parte daquele grupo. As tarefas eram muitas, as solicitações mais ainda, e a todas, quase sempre, todos responderam afirmativamente e cheios de vontade em ajudar.

Não poderei isoladamente agradecer a cada uma das pessoas com quem me cruzei e com quem diariamente trabalhei, posso no entanto, deixar nestas linhas um agradecimento geral a todo o “Grupo do Caramulo”, que vive aquela Serra, aquela região, e aquele Museu há muitas décadas, e que, de uma maneira ou outra – muitas vezes sem o perceberem – prestam um serviço público inestimável aos Portugueses e a Portugal. Este grupo de pessoas que ajuda a que, no interior do País, continue a existir um Museu do Caramulo e actividades associadas desta natureza, merece o reconhecimento de todos, e o mínimo que lhes posso endereçar é, um sincero obrigado! A Cultura agradece.

As fotos que ilustram esta edição do “Cápsulas do Tempo” foram tiradas de forma amadora com o meu telefone pessoal, ao longo da semana que antecedeu o Motorfestival, de forma alguma fazem jus ao esforço físico, ao companheirismo, à solidariedade que se fez sentir ao longo de toda a semana e são apenas registos de momentos que certamente não esquecerei. Para quem, como eu, é um amante do automóvel, poder estar rodeado de pessoas que vivem o fenómeno de forma igualmente intensa, foi um exercício de puro prazer, que certamente repetirei, assim seja necessário e assim a agenda me permita.

Gostaria de falar das qualidades humanas de cada um dos elementos do elenco, da muita aprendizagem de vida que absorvi, da intensidade que uma tarefa desta natureza exige, mas seriam sempre insuficientes as palavras, logo, prefiro que saibam que aprendi a pôr em marcha um UMM, a manejar a respectiva caixa de velocidades, a saber revestir um pinheiro em caso de colisão dos veículos, a hastear bandeiras, a entregar refeições em andamento, a fixar publicidade em postes de iluminação, a montar pistas com fardos de palha, e o tempo necessário para que a cerveja saia fresca do barril – a título informativo, 48 horas após montagem da bica de extracção ao sistema de refrigeração!

Sinto que há muito não aprendia tanta e tão válida informação em tão curto espaço de tempo. Foi um deleite, um privilégio, e acima de tudo o mais barato curso intensivo de gestão de eventos que nenhuma faculdade do País me poderia fornecer.

O evento em si, graças a estas pessoas, tem sido amplamente difundido e creio que em face do que se tem escrito e dito acerca do Caramulo Motorfestival 2018, se pode considerar o melhor até à data. Faltava, no entanto, um “olhar de dentro para fora” que espero conseguir transmitir com as fotos que aqui vos proporciono.

Conto estar no Caramulo Motorfestival 2019, e estou certo que, com a temperança, bravura, e vontade de fazer destas meninas e meninos, o Caramulo Motorfestival de 2019 voltará a ser um sucesso.

Até para o ano.