Mercado • 29 Set 2019
O Porsche 911 Baja construído por Michael Lightbourn está à venda
Os Porsche 911 clássicos estão entre os modelos de produção em série cujas cotações mais subiram. Nos últimos dez anos, vários modelos triplicaram de valor.
Há duas formas de olhar para esta questão. Uma que afirma haver um fenómeno especulativo, associado à falta de rentabilidade de outros investimentos, na sequência da crise económica e financeira de 2007/2008. Os automóveis clássicos, com rentabilidade superior aos 12% em alguns casos, proporcionaram um excelente refúgio, amplamente aproveitado por investidores particulares, mas também por vários fundos de investimento.
A outra forma de olhar para a questão é a de constatar que os Porsche 911 clássicos estavam subvalorizados, sobretudo quando comparados com outros veículos de interesse histórico. Além disso, também é inegável que a imagem presente de uma marca condiciona os valores dos seus modelos mais antigos. E a Porsche vive uma situação de enorme sucesso, com recordes de vendas e uma presença vencedora nas competições em que está envolvida.
Foi feliz – e pioneira – na percepção de mudança do mercado, apostando nos SUV e agora também nos modelos eléctricos, sem desvirtuar o seu modelo-farol, o 911, que continua a ser a referência nos automóveis desportivos.
Esta combinação de factores foi decisiva para que quase todos os modelos mais antigos do Porsche 911 pelo menos triplicassem o seu valor, em dez anos. Um 911 S 2.2 Targa, como o deste ensaio passou dos €50.000 para €170/180.000. Um 3.0 SC passou dos €22.000 para os €60.000. Um Carrera 3.2, de €25.000 para €75.000 e por aí fora. Mesmo os modelos mais recentes, como os 911 ‘964’, viram os valores subir dos €25/28.000 para os €55.000 e, no caso do 911 ‘993’, dos €38.000 para mais de €80.000.
Um monstro sagrado como o Carrera 2.7 RS (13XX exemplares) ronda o milhão de euros e os modelos mais raros, como um 911 R (20 exemplares) ou um 911 S/T (30 exemplares) podem dobrar esse valor, com a história e a apresentação correcta.
Mas mesmo modelos menos especiais, como um 911 ‘993’ Carrera 4S, interessante, mas longe de oferecer significativas vantagens face a um 993 Carrera 2/4, atingiu valores a rondar os €150.000.
Nos últimos dois anos o mercado internacional abrandou o frenesim que vivia anteriormente, mas os preços não desceram. Tal parece indicar que o mercado encontrou um ponto de equilíbrio entre a oferta e a procura e que serão estes os valores com que teremos que lidar num futuro próximo.
As qualidades de um vencedor
Esta valorização dos Porsche 911 assenta também nas suas qualidades intrínsecas enquanto produto. É inegável a evolução técnica que o modelo teve desde a sua génese, mas comparado com os seus rivais contemporâneos, o 911 teve sempre algumas ligeiras vantagens.
Comecemos pela estética. Desenhado por Ferdinand “Butzi” Porsche, o 911 conseguiu manter as suas linhas gerais até à actualidade, imediatamente reconhecível por pessoas dos 7 aos 77. Além disso, o 911 é dos raros desportivos que tem capacidade para transportar quatro pessoas, mesmo se apenas duas vão verdadeiramente confortáveis. Este lado prático constituiu sempre um argumento comercial importante.
A sua experiência de condução, com as características únicas de um automóvel com motor traseiro, é bastante diferente da oferecida por modelos convencionais. Pelo mesmo motivo, as suas qualidades na travagem e nos momentos mais exigentes em termos de tracção foram sempre referência face à concorrência.
A associação à competição tornou o 911 o mais bem-sucedido desportivo de todos os tempos, com vitórias em provas de estrada míticas, como a Targa Florio, em ralis como o Monte Carlo, na resistência, como nas 24 Horas de Le Mans, Rali-Raid, como o Paris-Dakar, bem como em milhares de provas de GT e Sport, de nível mundial ou nacional.
A qualidade de engenharia dos 911 é excelente. A fiabilidade e os custos de manutenção razoáveis são a regra ao longo da sua carreira. O Porsche 911 tem um espírito vencedor que é, naturalmente, admirado e desejado pelos entusiastas. Pela minha experiência, com todos os elementos ponderados objectivamente, os 911 de todas as épocas estavam à frente da sua concorrência.
Regras de investimento
Com os valores actuais, faz sentido alguma reflexão antes de adquiri um Porsche 911 — sobretudo, mais antigo — para não desbaratar o seu investimento.
O meu conselho é comprar o exemplar mais original que conseguir, com total concordância entre número de chassis, motor e caixa de velocidades. Os 911 têm um verdadeiro mercado internacional e para entrarem nesse circuito, não pode haver dúvidas. As excepções são os modelos de competição, em que a troca de componentes, mais do que frequente era muitas vezes inevitável.
Quanto mais especial o modelo, maior será o seu potencial de valorização. Ou seja, os modelos S, RS, Clubsport, Turbo, Turbo S, GT3, GT2, GTS e edições limitadas, muito frequentes nos últimos tempos, valorizarão sempre mais do que os modelos normais. Isto, no entanto, também encerra uma oportunidade, já que os 911 ditos normais são excelentes automóveis para conduzir com mais frequência. Um 911 T e, sobretudo um E, perdem muito pouco em prestações utilizáveis para um S, por exemplo.
Quanto às versões Targa, durante muito tempo, eram desvalorizadas face ao coupé, o que já não sucede actualmente. Os Cabriolet surgiram apenas em 1980, com o 3.0 SC, e têm, em regra, um valor superior ao modelo equivalente em coupé ou Targa.
Finalmente, se a manutenção de um Porsche 911 é bastante razoável, os valores de restauro ou recuperação total não são. O ideal é mesmo investir num exemplar bem mantido ou restaurado.
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