Clássicos • 14 Jun 2015

Clássicos • 30 Nov 2012
Lamborghini Miura
A força do touro negro
Poucas marcas italianas têm um carisma tão vincado e uma ousadia presente em praticamente todos os seus modelos como a Lamborghini. E pensar tudo começou com uma desavença com Enzo Ferrari.
Ferrucio Lamborghini, um verdadeiro entusiasta dos veículos desportivos, nasceu em Renazzo, uma pequena vila italiana. Ao contrário dos seus pais, virados para o trabalho agrário, Ferrucio tinha na mecânica a sua paixão. Pouco tempo depois de completar os seus estudos na cidade italiana de Bolonha, deflagrou a II Grande Guerra e o então jovem teve que se voltar para a manutenção de máquinas militares como modo de sobrevivência. Fê-lo na Grécia, o país para onde Ferrucio Lamborghini tinha sido destacado para cumprir os requisitos militares durante o período de guerra. Quando regressou a Itália, as suas pretensões passaram pela aquisição de veículos militares com o claro objectivo de os transformar em tractores, uma das mais preciosas ferramentas no pós-guerra italiano, já que o país transalpino precisava de se reestruturar economicamente e a agricultura necessitava igualmente de um processo evolutivo a todo o custo. O êxito em torno da sua aposta foi tal que, a partir de 1948, os tractores com a marca Lamborghini passaram a ser uma realidade. Saídos da pequena unidade de Cento, depressa a marca italiana passou a produzir também aquecedores e ar condicionados. Alargou deste modo o seu leque de produtos e os lucros começaram a surgir no que era, até à época, uma típica oficina italiana. Depois da tentativa gorada de construir também helicópteros, Ferrucio Lamborghini passou a centrar a sua atenção no fabrico de automóveis.
Início do mito
Foi em 1963 que a Lamborghini revelou à imprensa mundial o 350 GTV. Apresentado no Salão de Turim, depressa a Ferrari viu que iria ter um rival à altura, apesar de nesse ano de ’63 ser o Ferrari 250 GTO o cavalo de batalha da casa de Maranello que dava cartas um pouco por todo o mundo. Desenhado por Franco Scaglioni e construído pela Sargiotto Carrozeria de Turim, o 350 GTV estava dotado de um propulsor V12 a 60º com 3465cc de capacidade. Em termos de performance, os valores de 347,23 cv às 8.000 rpm permitiam aos condutores mais desportivos explorar toda a vertente agressiva de uma marca que até então era essencialmente conhecida pela sua produção de tractores. E foi o sucesso comercial do 350 GTV que fez com que Ferruccio Lamborghini prosseguisse na concepção de veículos com carácter essencialmente desportivo, tentando sempre que possível encontrar as falhas que existiam nos Ferrari da época e superar a marca de Modena.
Depois do pioneiro modelo da Lamborghini, a marca apresentou o 350 GT que esteve em produção entre 1964 e 1966. Somente foram fabricadas 120 unidades desta versão com chassis tubular.
Com a paragem de produção do 350 GT, a Lamborghini teve que desvendar uma novidade. Esta foi então designada por 400 GT. Com uma carroçaria tipo 2+2, este modelo da casa do touro agradou a diversas personalidades do mundo da moda e do desporto. Talvez tenha sido o motor com quase quatro litros e os cerca de 315 cv que tenham animado os mais afortunados da época. Porém, não é de descurar o facto do 400 GT ser um verdadeiro puro-sangue da marca, a que a tracção traseira contribuiu para o sucesso desportivo. Apesar das qualidades destes modelos que iniciaram a saga da Lamborghini no campo dos veículos desportivos, foi com o Miura que a marca atingiu a plenitude em termos de performance e design.
Chega o Miura
Quando os jornalistas viram pela primeira vez o Miura – nome de um touro espanhol – depressa notaram que a Lamborghini estava a mudar a sua filosofia de mercado para passar a adoptar uma postura ainda mais agressiva. O Miura, desenhado por Gianpaolo Dallara, sob o visionamento do mestre Bertone, foi analisado sob suspeita pela crítica automóvel. No ano de 1966 os jornalistas julgavam que este modelo iria ser um “one-off” da marca italiana, apesar do motor central V12 em alumínio de quatro árvores de cames, instalado atrás do banco do condutor e passageiro oferecer qualquer coisa como 350 cv às 7000. Porém, o sucesso nas vendas deste veículo desportivo superou as expectativas mais cépticas, apesar da marca italiana ter construído somente 474 unidades deste modelo.
Mas o Miura precisava de evoluir e para isso a Lamborghini apresentou várias versões deste verdadeiro carro desportivo. Assim, durante os dois primeiros anos de produção – 1966 a ’68 – cerca de 500 unidades do Miura P400 saíram da fábrica da marca. Já no final de 1968 começa a surgir a versão P400S, caracterizada pelo incremento de potência. Com a segunda geração do Miura, os condutores dos carros de Ferruccio Lamborghini puderam gozar de uns salutares 370cv às 7700 rpm, o que tornava este automóvel num elevado patamar, onde somente a Ferrari conseguiam facilmente chegar. Em termos estéticos pouco a ressalvar face ao P400. Apenas o contorno dos faróis passam a ser das únicas diferenças face ao pioneiro Miura. Em termos de equipamento a nova versão passou a integrar vidros eléctricos, um luxo pouco ou quase nada notado num carro desta raça. Mais tarde, em 1971 saem as primeiras versões do P400SV. Uma vez mais é a potência que é o principal alvo de atenção dos engenheiros da Lamborghini que conseguem extrair do bloco motriz 385cv às 7850 rpm. Segundo dados oficiais da fábrica, 150 unidades do P400SV foram vendidos.
Texto: Redação
Fotos: Lamborghini