Clássicos • 13 Fev 2013

SAAB 92B, o início de uma era

Se existem carros que primam pelas suas linhas desportivas, então os italianos estão possivelmente no topo da lista. No entanto, se formos para o campo dos veículos robustos e duradouros, então rapidamente pensamos em carros alemães. Mas se quisermos escolher um carro que seja “perfeito” em termos aerodinâmicos, então não estaremos muito longe da verdade se elegermos o Saab 92, o primeiro automóvel construído pela marca sueca entre os anos 1949 e 50 na sua primeira configuração, como um verdadeiro candidato a esta nomeação.

Iniciada em 1937, com o claro objectivo de construir aviões para a Força Aérea Sueca, a Svenska Aeroplan Aktiebolaget – SAAB – depressa se apercebeu que a tecnologia apreendida no universo da aeronáutica, podia ser aplicada no universo automóvel, depois do período pós-guerra. Assim sendo, a marca encarregou quinze engenheiros de se inteirarem dos trabalhos a realizar, para apresentarem um veículo motorizado, cujo objectivo mais tarde seria a sua comercialização. Claro que antes do Saab 92 ver a luz do dia, teve que passar um período de planeamento, concepção e desenvolvimento. Para isso, a Saab construiu um protótipo com tracção dianteira, motor transversal bi-cilindrico a dois tempos e uma carroçaria extremamente rígida, idealizada tendo os conceitos de segurança e fluidez aerodinâmicas bem presentes. Este protótipo, denominado de Saab 92001, foi o precursor dos automóveis Saab, quando ainda se estava em 1947.

Nasce o Saab 92

Em 1949, a Saab mostra ao mundo o seu primeiro automóvel. Baptizado de 92, este veículo foi produzido até 1956, sendo o total de unidades fabricadas de 20.000. Claro que para o protótipo apresentado até ao produto final, houve várias mudanças a registar. O ano de 1953 foi aquele em que se verificaram mais alterações no 92. O esguio Saab tinha uma janela traseira muito mais larga de modo a que o condutor pudesse “olhar para trás”, através do espelho retrovisor. Em relação à capacidade da mala, esta também foi incrementada, uma vez que os responsáveis pelo projecto do Saab 92 permitiram que o porta bagagens traseiro fosse acessível do lado de fora. Para que se conseguisse mais 32% de capacidade nesta área, a Saab optou por instalar a roda suplente num plano mais rebaixado da carroçaria, apesar de ainda se encontrar na retaguarda. A bateria, que até então estava situada no porta bagagens, passou a ser alojada no compartimento do motor. No que toca ao reservatório de combustível, este passou a situar-se do lado esquerdo da carroçaria, ainda junto à mala traseira.

Surge o Saab 92B

Em 1954, a Saab apresenta pela primeira vez o 92B, onde efectuou algumas melhorias. A primeira foi dotar o motor a dois tempos com um carburador Solex 32BI. A outra foi instalar um novo sistema de ignição que permitia ao motor proporcionar ao condutor cerca de 28bhp. Também a nível estético, houve algumas melhorias a assinalar e uma delas foi a substituição dos faróis por uns da marca Hella, bem mais eficazes e que não encadeavam os outros condutores. Curioso que um dos extra da época mostrado pela Saab tenha sido um tecto amovível. Porém, devido ao seu elevado custo, poucos clientes optaram por adquirir este item. Entretanto, com um bom índice de vendas, a marca sueca registou no dia 6 de Março de 1954 a saída da sua linha de produção do 10.000 Saab 92B.

Quando se aprecia o Saab 92B do lado de fora, depressa entramos numa estranha dimensão, onde se mistura os ideais de fluxos de ar com uma incrível imaginação. Afinal de contas, não é todos os dias que podemos confrontar os nossos parcos conhecimentos com um dos pioneiros modelos da Saab. As suas linhas perfeitamente esculpidas, provêm claramente dos ensinamentos retirados pela marca sueca na aviação. E é aí que nos pomos a imaginar viagens extraordinárias. Claro que a presença deste Saab é dominante e poucas são as pessoas que não o olham a cada passagem feita. E se os piscas de setas que surgem neste Saab 92B, versão deluxe, propriedade de Gabriel Amaral Laura, não são de origem, o certo é que também não chocam nada com o conjunto, quando analisado de forma global. Muito pelo contrário.

Quando se abre as portas “suicidas”, entramos num universo amplo, onde prima o conforto. Atrás do volante forrado conforme muitos automóveis da época, escondem-se alguns instrumentos importantes à vida a bordo. Um botão serve par acender as luzes, outro para acordar os faróis de nevoeiro, havendo ainda um botão, onde curiosamente se liga a luz de marcha-atrás, com o claro objectivo de alertar os outros condutores.

E chega o momento de “acordar” o motor a dois tempos. Esta operação é conseguida graças a um botão de start. O bloco com 764, depressa responde aos apelos do condutor e um barulho viciante faz esquecer que estamos perante um veículo inicialmente concebido para transportar comodamente quatro passageiros, com a respectiva bagagem. Nem mesmo a alavanca de velocidades, colocada criteriosamente na coluna da direcção faz esquecer que este carro facilmente se poderia levar aos limites. Claro que não o fizemos. Afinal esta sempre é uma pérola da história da Saab que convém preservar.

Regressando à história do 92B, os chamados “re-style” continuaram e desta feita, o 92B passou a sair da linha de montagem já com uma bomba eléctrica de combustível, ao mesmo tempo que eram adoptadas farolins traseiros em forma quadrada. Entretanto, a Saab planeava mostrar o sucessor do 92B. Mostrado em Dezembro de 1955, o Saab 93 iniciou um novo período da história da marca. Porém, o 93 e o 92B ainda co-existiram nos stands da marca, já que este último cessou a sua produção em Dezembro de 1956. No total, foram produzidos 20.128 unidades do modelo 92, sendo que 14.828 deles era do tipo B.

Caracteristicas técnicas

Carroçaria: quarto lugares;

Chassis:

Suspensão independente à frente e atrás com amortecedores, travões de tambor;

Direcção: por pinhão e cremalheira;

Capacidade do reservatório de combustível: 35 litros;

Motor:

Transversal de dois cilindros, a dois tempos; Capacidade: 764cc; Potência máxima: 35bhp com a cabeça dos cilindros em aluminio;

Carburador: Solex 32AIC;

Refrigeração: a liquido;

Transmissão: às rodas da frente; três relações de marcha, mais marcha-atrás;

Dimensões: