Mercado • 24 Abr 2014
Mercado • 13 Ago 2013
Ferrari 275 GTB/4 *S N.A.R.T Spider em leilão por 17 milhões de dólares
No leilão da RM Auctions na Califórnia, com lugar nos dias 16 e 17 de Agosto, está um, de apenas dez construídos, Ferrari 275 GTB/4 *S N.A.R.T Spider, que pela sua raridade e conservação estima-se que atinja um valor entre os 14 e os 17 milhões de dólares, constituindo a maior venda do evento.
Eddie Smith, de Lexington, Carolina do Norte, foi o seu ilustre proprietário até aos dias de hoje, em que, após seis anos da sua morte, a família decide leiloar o automóvel com o fundamento de que este “precisa de estar num sítio onde possa ser visto e apreciado”. Os lucros resultantes da venda reverterão para instituições de caridade, num acto de solidariedade que, segundo os familiares, faria Eddie sorrir uma vez mais, dado que sempre apoiou causas deste tipo.
Esta é irrefutavelmente uma oportunidade única, tanto pela pureza do chassis 10709, com a qualidade incomum de ter todos os números coincidentes, desde o motor à caixa de velocidades, como pelo seu proprietário de personalidade contagiante, que apesar de oriundo de uma família com poucas posses, com o seu trabalho árduo e visão de negócio, conseguiu tornar-se um empresário ousado, convertendo as suas apostas em lucro. Para além deste Spider, Eddie Sr. possuiu outros cobiçados automóveis como um FXX e um 599 GTO, e foi pessoalmente convidado pela Ferrari para comprar um dos seus carros.
“Já tinha ouvido sobre Jaguares e outros, mas sempre quis um Ferrari” Eddie Smith
Desde a Primavera de 1960, que “George”, como era apelidado, tinha desenvolvido o costume e gosto de participar com o seu filho, Eddie Jr., e alguns amigos, nas 12 Horas de Sebring, na Flórida. Nas festas em Sebring conheceu muitas pessoas, e em especial Luigi Chinetti, um importador norte-americano da Ferrari e piloto de renome. George concretizou o seu desejo com a compra do fantástico 250 GT Short Wheelbase California Spider.
Pouco tempo depois, Chinetti convidou Eddie para o acompanhar na primeira de várias tours europeias, e os dois, juntamente com Don Weber, seguiram rumo a Modena, num Oldsmobile Toronado. Após longos períodos de convívio com os executivos da Ferrari, o trio pegou em três 275 GTB/4 Berlinetta, e conduziu ao longo da fronteira Suiça, desbravando as estradas dos Alpes a caminho de Genebra.
“Falei com o Enzo sobre a construção de uns Spiders. Queres um?” L.Chinetti
Foi com este telefonema que Chinetti persuadiu George, relembrando-lhe a paixão por cabriolet’s, substituindo a sua Berlinetta, que acabou por ter em suas mãos pouco tempo. Smith e Luigi viajaram rumo a Maranello e ao chassis 10709, que se tornaria um dos Ferraris mais famosos do mundo, não se tratava de um cabriolet normal, mas de um automóvel diferente de tudo o que a Ferrari já havia criado.
O que fascinava Eddie, como sublinhou a sua filha Lynda, anos mais tarde “era o som, dava para ouvir o N.A.R.T a vários quarteirões de distância”. Este Ferrari, com o distinto crachá N.A.R.T na traseira, associando-lhe o prestígio da equipa a nível de resistência, e o “Cavallino Rampante” ao volante, representou uma imensa vitória e satisfação para o cavalheiro da Carolina do Norte.
Com a carroçaria Scaglietti, mais de trezentos cavalos de potência, o motor V-12 de 3.2 litros, alimentado por seis carboradores Weber, uma caixa de cinco velocidades e quatro rodas de suspensão independente, o Spider era o companheiro de Eddie nas estradas de Lexington.
Como lembrou o historiador da Ferrari Marcel Massini, “Ele era uma pessoa muito agradável, e um verdadeiro aficcionado da Ferrari, com um grande coração. É realmente raro, que o dono de um Ferrari pertença ao Clube por tanto tempo e esteja activo ao longo de mais de quarenta anos”.
“Adoro a aparência do automóvel, é absolutamente perfeito para todos os grandes eventos, desde o Colorado Grand ao California Mille. Mesmo com a capota em baixo, consegue-se fugir à chuva e ficar completamente seco”. McCluggage
O chassis 10709 correu com sucesso em Sebring, nas mãos de Denise McCluggage e Pinkie Rollo, e foi mais tarde publicitado no filme de Steve McQueen “The Thomas Crown affair”. Foram muitos os elogios e aliciantes propostas de venda que Smith recebeu, mas que recusou sempre.
Desde a sua morte em 2007, o carro foi armazenado e mantido, junto com outros objectos de George, num hangar da Grady-White, tendo sido visto publicamente poucas vezes nos últimos anos.
Com o objectivo de poder ser apreciado publicamente, a família ofereceu assim este raro automóvel, que se distingue como capa do catálogo, ao leilão em Monterey da RM Auctions.
Texto: Inês Santos Ferreira