Arquivos • 11 Jul 2015
Aquela coisa carenada que segue à frente com o número 45 é, de certa forma, o avô do VW Scirocco e bisavô do VW Corrado. Ou melhor, esteve mesmo para ser. O seu nome é Vollstromlimusinen-Leichtbau. Konstruktion (para os amigos VLK). O seu aparecimento deve-se sobretudo para a dois homens: o técnico da VW Walter Hampel e o piloto de motos Kurt Kuhnke. Foram eles que chegaram junto da administração militar inglesa da VW (estamos a falar dos primeiros tempos do pós-guerra) propondo o projecto de um desportivo, pensando numa perspectiva a longo prazo, para ser construído nos anos 50, depois de devidamente estabilizada a empresa. O major Hirst, o administrador geral, deu o seu aval na condição que o projecto não fosse realizado na fábrica e que não ostentasse o nome Volkswagen (daí a designação acima).
Depressa o chefe de projecto da VW e o director técnico para os motores ajudaram, com o automóvel a assentar num chassis do Kübelwagen (a fábrica ainda tinha uma série de material de guerra e este também era fácil de obter nos mercados de rua), com uma carroçaria “aerodinâmica”, inspirada no protótipo T64 do pré-guerra, onde alguns dos engenheiros envolvidos tinham trabalhado.
O automóvel sai para os circuitos provisórios alemães em 1947, conquistando uma série de vitórias com Kuhnke ao volante. A competitividade desce em 1948, com Kuhnke a retirar o tecto ao automóvel a ver se o conseguia tornar mais competitivo face à concorrência. Contudo, chegava uma nova administração à VW e esta desliga-se do projecto VLK, com Kuhnkel e Hampel a venderem o automóvel.
Este não foi o fim da linha para Kuhnke. O piloto prussiano já tinha uma distinta carreira nas duas rodas, tendo competido nelas até ao final dos anos 40, chegando até a assumir a vice-presidência da federação alemã de motociclismo. No início dos anos 50 torna-se um dos primeiros alemães a importar um Cooper de F3, sendo um dos principais protagonistas dessas corridas até ao surgimento da F. Junior, onde continuou a correr de Cooper, mas desta feita equipado com um motor DKW. Esta aliança anglo-alemã manteve-se até à aventura pela qual é mais conhecido, quando tentou qualificar, sem sucesso, o seu velhinho Lotus 18, desta feita equipado com um motor Borgward, para o GP da Alemanha de 1963.
Corridas essas que de início…. não eram corridas, mas ensaios, visto as provas estarem interditas nos anos após a guerra. Os Kübelwagen Eingebau e, acima de tudo,mos BMW Eingebau eram muito comuns nestes “encontros” automobilísticos alemães.