Acção

Clássicos 26 Out 2015

Acção “Salvem o Messi” vai permitir restauro do Messerschmitt KR200 de 1958

“Salvem o Messi”, a primeira acção de crowdfunding lançada pelo Museu do Caramulo, terminou o prazo de angariação, tendo ultrapassado o seu objectivo inicial.
 
A campanha teve como objectivo angariar, em dois meses, os €5.000 necessários para o restauro de um microcarro Messerschmitt KR200 de 1958, pertencente à colecção do Museu do Caramulo, e excedeu largamente as expectativas. Com início no passado dia 22 de Agosto, a campanha decorreu offline (no Museu do Caramulo) e online (em www.salvemomessi.com), até 21 de Outubro de 2015, tendo atingido 112% de execução, num total de €5.601 angariados e 130 apoiantes.
 
Para Tiago Patricio Gouveia, director do Museu do Caramulo, “estamos muito satisfeitos na medida em que esta campanha não só criou uma ligação de 130 pessoas e entidades a uma peça do museu como viabilizou a recuperação de um automóvel que estava há muito tempo à espera de um restauro para poder integrar a exposição permanente do Museu do Caramulo, e que de outra forma não teria essa oportunidade”.
 
E acrescenta “além disso, esta campanha de crowdfunding foi também um teste às capacidades e ao goodwill do Museu do Caramulo, que sentimos que passamos com distinção, e isso deixa-nos muito satisfeitos e com vontade de repetir”.
 
Captura de ecrã 2015-10-26, às 23.03.49
 
Seguem-se agora os trabalhos de restauro do automóvel, que incluem acções como a colocação de um vidro de cabine novo, que se encontra actualmente partido, a reparação de chaparia, uma pintura nova, estofar o interior, a reparação mecânica do motor e da caixa de velocidades, a reparação dos componentes eléctricos, a reparação e substituição de borrachas e cromados, colocar farolins novos, entre outras intervenções.
 
Integrando actualmente a exposição temporária “Micro Carros, Grandes Historias”, patente no museu até ao dia 6 de Dezembro de 2015, o Messerschmitt KR200 passará a fazer parte da exposição permanente do Museu do Caramulo, uma vez concluído o seu restauro, fazendo as delícias a todos os que contribuíram para a sua recuperação e regresso aos seus dias de glória.
 
Sobre o Messerschmitt KR200 (1958)
 
A Messerschmitt AG, fabricante de aviões alemães, estava proibida, desde a Segunda Guerra Mundial, de prosseguir com a actividade de construção de aviões, tal como todos os outros fabricantes alemães.
 
Apesar da empresa ter voltado a sua atenção para outros empreendimentos, um dos quais foi a produção de kits para a construção de casas pré-fabricadas, utilizando técnicas de liga de alumínio derivado da indústria aeronáutica, foi a produção de microcarros que permitiu manter a fábrica em laboração.
 
O primeiro veículo construído pela Messerschmitt teve por base a parceria com Fritz Fend. Em 1952, Fritz Fend apresentou à Messerschmitt a ideia de construir pequenos veículos a motor, com três rodas, inspirados na motocicleta que havia sido construída para pessoas que, devido à guerra, tivessem ficado com limitações de mobilidade.
 
Em 1953, Fritz Fend desenvolveu, em conjunto com Willy Messerschmitt, uma espécie de
motocicleta que se assemelhava a um avião: uma forma alongada, dois lugares ongitudinais e uma carlinga em plexiglas que se abria para o lado para entrar e sair. Estava criado o KR175, em que KR significa kabinenroller ou “scooter fechada” e 175 significava a cilindrada do motor.
 
Este primeiro Messerschmitt era movido por um motor monocilíndrico Sachs a dois tempos colocado à frente da única roda traseira e era accionado por comandos no guiador, tal como uma scooter, o mesmo sucedendo para o arranque que se fazia com um pedal. Não tinha marcha atrás, mas, posteriormente, foi incorporado um sistema que invertia a rotação do motor sendo possível quatro velocidades em marcha atrás.
 
Medindo 2.820 mm de comprido e 1.220 mm de largura, saltavam à vista as abas que cobrem as rodas dianteiras que lhe conferiam um ar imponente. A carroçaria estreita e uma área frontal baixa foram alcançadas com a disposição dos assentos em linha, o que permitiu à carroçaria afunilar-se como uma fuselagem de avião, obtendo uma excelente aerodinâmica dentro do comprimento de um microcarro.
 
A entrada dos passageiros para uma espécie de carlinga faz-se através da canópia que estava articulada do lado direito do veículo. A porta incluía todas as janelas, pára-brisas, caixilhos das janelas e tecto acrílico, e a parte da carroçaria onde as peças transparentes estavam montadas.
 
Curiosidade era o limpa pára-brisas ser operado manualmente. O início do fabrico do KR175 debateu-se com vários problemas, dos quais resultaram 70 modificações no seu desenho entre Fevereiro e Junho de 1953. A produção manteve-se até 1961.
 
O KR200 substituiu o Messerschmitt KR175 e criou um redesenho total, embora mantendo o conceito original. Com um motor de 191 c.c. e mais um CV de potência, o peso do conjunto subiu 23 kg, o que não foi impedimento para o aumento da velocidade máxima em 10 km/h. O KR200 existiu ainda nas versões cabrio, sport, roadster.
 
A versão tiger, uma das últimas, foi apresentada com quatro rodas, o que lhe retirou todo o encanto enquanto microcarro, e também todos os benefícios fiscais… No entanto, terá sido esta versão mais cobiçada, pois aliava ao motor de 20 CV e ao chassis bastante evoluído a estabilidade das 4 rodas, permitindo atingir os 130km/h.
 
Apesar do nome e o logótipo da Messerschmitt serem usados na viatura, foi criada uma empresa para fabricar e comercializar o veículo, a Regensburger Stahl und Metallbau GmbH. No total, foram produzidas 30.286 unidades da versão KR200.

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