Clássicos • 24 Jun 2016
Clássicos • 06 Dez 2012
Visita ao Museu Porsche – Parte 1
Fomos revisitar a História de um dos mais marcantes construtores alemães e descobrimos que nem só de viaturas desportivas vive a casa de Estugarda.
Texto: Redação
Fotos: TCA/ Classic Press Center
A zona de Neuwirstshaus, logo à saída da cidade de Estugarda, é uma região marcadamente virada para a indústria e mal se sai do comboio, o visitante depara-se com a importância que a marca Porsche tem nesta região alemã. Como se de um postal se tratasse (ou se preferirem, a lógica comercial a funcionar em pleno), de um lado encontra-se um espaço onde a casa de Estugarda mostra toda a sua gama, num moderno edifício de vários andares, e onde claro, se podem adquirir e experimentar alguns modelos. Do lado oposto, e enquanto se ouve um ou dois 911 a passarem, está situado o ultra moderno museu da Porsche, onde se escondem verdadeiras preciosidades da indústria desportiva alemã. O edifício teve um custo aproximado de cerca de 100 milhões de euros e o projecto arquitectónico esteve a cargo de Delugan Meissl, depois deste ter ganho o concurso ao qual concorreram mais de 170 reputados arquitectos europeus.
Num ambiente imaculado, e claramente marcado pela cor branca, o visitante pode escolher entre tomar uma refeição ligeira no chamado “Boxenstopp” ou entrar directamente no museu. Num hall espaçoso, onde se encontram as bilheteiras, rapidamente se pode ver a área da cafetaria e o atelier onde os técnicos da Porsche recuperam os carros que ainda hoje fazem a história deste construtor e que repousam temporariamente no museu. Trata-se de uma espécie de montra gigante, com alguns carros dispostos numa simulação de prateleiras, o que confere ao hall de entrada um aspecto verdadeiramente acolhedor e inspirador. Aqui, nasce a ideia de museu sob rodas, ou seja, a marca alemã pretende que os carros expostos estejam em perfeitas condições de uso e que sejam usados, seja no que toca aos veículos ditos de produção, ou mesmo de competição. Neste espaço trabalham permanentemente um mestre mecânico, três mecânicos, um estofador, e um conselheiro. Naturalmente que estes técnicos possuem um vasto conhecimento dos modelos Porsche, de modo a poderem responder a todas as mais diversas solicitações dos exigentes clientes que possuem carros da marca alemã com mais de dez anos. Quando vistamos o museu, estavam vários 365 à espera da sua vez para serem alvo de pequenas reparações, mas havia igualmente um Carrera RS de competição e um Sport Protótipo a ser alvo de uma profunda revisão. Tudo sem uma única pinga de óleo no chão, é claro…
Informação preciosa
Se o olhar do visitante for contudo desviado um pouco mais ao alto, então, este pode apreciar uma zona vidrada, onde se situa o centro de documentação da Porsche. A ideia de transparência está assim presente em todo o museu, de modo a que o visitante seja parte integrante do mesmo e sobretudo assuma uma posição privilegiada. Nesta área cerca de 2.000 metros estão alojadas qualquer coisa como 2,5 milhões de fotografias, o que segundo a marca é um dos maiores espólios automóveis do mundo, o que muito certamente não andará muito longe da verdade. Claro que a literatura também está presente e ali constam mais de 3.000 livros de automóveis e mais de 1.500 horas de filmagens. Curioso é contudo os documentos escritos alusivos à História da marca germânica, seja referentes à produção, à competição ou mesmo à companhia que estão igualmente nos registos históricos. Estes arquivos especiais encontram-se guardados em cerca de 3.500 caixas especiais de modo a que não se deteriorarem. Mas o mais interessante é que qualquer pessoa que pretenda fazer uma pesquisa nos registos históricos da marca, pode fazê-lo e assim não nos foi completamente estranho ver pequenos grupos de estudantes, em pleno dia de semana, a se deslocarem ao centro de documentação com o claro objectivo de realizarem trabalhos universitários.
A exposição
Graças a umas escadas rolantes, o visitante entre na área de exposições propriamente dita. A recebê-lo está uma carroçaria em alumínio denominada de “UR – Porsche”, datada de 1930 que representa em absoluto a filosofia da marca alemã em encontrar os materiais mais leves de modo a produzir os carros mais rápidos e fiáveis de sempre. Mas a História da Porsche começa ainda mais cedo do que isso, mais precisamente quando Ferdinand Porsche instalou um pequeno motor interior no interior de cada roda de modo a movimentar um veículo. Contudo, o museu de Estugarda tem muito, muito mais para se descobrir, ainda antes do primeiro Porsche ser apresentado. É o caso do Loner Etrich Taube de 1912, um motor com quatro cilindros em linha, com 65 bhp que foi idealizado para ser montado num avião que foi projectado por Porsche.
A primeira vez que Ferdinand Porsche instala um motor desenvolvido por si num veículo dito de produção corrente, aconteceu ainda neste mesmo ano, quando o bloco com 2.010cc de quatro cilindros e 20bhp, foi instalado num chassis Type 9/20 da Austro-Daimler, de modo a prestar auxilio aos Bombeiros
E depressa se chega ao universo da competição, uma parte bastante importante no universo dos veículos desportivos. Mas vão com calma, que isto tem que se lhe diga. Afinal não é todos os dias que estamos perante um Austro-Daimler que alinhou na edição de 1922 da conceituada Targa Florio.
Porsche finalmente
Daqui damos um salto até 1939, ou seja, o ano em que Ferdinand Porsche mostrou o Typ 64, com o seu motor boxer de quatro cilindros e 33bhp. Trata-se do mais elegante, dinâmico e rápido veículo construído até então por Porsche, com o claro objectivo de alinhar na prova de longa distância disputada entre Berlim e Roma. E daqui passamos…para o VW Beetle!!!! Claro que o facto do Carocha de 1950 estar no Museu da Porsche tem a sua razão de ser. É que quando Ferdinand Porsche apresentou o seu estudo para a construção do carro popular, em Janeiro de 1934, o Carocha acabou por ser o carro que ele idealizou, como tendo um motor traseiro de quatro cilindros, arrefecido a ar, com uma estrutura capaz de transportar quatro pessoas.
Outro importante marco na História da Porsche foi o aparecimento do 356 e no museu pode-se ver o “Nº1” Roadster de 1948, aquele que foi o primeiro veículo a ter na sua carroçaria a designação Porsche. Construído na Primavera daquele ano na pequena cidade austríaca de Gmünd, o 356 Nº1 foi terminado de ser construído no dia 8 de Junho e o Governo Austríaco emitiu uma licença especial para poder ser testado na via pública. Este carro desportivo, com motor central era movimentado por um motor VW, com uma potência de 35bhp, sendo qu o seu peso era de 585Kg.
Dois anos mais tarde, Ferdinand Porsche inicia a construção do Porsche 356 Coupé “Ferdinand”, sendo que este foi o primeiro modelo da marca a ser produzido em Estugarda. Mas as pretensões da Porsche iam mais além e o mercado norte-americano era um dos objectivos de Ferdinand. Assim surge em 1953 o 356 America Roadster, um carro mais leve do que a versão pioneira do 356, graças à utilização do alumínio na carroçaria e nas portas de baixo perfil.
(Continua)