Clássicos • 02 Nov 2016

Mauro Bento Amaral ribatejano entusiasta de clássicos fala-nos do seu Fiat 850 na primeira pessoa:
A história deste carro começa em 2008, na altura andava eu, sem qualquer experiencia em carros, à procura de um clássico acessível e pronto a andar.
Tropecei nele num site, e durante algum tempo, troquei emails com o vendedor, que o tinha a um preço acessível, mas tuga que se prese, tem de regatear sempre. Mesmo que ache que o negocio já valha a pena! Lá nos entendemos e apalavramos o negócio, pendente da minha visita.
Lá vou eu, a namorada, e dois primos de Intercidades até à invicta!
O vendedor foi-nos buscar à estação. Recordo-me com um friozinho na barriga, de chegar ao destino, e de ao me abrirem o portão de uma garagem comunitária, a luz do sol ser reflectida nos cromados do para-choques e dos aros dos faróis. Fiquei logo ali, apaixonado, e pensei para mim, este tem mesmo de ir para o Ribatejo.
Recordo-me de lhe abrir a porta e de vir aquele cheiro a vintage característico destes carros! Negocio fechado, papeis assinados, dinheiro na mão: “Vamos lá embora!” E lá segui eu todo contente pela A1 a baixo, numa quente tarde de verão, logo para fazer o teste ao veículo. Pelo caminho as buzinadelas foram bastantes, não por ir nos 70/80km/h, mas pela simpatia que o carro provocava nos outros condutores.
O carro passou no teste com distinção! E eu, parecia um pavão com esta minha relíquia! Passou a ser o meu daily driver, com uma média de 10000km por ano.
Aqui do centro de Portugal, vai-se a todo lado facilmente! Algarve, Lisboa, Castelo Branco, Aveiro! Nada mau para um carro desta idade.
Passado pouco tempo de o ter comprado, fiquei a pé com ele. Mandei vir o reboque, e levei-o para casa. Fiquei preocupadíssimo! Ao tentar ligar o carro ouvia um tilintar esquisito. “Já o motor se partiu para aqui!”, pensava eu. Mais tarde em casa, verifiquei que afinal tinha sido apenas o rotor que se tinha partido! Mas quem é que chama o reboque por um rotor partido?! Depois de uma análise, passei a andar com um “Kit de primeiros socorros”: Rotor, tampa do distribuidor, platinados, condensadores e fusíveis! A pé já não ficas tão facilmente! E na verdade já recorri ao Kit varias vezes!
As manutenções iam sendo feitas por mim, com muita ajuda e aprendizagem na internet. Com o tempo fui aprendendo a mexer mais e melhor. Hoje, consigo fazer (quase) tudo sozinho, haja para isso tempo (e sobretudo paciência).
Adoro conduzi-lo em estradas nacionais! A velocidade de ponta é de cortar a respiração, pela falta de estrutura que o carro tem para a aguentar claro. (160KM/H em plano)
O som do motor, pela panela réplica Abarth que lhe coloquei mais tarde, incita-me a carregar mais no acelerador. A condução característica de um carro com 50 anos, que consegue competir com os demais, mais recentes, cheios de sensores e ajudas aos condutores mais aselhas. O cheiro a gasolina! Todas estas características, que nós, condutores de clássicos também conhecemos.
Infelizmente, estive privado deste prazeroso hobbie, durante cerca de 2 anos, devido à minha “azelhice”, que resultou numa junta queimada. Aproveitei, e fiz uma revisão geral no motor, que conta agora com 2000kms pós rodagem.
Agora, como se costuma dizer, está aqui para as curvas! Toca a por-lhe kilometros em cima!
De salientar que este 850 já participou em vários track days sendo o mais memorável em Oiã onde foi tirada a foto de capa deste artigo com o Fiat a curvar em 2 rodas!
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Boa noite, parabéns pela máquina.
Já tive um RR-34-53 que lhe perdi o rasto. Hoje tenho “ID” de 1967 e está no estaleiro. Não há parafuso que se preze de não ter sido mexido. Está em peças, paletes, embrulhos, caixas grandes e pequenas, plásticas, muitas caixas, tudo separado e com um livro, planos artesanais e fotos ao lado, para montagem do piqueno.
Gostava de ter uma grade de tejadilho igual. Onde conseguiu? também procuro um depósito de combustível. Tem conhecimento de alguém que venda?
Cumprimentos
Júlio Leite 967235376

Parabéns Mauro e vê lá se não voltas a estragar o carro!

Bela história e grande foto mas isso é curvar “à tolo” 😉
Parabéns Mauro pelo texto e obrigado Francisco por o teres publicado. Senti aqui o odor das minhas próprias sensações cada vez que chego a Albergaria-a-Velha e ponho a trabalhar o meu Mini Clubman 1100 Saloon, de 1975, que foi o meu primeiro carro e que utilizo sempre por lá para pequenos passeios três ou quatro vezes por ano. O meu clássico foi comprado por mim ao seu primeiro proprietário em 1990 e lembro esse dia com uma enorme felicidade. Como lembro a excitação de o ir buscar a Gouveia em 2008 após um restauro completo e a inebriante felicidade em… Read more »
Parabéns!
Aprendi a conduzir num modelo igual, o Fiat 850 Sport, RT-97-16! Que grande carro, motor traseiro e tração atrás!!! Muito me diverti!
Obrigado pelas recordações!