Clássicos • 26 Out 2012
Carros da Presidência na Expo Clássicos 2012, este fim-de-semana em Guimarães
A burguesia desce ao campo
Texto e imagens: Arquivo Classic Press Center ©
A ideia era desmistificar aquele conceito aristocrático que só os clássicos desportivos têm lugar no mercado nacional. No entanto, as origens do 404 Pick Up também advêm de certa forma de uma elite. Quando o Peugeot 404 foi apresentado em 1960, as suas linhas eram marcadamente vincadas pelo mestre italiano do design, Pininfarina. No entanto, no início daquela década, talvez ninguém pensasse que a casa francesa de Schaux apresentasse uma proposta reservada à classe trabalhadora, apesar da Peugeot ter envergado por igual caminho aquando da gama 203. Antes do lançamento da versão Pick-Up do 404, a Peugeot ainda se aventurou na apresentação de diversas vertentes deste modelo. O pioneiro foi uma berlina de quatro portas, concebida para transportar comodamente uma família tradicional. As linhas harmoniosas convenceram diversos chefes de família a apostarem na última proposta do construtor francês. Na frente dois faróis redondos ladeavam uma grelha em favos de generosas dimensões, em que os piscas se integravam de forma bem conseguida neste conjunto. Mas também na secção traseira as coisas corriam de feição para os olhares mais exigentes. O tão convencional “rabo de peixe”, incrustado na carroçaria era como que um chamariz natural, contíguo à linha lateral do veículo. Este entrosamento levou a que a Peugeot conhecesse o sucesso comercial com a primeira proposta da gama 404. No entanto, as exigências do mercado internacional levaram a que a marca do leão apresentasse novas propostas, sempre com a mesma plataforma por base.
Do Cabriolet à pick up
Quando a Peugeot achou que era hora de apresentar a sua próxima proposta, a casa francesa já tinha no seu sedan de quatro portas um bom patamar de desenvolvimento. O bloco com 1.618cc era capaz o suficiente para todas as exigências de então e a prova disso era o volume de vendas que era bastante satisfatório. Deste modo, em 1962 foi apresentada a versão Break do 404. Esta não era mais do que um percursor da moda das chamadas “carrinhas familiares” que actualmente todos os construtores de automóveis possuem nas suas gamas. Curioso que são estes modelos da Peugeot que nos dias de hoje se vêm ainda a circular pelas estradas nacionais, muitas vezes ao serviço de pequenas empresas. Mas nesse mesmo ano em que a Peugeot apresenta a sua versão alongada, surge no plantel da marca a versão Cabriolet. Neste ultimo veículo, Pininfarina deu ainda maior azo à sua vertente estilística, conquistando uma faixa de clientes que a própria Peugeot não tinha travado conhecimento até então. E se a versão Break esteve em produção entre 1962 e 1971, o facto do descapotável ter estado somente em construção durante seis anos – entre 1962 e 1968 – faz dele um desejável veículo de colecção.
Bicho bruto
Ou quase….é como se pode apelidar o Peugeot 404 Pick Up, que esteve em produção até 1975. Com uma resistência fabulosa, sendo capaz de transportar valores que podem chegar aos 1220 Kg, este é um veículo que não se roga a ser um verdadeiro clássico de trabalho. Ao contrário do seu “irmão elitista”, em que o único objectivo era conquistar as miúdas nos anos 60, a Pick Up foi feita para trabalhar e ainda hoje, Ricardo Ferreira da Silva, o actual proprietário do modelo aqui fotografado, dá este mesmo tipo de uso ao Peugeot. Aliás neste breve contacto que tivemos com a Pick Up até à zona de Azeitão, o carro francês portou-se bastante bem em auto-estrada, um terreno que não fazia parte do imaginário dos responsáveis da casa do leão naquela década. Na casa dos 120Km/h, apenas a traseira foge um pouco, quando atravessamos a Ponte 25 de Abril, mas isso é porque o seu compartimento traseiro, não está preenchido com carga. Mas para que esta velocidade seja atingida, o bloco 1.6 litros alimentado a gasolina – e não a gasóleo como a maioria dos seus pares – responde de forma solícita e pronta. O nível do restauro visto neste exemplar é notório também a nível de motor, uma vez que os índices de sonoridade do bloco são praticamente inexistentes a bordo. E por falar em vivência a bordo, diga-se que o conforto é um termo presente a todos os níveis. O banco único desmistifica aquela ideia de dores nas costas que temos depois de alguns quilómetros passados atrás do volante de alguns veículos clássicos, ainda mais quando estamos perante um carro que foi idealizado para responder a todo o tipo de solicitações operárias.
Para colocar o carro em funcionamento, basta apertar o botão de arranque, estrategicamente colocado na coluna de direcção. E para auxiliar, existe um outro sistema para accionar o ar, quando o motor se encontra ainda longe da temperatura ideal.
À frente do condutor, e por trás do volante de generosas dimensões, encontra-se o indispensável painel de instrumentos. Este comporta uma espécie de rectângulo, onde no topo do mostrador é visível a régua do velocímetro. Na fileira de baixo, e da esquerda para a direita encontra-se o indicador nível do óleo, o da água, os quilómetros percorridos e ainda o nível da carga da bateria.
No contacto rural que tivemos com o Peugeot 404 Pick Up ainda carregámos parte da caixa traseira com uns fardos de palha. É neste parâmetro que a criação francesa está mais à vontade, mas mesmo assim o Peugeot não se coíbe de andar no trânsito citadino, sendo ainda para as exigências actuais uma aposta ganha.
O bloco de quatro cilindros responde a cada pressão no pedal direito e a troca de relações da caixa de quatro velocidades fazem-se através da alavanca situada no lado direito da coluna de direcção. Deste modo, a Peugeot optou pela ausência do sistema de transmissão tradicional, que rouba sempre algum espaço no habitáculo dos passageiros. Em termos de condução, a Peugeot 404 Pick Up revela-se como um óptimo parceiro de trabalho, sendo o seu condutor levado muitas vezes ao esquecimento que está perante um veículo com mais de trinta anos.
No fundo, e passada uma tarde com a versão Pick Up do 404, podemos afirmar sem pretensiosismo que os veículos de trabalho deveriam ter um espaço no seio dos adeptos dos automóveis clássicos, ao mesmo tempo que os clubes organizadores de provas desportivas deveriam incentivar os proprietários deste veículos a participar nos seus eventos, seja a participar ou mesmo como veículos de assistência.
Características técnicas
Motor: quatro cilindros em linha; refrigeração por água;
Curso x diâmetro: 84mm x 73 mm; Capacidade: 1618cc; Potência máxima: 72 cv às 2250 rpm; Carburador: Solex invertido Tipo 32 PBICA;
Bateria de 12 V – 55 A/h;
Distribuição: quatro velocidades sincronizadas para a frente, mais marcha-atrás; comando no volante;
Transmissão: Rodas da frente independentes; elemento vertical com mola helicoidal e amortecedor telescópico combinados; Direcção por cremalheira;
Reservatório de gasolina: 50 litros;
Caros amigos, estou msmo interessado numa carrinha destas, podem-me dar sugestões onde posso encontrar à venda, é que na net não encontrei nada, obrigado
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ola eu estou interessado numa carrinha destas agradecia que desse uma sugestão onde posso encontrar obrigado