Alfa Romeo Giulietta Sprint Veloce Zagato, de 1958

Iniciada com o lendário modelo 6C 1750, a combinação das leves carroçarias Zagato e os sofisticados motores Alfa Romeo originaram não apenas importantes sucessos em competição, mas também a criação de alguns dos belos e elegantes e carros GT de todo os tempos. Entre os mais raros deste “exclusivo clube” encontram-se os 16 exemplares Sprint Veloce Zagato coupés, construídos entre 1956 e 1959. Todos ligeiramente diferentes, foram todos construídos para a competição, obtendo nos anos 60, importantes sucessos nas pistas, rallyes e circuitos de montanha, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
Curiosa é a forma como se inicia a associação entre Zagato e a Alfa Romeo: Massimo Girolamo Leto di Priolo foi um “gentleman driver” que comprou o seu Alfa Romeo Giulietta Sprint Veloce em Maio de 1956. Quatro dias depois, ao participar nas Mille Miglia, acabou por ter um acidente no qual destruiu a carroçaria do seu carro e, ao invés de o enviar para ser reparado pela fábrica, di Priolo entregou-o a Zagato, que lhe cortou os painéis logo dando forma a uma nova carroceria.
Com um formato mais aerodinâmico e um novo “corpo” em liga de alumínio, o novo conjunto pesava 100 kg a menos do que o carro de fábrica, com painéis em aço, pelo que esse “Sprint Veloce Zagato” coupé cedo foi acumulando uma sequência de vitórias entre o final de 1956 e 1957. Não demorou muito para que seus adversários, especialmente os que corriam em Giulietta Sprint Veloce, tomassem conhecimento do sucedido e tentassem também eles a sua sorte com a transformação, muito embora transformar um Sprint Veloce num SVZ não fosse uma operação de baixo orçamento: a somar ao preço de 2,26 milhões de Liras de um Alfa coupé novo, eram necessários mais 1,2 milhões de Liras para que Zagato procedesse à transformação.

Da Sicília ao Mónaco

Este carro, com o chassis nº 06184, tem uma história conhecida, documentada no livro de Gino Giugno, “Giulietta Sprint Veloce Zagato”. A história começa com o 06184 de Pasquale Tacci de Sciacca, na Sicília, que recebeu o seu novo Alfa Sprint Veloce em 29 de Abril de 1958 e que o levou para a Targa Florio, no mês seguinte. Mais tarde, exactamente a 1 de Julho, Tacci vendeu-o ao seu co-piloto, Baldassare Taormina, tendo este último enviado o carro para ser transformado por Zagato num SVZ ainda nesse mesmo ano.
Depois de partilhar o carro já transformado numa série de eventos na Sicília até 1960, incluindo 2 º lugar na classe e 14º à geral na Targa Florio de 1960, Baldassare vendeu o carro a Renato Flore, de Palermo, em Janeiro de 1961. O carro passou então por vários proprietários conhecidos até à sua aquisição por Giovanni Farina, de Salerno, que o manteve durente 14 anos até 1984, ano em que Luca Scheda iniciou um restauro que nunca terminou. Acredita-se que em dado momento, o motor original foi substituído por outro da mesma especificação, com quatro cilindros em linha, 1290 c.c., dupla árvore de cames e carburadores duplos Weber, a debitar 116 cv de potência.
Depois de ter sido guardado por cerca de 20 anos na loja de Gianni Torelli, este Giulietta Sprint Veloce Zagato foi vendido a um colecionador italiano em 2007 que o restaurou ao mais alto nível e com elevada atenção ao pormenor. Em 2009, o 06184 foi mostrado no Pebble Beach Concours d’Elegance e permanece até hoje em excelentes condições. O ajuste dos painéis parece ser excelente, e a cor azul claro, tal como a que foi originalmente aplicada por Zagato é bem complementada pelo seu interior vermelho, que ostenta nos bancos desportivos a assinatura Zagato.
Este Alfa Romeo Giulietta Sprint Veloce Zagato, de 1958 foi apresentado a leilão no passado fim de semana no Mónaco, pela leiloeira RM Actions, tendo atingido um valor de venda de 414 400 Euros. Esse é apenas mais um motivo pelo qual este raro e sexy “corpo” Zagato pode ser comparado – se bem que a uma escala reduzida – a um Aston Martin DB4GT Zagato, pois incorpora as melhores características de desempenho da marca, numa carroçaria leve e atraente que apenas Zagato poderia ter concebido.
Mais informações em www.rmauctions.com

Texto: Jornal dos Clássicos
Imagens: RM Auctions