“Elenore” V8, ou o V8 simplificado

Modernos 08 Mai 2012

“Elenore” V8, ou o V8 simplificado

Apesar de parecer às vezes, que já tudo se encontra inventado – pelo menos no capítulo de configurações de motores – continuam a surgir, de tempos a tempos, ideias novas e originais. Para além das mais ou menos usuais configurações V-twin, 4 em linha, V4, V6, o V8 tem sido a mais difícil de concretizar. Assim, esta Ducati “Elenore” V8 é sem dúvida, uma das mais espantosas ideias que temos encontrado.

Embora o projeto mecânico tenha já um par de anos, datando de 2010, foi recentemente actualizado com novos dados, revelando-se totalmente fascinante. Trata-se de um motor Ducati V8, de 868cc, refrigerado a ar, que utiliza apenas o par de bielas original, já que os 4 pares de êmbolos são movidos por balanceiros para andar para cima e para baixo no seu curso, dentro do 8 cilindros.

É assim dispensada a distribuição desmodrómica habitual nas motos de Bolonha, obtendo-se teoricamente uma grande suavidade graças ao funcionamento com um número reduzido de componentes.

O novo conceito é criação de engenheiro alemão com uma paixão pelas “italianas”, Dieter Hartmann-Wirthwein, que já o apresentou na Intermot – o Salão Internacional da Moto e do Motocíclo –, em Colónia, muito embora seja ainda necessário resolver alguns detalhes para o fazer funcionar.

Em termos de redução de partes móveis e portanto, de obtenção de uma relação favorável entre perdas friccionais e potência, é simplesmente genial. A cambota utiliza um veio especial, com centro de 44 mm de diâmetro, ligeiramente desfasado para permitir ao motor situar-se centralmente no quadro. A potência estimada será inicialmente de cerca de 80 cavalos. Observando os diagramas e a animação video conseguimos perceber bem como o todo funciona. A designação “Elenore” foi inspirada no famoso Ford Mustang Mach 1 de 1973 do filme “Gone in 60 seconds” de 1974, realizado por H.B. Halicki, mais tarde recuperado pelo produtor Jerry Bruckheimer, em 2000.

O criador deste inovador propulsor já há quatro anos tinha apresentado outras ideias pouco habituais, como uma BMW R50 com a cabeça adaptada para funcionar a 4 válvulas, num projecto que – assumindo capacidades de engenharia e acesso a material CNC –, é duma simplicidade quase infantil comparado com este V8. Outro dos projectos de Hartmann-Wirthwein, decididamente miniaturista, consistiu em adaptar um motor de quatro cilindros em linha que mais uma vez ele próprio desenvolveu, a uma Mini Honda, obtendo um 125 com quatro minúsculos pistões, numa configuração que imita os tetracilíndricos da marca japonesa em ponto pequeno e cujo ruído de funcionamento é digno de registo.

Texto: Jornal dos Clássicos/Paulo Araújo

Imagens: Dieter Hartmann-Wirthwein

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