MotoGuzzi V7, na vanguarda das desportivas

Clássicos 04 Mai 2012

MotoGuzzi V7, na vanguarda das desportivas

Em 1967, a Moto Guzzi chocou o mundo com a primeira moto italiana de grande cilindrada: a V7 de 700cc. Este modelo foi projectado em redor do emblemático motor bicilíndrico em V, desenhado no início dos anos 60 pelo genial engenheiro Giulio Cesare Carcano, que chegou também a conceber um motor V8 de competição – o primeiro motor com esta configuração na história do motociclismo.
Na realidade esta V7 fora, de facto, projectada em 1965, mas os continuados problemas financeiros da casa, fundada em 1921, em Mandello Del Lario, só lhe permitiram iniciar a produção após a intervenção do grupo SEIMM. A Moto Guzzi V7 Sport, produzida entre 1971 e 1973, foi então dos primeiros modelos a utilizar um propulsor refrigerado a ar, de cambota longitudinal e distribuição por varetas. Este motor começou por possuir apenas a capacidade de 700cc e 45 cavalos de potência, dando resposta a um concurso aberto pelos “Carabinieri” – a polícia italiana, que ainda hoje está equipada com motos daquele fabricante. A incorporação de transmissão por veio e bem como a robusta simplicidade do motor ajudaram a vencer o concurso, dando à marca a muito necessitada autonomia financeira. Refira-se que foi desta versão original que nasceram todos os actuais motores, que entretanto viram aumentada a sua capacidade, até aos 1200cc.
Pouco depois, em 1971, é a vez do brilhante engenheiro Lino Tonti, projectar a V7 Sport, redesenhando características do V2, que entretanto aumentara para 758cc, mas que na V7 regressa aos 748 cc com a classe de competição em mente. Esta nova versão produz cerca de 52 cavalos graças a cames mais agressivas e ao emprego de carburadores Dell’Orto de 30mm, não conseguindo, no entanto, eliminar o ligeiro efeito giroscópico que torna a inserção em curva diferente da direita para a esquerda.
Porém, o avanço mais significativo foi a criação do quadro Tonti, que actualizou a ciclística anterior adaptando-o às solicitações de mais potência dos novos motores utilizados. O quadro foi projectado tendo em vista os actuais princípios de centralização de massas, leveza e formato compacto e ainda hoje é usado, praticamente sem modificações, nos modelos Breva e Nevada. Comparado com os quadros da época, a nova concepção Tonti oferecia uma elevada rigidez, com os seus tubos direitos e curtos, colocando o motor à altura ideal de modo a baixar o centro de gravidade.
A espinha central passava de forma ideal entre o V dos cilindros, de modo a juntar o cabeçote e o braço oscilante no mais curto espaço possível. Os tubos inferiores do motor destacavam-se para a remoção o bloco.
A Moto Guzzi V7 era uma verdadeira moto de corridas, tanto que as primeiras 150 unidades foram produzidas com o quadro lacado a vermelho. Esta era uma verdadeira versão de homologação para competição, que foi utilizada com grande sucesso em corrida, sobretudo na cena americana, em contradição com habitual noção de que os motores com transmissão por veio não são adequados a boas prestações em pista.
Em jeito de celebração dos 40 anos desta V7, a Moto Guzzi lançou uma nova versão em 2007, em tudo muito semelhante às suas irmãs do início dos anos setenta.

Texto: Jornal dos Clássicos/Paulo Araújo
Imagens: Vitor Barros



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