Automobilia • 22 Set 2015
Automobilia • 22 Mar 2014
Miniaturas Mobil: Cisternas do Ouro Negro
Nos dias que correm, os camiões auto-tanque têm que chegar a todo o lado. Mas nem sempre foi assim. Tempo houve em que a distribuição destes inflamáveis era feita em barris e bidões, transportados por carroças com um par de muares em padrões de segurança mínimos.
Apesar de por vezes existirem alguns “azares”, o transporte de combustíveis é hoje executado por profissionais, cujos cursos especiais os prepararam para qualquer imprevisto e cujos veículos estão certificados por normas de segurança altamente exigentes.
O processo de aperfeiçoamento dos veículos cisterna foi lento devido aos inconvenientes representados pela complexidade da sua carroçaria e pela perigosidade do produto transportado. Estabilidade dos chassis, problemas de fixação, suspensão traseira não reforçada, rodas estreitas e acima de tudo o movimento dos líquidos que podiam desequilibrar o veículo, foram inconvenientes que entretanto foram resolvidos. As cisternas ovaladas, mais largas que altas, foram o grande “ovo de Colombo” para solucionar a melhor distribuição dos 3.000 litros (limite permitido durante muitos anos) de combustível.
Uma das primeiras camionetas cisterna surgiu em 1900 na Alemanha e era da marca Dixi. Inicialmente este tipo de veículos foi proibido de circular em algumas cidades, com a justificação de que a sua passagem era demasiado perigosa. Na realidade eram os interesses de alguns intermediários do ramo que se estavam a sobrepor. A questão foi rapidamente resolvida, pois o aumento das necessidades de abastecimento assim o impuseram.
Curiosamente, Portugal vê chegar no mesmo ano de 1896, o primeiro automóvel e a primeira empresa de lubrificantes, a «Vacuum Oil» que após algumas outras designações ao longo dos anos, decide a partir de 1963 optar por comercialmente chamar-se simplesmente «Mobil».
Desde os primórdios do automóvel em Portugal que a «Vacuum Oil» se transformou numa das maiores distribuidoras de combustível e também na empresa que no passado, em parceria com o Automóvel Clube de Portugal (ACP) e a Junta Autónoma das Estradas (JAE) mais contribuiu para o desenvolvimento da nossa rede viária. São dela os mapas das estradas de Portugal dos primeiros anos, assim como quase toda a primeira sinalização das estradas.
A produção de miniaturas em grande série dá-se a partir de 1950, período em que após a Segunda Guerra Mundial, a Europa começa a voltar à normalidade. A gasolina que neste período pós guerra era do tipo agrícola passa, devido a um grande esforço dos departamentos de pesquisa das petrolíferas, a ter melhor qualidade (mais octanas) e consequentemente a ser mais eficiente. Cada marca tenta promover o seu “produto”, umas promovendo os seus aditivos, outras utilizando a designação “Super” para captar uma nova geração de condutores que se adivinha, e responder à exigência de novos motores como os dos XK. Neste contexto, a Dinky Toys desenha em 1959 um camião cisterna Studebaker que acaba por ser redesenhado, pois inicialmente fora pensado para ser construído em liga de zinco (zamac) mas devido à guerra da Coreia, acabou por ser produzido em alumínio. Os primeiros modelos aparecem em 1950 com os decalques «Petrol» e em 1952 a Dinky sonda várias petrolíferas que acordam em publicitar as suas marcas nestes brinquedos. Durante cerca de 10 anos o mitológico cavalo alado da Mobil, permanece na traseira destes modelos, mas também no novo Foden Supertoy da Dinky (1953-56), (comercialmente chamado em Portugal de Poden, por causa do lápis azul…).
A Corgi Toys consegue em 1959 criar um modelo articulado que relembra muito os que se viam circular nas nossas estradas. Trata-se da Bedford S que em 1962 foi substituída pela TK e cuja produção até 1967 superou as 225.000 miniaturas.
Quase todos os fabricantes de miniaturas produziram um camião da Mobil. Tekno, ERTL, Lledo, Budgie, Lone Star, Lesney, CIJ e muitos outros, excepto a Mercury que ficou pelas marcas nacionais como a Agip.
Estas colecções temáticas são por vezes um pouco redutoras, pois chega uma altura em que começa a ser difícil encontrar modelos. Mas há sempre itens relacionados. Porque não coleccionar umas placas de esmalte que estiveram numa oficina, ou mesmo uma bomba de gasolina antiga. Até umas simples latas antigas de lubrificante, podem vir a ser relevantes para a colecção, basta dar asas à imaginação.
Texto: Álvaro Silva
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Parabens pelo artigo sobre os autotanques. Já me deu uma ideia, o que agradeço, para mais um tema muito interessante, a apresentar na Feira do Tuela, documentado com as respectivas miniaturas. Cumprimentos.
Um abraço para o Álvaro Silva e toda a equipa do Jornal dos Clássicos.
Como já vem sendo habitual o Álvaro quando aborda um tema fá-lo com profundidade e transmite com palavras simples e bem documentadas, conhecimentos muito úteis para quem gosta de coleccionar miniaturas de automóveis e não só. Continue que é bem vindo.
Rui Baltar
Mais um excelente artigo da autoria do Álvaro Silva. Preserva-se, assim, o conhecimento e a memória. Um abraço pra o autor e parabéns a toda a equipa do Jornal dos Clássicos