O caminho até à F1: Kurt Kuhnke

Arquivos 10 Ago 2014

O caminho até à F1: Kurt Kuhnke

Por Pedro Branco

Aquela coisa carenada que segue à frente com o número 45 é, de certa forma, o avô do VW Scirocco e bisavô do VW Corrado. Ou melhor, esteve mesmo para ser. O seu nome é Vollstromlimusinen-Leichtbau. Konstruktion (para os amigos VLK). O seu aparecimento deve-se sobretudo para a dois homens: o técnico da VW Walter Hampel e o piloto de motos Kurt Kuhnke. Foram eles que chegaram junto da administração militar inglesa da VW (estamos a falar dos primeiros tempos do pós-guerra) propondo o projecto de um desportivo, pensando numa perspectiva a longo prazo, para ser construído nos anos 50, depois de devidamente estabilizada a empresa. O major Hirst, o administrador geral, deu o seu aval na condição que o projecto não fosse realizado na fábrica e que não ostentasse o nome Volkswagen (daí a designação acima).

 

Depressa o chefe de projecto da VW e o director técnico para os motores ajudaram, com o automóvel a assentar num chassis do Kübelwagen (a fábrica ainda tinha uma série de material de guerra e este também era fácil de obter nos mercados de rua), com uma carroçaria “aerodinâmica”, inspirada no protótipo T64 do pré-guerra, onde alguns dos engenheiros envolvidos tinham trabalhado.

 

O automóvel sai para os circuitos provisórios alemães em 1947, conquistando uma série de vitórias com Kuhnke ao volante. A competitividade desce em 1948, com Kuhnke a retirar o tecto ao automóvel a ver se o conseguia tornar mais competitivo face à concorrência. Contudo, chegava uma nova administração à VW e esta desliga-se do projecto VLK, com Kuhnkel e Hampel a venderem o automóvel.

 

Este não foi o fim da linha para Kuhnke. O piloto prussiano já tinha uma distinta carreira nas duas rodas, tendo competido nelas até ao final dos anos 40, chegando até a assumir a vice-presidência da federação alemã de motociclismo. No início dos anos 50 torna-se um dos primeiros alemães a importar um Cooper de F3, sendo um dos principais protagonistas dessas corridas até ao surgimento da F. Junior, onde continuou a correr de Cooper, mas desta feita equipado com um motor DKW. Esta aliança anglo-alemã manteve-se até à aventura pela qual é mais conhecido, quando tentou qualificar, sem sucesso, o seu velhinho Lotus 18, desta feita equipado com um motor Borgward, para o GP da Alemanha de 1963.

Classificados
1 Comentário
Inline Feedbacks
View all comments
Ricardo Grilo
Ricardo Grilo
10 anos atrás

Corridas essas que de início…. não eram corridas, mas ensaios, visto as provas estarem interditas nos anos após a guerra. Os Kübelwagen Eingebau e, acima de tudo,mos BMW Eingebau eram muito comuns nestes “encontros” automobilísticos alemães.

Siga-nos nas Redes Sociais

FacebookInstagramYoutube