Mercado • 05 Jun 2014
Mercado • 08 Jun 2012
Valor dos clássicos continua em alta em 2012
Já no final do ano passado, o Historic Automobile Group International tinha referido que os automóveis históricos e clássicos representam, neste momento da economia mundial, um investimento melhor que o ouro. Os valores das recentes vendas, quer privadas, quer através de leilões, confirmam essa tendência para este ano de 2012. E embora a transação mais mediática tenha sido a venda, avançada esta semana pela Bloomberg News, de um Ferrari Ferrari 250 GTO por mais de 28 milhões de Euros, a verdade é que foi precedida durante este ano por oito outras – igualmente de modelos Ferrari – que alegadamente atingiram mais de 108 milhões de euros. Embora se tratem de vendas privadas e não seja fácil confirmar estes valores, haverá contudo indícios de que os números são verdadeiros, a avaliar pela valorização de 4,82% para modelos Ferrari anunciado pelo HAGI. Esta continua a ser a marca de eleição tanto para colecionadores como para investidores que procuram diversificar a aplicação dos seus activos, sobretudo para modelos fabricados nas décadas de 50 e 60, com as transações privadas a levar a melhor sobre leilões públicos, apesar dos exitos registados pelas principais leiloeiras mundiais.
Refira-se que o Historic Automobile Group International é o primeiro e único organismo independente para o estudo financeiro do investimento em automóveis raros e clássicos, que criou benchmarks que monitorizam com precisão a evolução do mercado dos clássicos, utilizando a metodologia financeira rigorosa geralmente associada a investimentos mais tradicionais. Para que os proprietários possam aferir a performance do seu investimento ao longo do tempo, foram criados quatro índices mensais – à semelhança do que acontece nos mercados financeiros para outro tipo de activos – sendo mais significativo publicado no site do Financial Times – o Hagi Top.
John Collins, um responsável pela Talacrest – uma empresa inglesa especialista na transação de modelos Ferrari – revelou em recente entrevista ao MailOnline, estar envolvido em cinco dos oito negócios das passadas semanas, envolvendo três Ferrari 250 GTO, dois Ferrari 250 California Spyder e um 250 Berlinetta SWB. “Se alguém quisesse vender um 250 GTO, eu encontrava um comprador em 30 segundos” acrescentou Collins, referindo ainda que o 50 aniversário do GTO, que se comemora este ano, será um dos factores a catalizar estes negócios. Embora com negócios em todo mundo, Collins refere os chamados mercados emergentes, sobretudo o Médio Oriente e a China, como potenciais destinos para estes carros, advertindo claramente que, o caso da China, pode significar um problema para mercado global, uma vez que todos os carros que forem vendidos para aquele país terão tendência para lá ficar indefinidamente.
Uma performance muito superior no mercado
As conclusões do Historic Automobile Group International, que recentemente foram publicadas em livro, são de que – a longo prazo – o mercado dos automóveis clássicos obteve uma performance muito superior a outros investimentos, com uma valorização superior a arte, vinhos, ouro, e claro ao mercado bolsista, batendo o indice Standard & Poor’s 500 a trinta anos. Como refere Dietrich Hatlapa, fundador do HAGI, o objectivo desta abordagem é dar transparência ao sector e permitir que os potenciais investidores possam tomar decisões baseadas em informação concreta e fundamentada. “Quando comecei a interessar-me pelos clássicos como investimento fiquei espantado com a falta transparência que havia neste mercado. Os colecionadores e investidores tomavam decisões de compra baseando-se apenas em palpites e opiniões. Os investidores em mercados tradicionais teriam de basear-se em mais informações. É essa informação que estamos a fornecer para o mercado dos clássicos com o índice Hagi.” O HAGI possui uma base de dados proprietária que abrange mais de 100 000 transações reais. As entradas começam na data de fabrico dos carros e são atualizadas diáriamente. Os dados são recolhidos a partir de quatro fontes principais: contactos privados, especialistas nas marcas, concessionários e os resultados de leilões. Mas Dietrich Hatlapa adverte: “trata-se de um nicho de mercado, não um substituto para outros investimentos. Contudo se já investe noutras áreas, um clássico será sempre um excelente complemento para o seu portfolio, é algo que se tocar e disfrutar”.
As sucessivas trocas de mãos
O Ferrari 250 GTO da primeira série de 1962, com o chassis número 3505GT, que agora foi comprado pelo colecionador americano Craig McCaw, por mais de 28 milhões de Euros (35 milhões de dólares) foi à época vendido pela Ferrari por cerca de 7400 Euros. Foi originalmente comprado pela equipa UDT-Laystall, dirigida por pai de Stirling Moss e o seu empresário Ken Gregory, para ser conduzido por Stirling Moss e terá alegadamente o seu nome no banco do condutor. O acidente de Moss durante o Glover Trophy, em Goodwood, pouco tempo antes de receber o carro, colocou-o em coma durante um mês impedindo-o de conduzir o Ferrari na época de 1962. O volante foi então tomado pelos seus colegas Colonel Hoare e Innes Ireland, que aliás tinham ido buscar o GTO a Itália, por estrada, fazendo-lhe os quilómetros necessários à rodagem.
O carro terminou em segundo lugar no Troféu Internacional de Silverstone, ficou em terceiro lugar no Troféu Brands Hatch Peco, venceu o Royal Automobile Club Tourist Trophy em Goodwood e entrou nas 24 Horas Le Mans, prova na qual Innes Ireland e Masten Gregory desistiram depois de 12 horas de corrida, devido a problemas eléctricos.
Da história recente deste 250 GTO, fazem parte a sua compra pela Talacrest por 3,5 milhões de dólares em 1996, a venda por Yoshiho Matsuda a Eric Heerema por 8,5 milhões de dólares em 2002 e esta recente venda de Eric Heerema a Craig McCaw por 35 milhões de dólares, tornamdo-o no mais caro automóvel de sempre.
Mais informações em www.historicautogroup.com
Texto: Jornal dos Clássicos
Imagem: Talacrest
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