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Honda CB750 Four, a moto que mudou tudo
A Honda CB750 Four é geralmente considerada a moto que estabeleceu o domínio das japonesas e precipitou a decadência das inglesas, quando surgiu no mercado há mais de quarenta anos, na Primavera de 1968. O modelo não foi a primeira japonesa a ter sucesso no ocidente, pois já anteriormente as ferozes Kawasaki a 2 tempos ou a avançada CB450 DOHC da própria Honda tinham causado furor. Porém, a sua combinação de sofisticação, fiabilidade e suavidade de operação viriam a simbolizar as qualidades que afirmaram as motos do sol nascente na década que se seguiu. Um motor de quatro cilindros em linha, convencional mas perfeitamente estanque, silencioso e bastante potente para a altura, era o ponto focal de um conjunto que incluía os graciosos 4 escapes curvados e uma estética sensualmente conservadora, baseada nos princípios japoneses de harmonia e equilíbrio. Imediatamente reconhecível na roda da frente, um travão de disco dianteiro que Soichiro Honda decidira, apesar das dúvidas dos seus engenheiros no sistema ainda por provar, teria de ser o adoptado, em vista do posicionamento da marca sua homónima na vanguarda da tecnologia. A nova Honda tinha sistema eléctrico de 12 volts, arranque eléctrico, nem uma gota de óleo à vista e debitava 67 cavalos, podendo atingir os 190 Km/h apesar dum peso a orçar os 235 Kg. Disponível em vermelho rebuçado e azul metalizado, o acabamento era de primeira, desde a pintura à disposição da cablagem e controles. O motor de 736cc atingia regimes altos para uma moto de estrada da época, com potência máxima declarada às 8.000 e “redline” de 8.500 rpm! Com dimensões de 61 x 63mm, árvore de cames única, distribuição por corrente e cárter seco, era alimentado por um banco de 4 carburadores Keihin de 28mm, operados por quatro cabos que se uniam por baixo do depósito – logo depois, no modelo K1, substituídos por um veio que os actuava em simultâneo. O reservatório de óleo situava-se sob a tampa do lado direito. A CB750 não era uma moto leve e isto, aliado à estreita roda traseira de 4:00/18, provocava excessivo desgaste das correntes, um dos problemas dos primeiros modelos que a fábrica tentou corrigir, montando a certa altura um oleador regulável. Reunindo muito mais qualidades que defeitos, a CB750 foi a precursora das modernas Superbike, e hoje, após muitos modelos e evoluções que prolongaram a série até 1979, com quase um milhão de unidades fabricadas, é cada vez mais um clássico em valorização.
Texto: Jornal dos Clássicos/Paulo Araújo
Imagens: Vitor Barros