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Ferrari 195 Inter, um “cavallino” português no MotorClássico
O mais raro e antigo modelo Ferrari em Portugal vai estar exposto na FIL, de 20 a 22 de Abril próximo. Este Tipo 195 Inter, de 1951, fará assim parte da exposição temática “Cavalos de Corrida” que celebra os 65 anos da Ferrari, e que inclui outros modelos da apaixonante marca italiana. A exposição, que será o tema central da 8ª Edição do Salão Motorclássico – Salão Internacional de Automóveis e Motociclos Clássicos, constitui pois uma excelente oportunidade para poder ver em Lisboa, um dos primeiros modelos Ferrari, que faz parte da colecção permanente do Museu do Caramulo.
De facto, o Ferrari 195 é apenas o quarto modelo produzido em Maranello (depois do 125, 149 e 166), desde que Enzo Ferrari se inicia na produção de automóveis em 1947 – muito embora tenha desenvolvido o 815 (oito cilindros de 1,5 litros), em 1939, imediatamente antes da segunda guerra mundial.
Apresentado no Salão de Paris de 1950, este Tipo 195 vem substituir o 166 e é uma evolução deste último, que vê o seu comprimento aumentado. Tal como os últimos 166 a deixar as linhas de produção, o 195 tinha um chassis mais longo 8cm, com uma distancia total entre eixos de 2,5 metros. Este aumento no comprimento efectivo do carro foi bem acolhido pelos carroçadores, pois permitia-lhes conceber modelos com mais espaço interior e proporcionar mais conforto aos abastados clientes. Como todos os modelos daquela época, o Tipo 195, possuía um motor V12 “colombo” a 60°, desenhado pelo engenheiro italiano Gioacchino Colombo. Nascido para a competição como quase todos os motores da Ferrari, também este motor vê a sua capacidade crescer quase 25%, dos 2 litros do 166 para os 2340 c.c. neste 195.
A versão S (sport) do 195 surge na Targa Florio, em 2 de Abril de 1950 embora o seu maior sucesso tenha sido nas Mille Miglia, a 23 do mesmo mês, com a vitória absoluta de Gianni Marzotto e Marco Crosara.
A versão Inter mantinha o mesmo motor, com o carter seco habitual em viaturas de competição, mas com uma menor taxa de compressão e um só carburador duplo Weber 36 DCF. Com os seus 130 CV às 3000 rpm este motor estava melhor adequado à versão de estrada, impulsionando o 195 Inter dos 0 aos 100 em menos de 10 segundos, e atingindo uns respeitáveis 170 Km/h de velocidade de ponta.
Como é do conhecimento geral, era com a venda de carros para equipas privadas, bem como para o público em geral, que Ferrari financiava aquela que era a sua verdadeira paixão: a competição automóvel através da sua “Scuderia” – a equipa que fundara em 1929.
Assim, esta designação Inter que é utilizada no Tipo 195, aparece pela primeira vez em 1949 associada à versão “grande turismo” do 166, numa clara referência aos sucessos desportivos do “Gruppo Inter” (a equipa de corridas Internacional que o príncipe Igor Troubetzkoy formou em 1948 com o conde Bruno Sterzi), em 1948 e 49, nomeadamente a vitória na XXXII Targa Florio, de um Ferrari 166S conduzido por Clemente Biondetti e o próprio Troubetzkoy. Esta foi a primeira vitória de um Ferrari numa prova de prestígio internacional. Como curiosidade, refira-se que um Ferrari 166S do “Gruppo Inter”, realizou um feito único na história do automobilismo, vencendo as três provas mais importantes daquele ano: as Mille Miglia, as 24 Horas de Le Mans e a Targa Florio de 1949.
Carrocerias por medida
O 195 Inter era um dos mais exclusivos e atraentes modelos de gran turismo na Europa do pós-guerra, uma época em que o desenho e a manufatura de várias carrocerias para o mesmo modelo era muito comum. Existiam várias empresas a trabalhar com as fábricas, como era o caso das italianas Ghia, Touring ou Vignale oerecendo abordagens de desenho vincadamente mais luxuosas ou de caris mais desportivo.
Muito embora este 195 Inter não tenha sido construído para ser um verdadeiro carro de corrida, as suas caracteristicas desportivas acabaram por se evidenciar em 1951, ao vencer o Rally Alpine Stella, com Salvatore Ammendola ao volante, e a obter também bons resultados nas Mille Miglia desse ano. O 195 foi produzido durante cerca de um ano, para no final de 1951 ser substituído pelo 212, apresentado no salão de Bruxelas desse mesmo ano.
Este magnífico Ferrari 195 Inter, com matrícula portuguesa, foi produzido já em 1951 e tem o número de chassis 0103S. Possui uma carroceria Vignale – fabricada pela Carrozzeria Alfredo Vignale, em Turim –, totalmente em alumínio, pesando apenas 1060 kg. Foi importado, em 17 de Abril de 1951, pelo agente Ferrari no Porto João A. Gaspar. Posteriormente foi propriedade do desportista e corredor José António Soares Cabral, do Porto, tendo sido adquirido por João de Lacerda, em 15 de Janeiro de 1958. Foi totalmente reparado, em Inglaterra, na conceituada firma David Clarke Graypaul Motors.
Mais informações em www.motorclassico.com
Texto: Jornal dos Clássicos
Imagens: Museu do Caramulo/Carlos Vasconcelos e João Lavadinho
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