Triumph Bonneville, um nome lendário

Clássicos 10 Abr 2012

Triumph Bonneville, um nome lendário

Quando se fala das lendárias motos britânicas, poucos nomes carregam uma carga emocional maior que a Bonneville da Triumph. O nome refere-se ao recorde de velocidade terrestre averbado por Johnny Allen, nos lagos de sal de Bonneville, em 1956, numa das 650 da marca inglesa. A T120 Bonneville original é apresentada no Salão de Earls Court em Outubro de 1958 e a sua comercialização tem início em 1959. Essa primeira Bonneville, que era uma 650, deu lugar no início da década de 70 à T140, basicamente a mesma moto com o motor alargado para 750cc. A primeira é muitas vezes chamada também de modelo de quadro duplex, enquanto as posteriores usavam um tipo de quadro em que o óleo era contido no tubo central, as chamadas OIF, ou “oil in frame” dispensando o tanque lateral, já que o motor é de cárter seco. Estas, no entanto, tiveram alguns problemas de estanquidade devido à técnica empregue para soldar os diversos elementos do quadro que compunham o depósito de óleo e acabaram por ganhar má fama de ente as Bonneville. Quanto ao motor, um bicilíndrico paralelo a quatro tempos refrigerado a ar, fora o último desenhado pelo grande Edward Turner, com o resto da moto completada em tempo recorde pelo genial desenhador Doug Hele. A partir de meados dos anos setenta, mesmo a versão de 750cc já não aguentava comparação directa com as japonesas suas contemporâneas, com a sua velocidade máxima de apenas cerca de 185 Km/h. O motor da T120, no entanto, tornou-se uma escolha popular para muitas especiais e cafe racers, como as famosas Triton. A Bonneville original, a T120, é fabricada pela Triumph Engineering Co Ltd (e subsequentemente pela Norton-Villiers-Triumph) entre os anos de 1959 e 1974. Baseada na Tiger 110, mas equipada de origem com os carburadores 1 3/16 Amal que eram opcionais na Tiger, o motor era ainda potenciado por uma came de alta performance. Inicialmente, ainda foi produzido em forma separada da caixa, permitindo ao modelo atingir cerca de 180 Km/h sem modificações, mas essa versão era pouco rígida e sujeita a abanar a alta velocidade. Posteriormente, a partir de 1963, a adopção do motor unitário (em que o motor e a caixa partilham os mesmos cárteres) permitiu compactar a unidade e melhorar a rigidez do conjunto, ajudado por reforços na coluna de direcção e escora. O ângulo de direcção foi alterado e garfos melhores tipo Ceriani instalados, o que lhe permitiu ficar à altura da concorrência. A T140 foi posteriormente desenvolvida a partir dos últimos modelos da T120 que já contavam com o óleo no quadro, (por sua vez baseados na BSA A65) e o modelo original, a T140V, vem com a capacidade aumentada para 724cc, caixa de 5 em opção e comutadores, mas ainda com travões de tambor e arranque só por pedal. Pouco depois, o motor é aumentado para 744cc e o modelo adopta travão de disco à frente. Finalmente, em 1975, por pressão da legislação americana, a moto passa a ter as mudanças do lado esquerdo e travão no pé direito, bem como disco na traseira, mas esta modificação só aparece em Portugal depois de 1978. O modelo ainda sofreu vários refinamentos, correspondentes a outras tantas tentativas de o tornar apetecível aos compradores, como a adopção de um segundo disco à frente em 1983, rodas de liga e sistema eléctrico melhorado, até que a produção na fábrica de Meriden finalmente cessou em Janeiro de 1983, sendo as T140 ainda montadas em Devon pela LF Harris a partir de 1985, até 1988.

Texto: Jornal dos Clássicos/Paulo Araújo

Imagens: Paula Brandão

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