Mercado • 15 Out 2012
Ferrari 250 GT LWB Berlinetta ‘Tour de France’ à venda em Londres
Um dos Jaguares mais importantes e valiosos do mundo está em destaque no leilão de Monterey. Vencedor lendário das 24 Horas de Le Mans de 1956, este automóvel de 1955 foi construído para a velocidade sem nunca comprometer a beleza. O Jaguar D-Type é a verdadeira personificação do que a marca representa.
Sucessor do C-Type, este modelo D foi desenvolvido durante 18 meses, a partir de Janeiro de 1953, enquanto seu antecessor ainda fazia sucesso nas pistas. Antes da sua apresentação oficial, ele já tinha aparecido em público em duas ocasiões. Na primeira, em Maio de 1953, o protótipo de chassi XKC 401, um híbrido do C e do D-Type, foi levado a Le Mans e, dirigido por Tony Rolt, um dos pilotos oficiais da equipe Jaguar. Na ocasião, Rolt baixou o recorde da pista em cinco segundos. A segunda, em outubro de 1953, a Jaguar levou um XK120 e o protótipo para um percurso recto de estrada com pouco mais de 3 km em Jabbeke, na Bélgica. O XK120 quebrou o recorde de velocidade da pista para veículos de produção ao atingir 277,45 km/h, um feito notável na época, mas não comparado ao do protótipo, que chegou aos 286,95 km/h.
O D-Type recebeu como herança algumas características do seu antecessor. Os freios a disco nas quatro rodas, presentes na última edição do C-Type, eram uma importante vantagem competitiva. Desenvolvidos em parceria com a Dunlop, que trabalhou com a Jaguar para adaptar freios a disco de aviões nos automóveis, eles foram a primeira contribuição de Malcom Sayer à marca do Leaping Cat. Este engenheiro aeronáutico, contratado por Sir Williams Lyons, fundador da Jaguar, seria também o criador do desenho final do D-Type.
O motor XK6, de seis cilindros em linha e 3,4 litros, também veio do C-Type, ainda que bastante aperfeiçoado. Três carburadores Weber DCO3 de corpo duplo e um novo comando de válvulas ajudaram o motor a gerar 245 cv a 5.750 rpm.
A sua principal característica, contudo, era o carácter seco desenvolvido pelo engenheiro-chefe da Jaguar, Willian Haynes, e por Walter Hassan, um ex-engenheiro da Bentley. Foi um dos pioneiros a ter este sistema, que foi criado por uma simples razão: diminuir a área frontal do D-Type, com a vantagem colateral de garantir a lubrificação mais eficiente nas altas velocidades. Essa diminuição foi um dos objectivos principais de Sayer que tinha como preocupação toda a aerodinâmica do veículo.
Na sua primeira prova, o D-Type era tão novo que chegou ao circuito de La Sarthe ainda sem pintura. Havia três unidades, que seriam dirigidas pelas duplas Stirling Moss e Peter Walker, Peter Whitehead e Ken Wharton e Duncan Hamilton e Tony Rolt. Só esta última completou a prova e, apesar dos problemas de entupimento no filtro de combustível, esta dupla conseguiu ainda assim retomar a corrida e terminá-la apenas a um minuto e 45 segundos atrás do Ferrari 375 Plus do argentino José Froilán González, vencedor daquele ano. Ainda que demorasse mais a acelerar do que a Ferrari, o D-Type tinha maior velocidade final: chegou a 278,1 km/h na recta Hunaudières, logo antes da curva Mulsanne, contra 257,7 km/h da Ferrari. Era o momento de proceder a melhorias.
Após a alteração de válvulas de admissão maiores, cabeças de pistão assimétricas para acomodar as novas válvulas e um nariz mais longo, para melhorar a aerodinâmica,três modelos D-Type voltaram às corridas em 1955. O único que a concluiu foi o automóvel vencedor, pilotado por Mike Hawthorn e Ivor Bueb. Foi uma vitória amarga, provavelmente devida ao terrível acidente daquele ano, que envolveu a Mercedes-Benz 300 SLR de Pierre Levegh.
Em 1956, a equipe Jaguar regressou à prova, praticamente os mesmos D-Type do ano anterior. O vencedor voltou a ser um D-Type, inscrito pela equipe Ecurie Ecosse, dos pilotos Ninian Sanderson e Ron Flockhart. Os outros dois Jaguar da equipe oficial não terminaram a corrida. E a fabricante saiu das competições.
Os D-Type que ainda não tinham sido usados em corridas foram modificados para poderem ser vendidos para corridas nos Estados Unidos em categorias de veículos de produção. Ganharam um banco de passageiro, pára-brisas, pára-choques, capô, janelas laterais e uma segunda porta. Foi-lhes atribuída a designação de XKSS e podiam circular pelas ruas sem restrições. Porém, a 12 de Fevereiro de 1957, a fábrica de Browns Lane incendiou-se e 9 dos 25 XKSS que ainda estavam em montagem foram destruídos. Este foi o fim do XKSS, apesar da Jaguar ter posteriormente convertido dois D-Type em XKSS.
1957 foi o último ano de triunfo dos D-Type em Le Mans, novamente com triunfo da Ecurie Ecosse, dirigido pelos pilotos Ron Flockhart e Ivor Bueb. O motor do vencedor, porém, era um 3.8, em vez do 3.4 dos anos anteriores. Este continuou presente no segundo D-Type da equipa, dirigido por Ninian Sanderson e John Lawrence, que chegou em segundo lugar, oito voltas atrás do vencedor.
Em 1958, uma regra limitou os veículo a motores 3.0, o que tirava o D-Type e os seus motores 3.4 ou 3.8 das competições. Apesar de não competir oficialmente, a Jaguar desenvolveu um 3.0 para ser usado pelos D-Type nas edições de 1958, 1959 e 1960. Nos dois primeiros anos, o motor não foi suficientemente resistente. Em 1960, ele já não era mais competitivo.
Ao todo, foram feitos 18 carros para a equipa de competições Jaguar, 53 para outras equipas e compradores e 16 XKSS. Cada D-Type custava cerca de 3.663 libras. Quase 60 anos depois, isso equivaleria a 85 mil libras esterlinas, mas, pela raridade e pela história, nenhum D-Type pode ser comprado por menos de 2 milhões de libras. E a tendência é que os preços fiquem ainda mais altos nos leilões. Afinal, quem tem um D-Type na garagem não tem apenas um veículo à frente de seu tempo. Tem também um importante marco da história automobilística mundial.
Vídeo da RMSothebys
Mais informações aqui.
Mercado • 15 Out 2012
Ferrari 250 GT LWB Berlinetta ‘Tour de France’ à venda em Londres
Mercado • 18 Out 2012
Blusão de Steve McQueen avaliado entre os 40 e os 60 mil dólares
Mercado • 04 Fev 2019
Jerry Seinfeld processado por alegadamente ter vendido um Porsche “falso”