Eventos • 29 Jul 2015
Eventos • 26 Dez 1996
Raid Histórico sem Apoio de S. Pedro
O Raid Figueira da Foz / Lisboa encerrou, como já é habitual, a temporada de eventos organizados pelo CPAA. Apesar do mau tempo, os ânimos não esmoreceram, e apenas um dos automóveis não chegou à capital pelos seus próprios meios.
A reconstituição anual da primeira corrida de veículos motorizados em Portugal – e na Península Ibérica, teve lugar nos dias 18 e 19 de Outubro. À partida encontravam-se não seis, como em 1902, mas 33 automóveis. Nenhum poderia estar presente na primeira edição da prova, já que o mais antigo datava de 1923 – o Rolls Royce 20 hp de José Sequeira Pereira – no entanto, um dos grandes atractivos desta prova é o facto de todos os automóveis presentes serem anteriores a Segunda Guerra Mundial. Na verdade, na edição de este ano, apenas quinze anos separavam o mais antigo, do mais recente -o Renault Primaquatre de José Silva Santos. O tempo é que não quis nada com espírito bem-disposto dos concorrentes, que cedo perceberam ter pela frente dificuldades acrescidas para cumprir, a horas, o percurso.
Tudo a Acelerar
Na sexta-feira desenrolou-se a tão ansiada prova de aceleração, a oportunidade para alguns concorrentes mostrarem que os seus bólidos são os mais rápidos. Foi vê-los a “arranhar” a segunda, para poupar aquele décimo de segundo que lhes permitiria um orgulhoso lugar nos três primeiros. Na categoria C (automóveis fabricados entre 1919 e 1930) o vencedor foi Manuel Ribeiro Silva, com o Ford A, de 1928, com o tempo “canhão” de 6.83 s (o tracado onde se realizou a prova tinha cerca de oitenta metros). Na categoria D (automóveis fabricados entre 1931 e 1946) o vencedor foi Miguel Correta, em Citroen TA 7cv, de 1936, seguido por dois Ford V8. Os segundo e terceiro lugares da categoria C foram “limpos” por dois Ford T, que se tornaram a sensação da prova. O mais rápido fez um tempo inferior a oito segundos.
Um Lamy Disfarçado
Ao jantar não se falou de outra coisa, cada um tinha a sua teoria sobre o assunto: houve quem dissesse que os motores tinham sido preparados em Inglaterra, que os Ford T estavam equipados com pneus de chuva, que alguém se tinha enganado nas contas… Os conhecedores afirmavam que o revolucionário sistema da caixa de velocidades dos T estava na origem das magníficas prestações obtidas. e houve ainda quem jurasse que um deles tinha sido conduzido pelo Pedro Lamy… Enfim, ficamos convencidos que no próximo ano haverá mais Ford T à partida. Depois do jantar aprendemos ainda como mudar à mão o pneu furado de um Isetta, numa próxima oportunidade descreveremos o complicadíssimo processo…
3, 2, 1…Partida
Os automóveis começaram a sair da Figueira um pouco depois da hora prevista (oito horas). Soubemos mais tarde que tal se ficou a dever ao facto de ninguém querer partir antes dos Ford T. com medo de ser por eles ultrapassado e deixado vergonhosamente para trás.. Apenas dois concorrentes não partiram no horário previsto, Horácio Gonzalez – a caixa do seu Ford A não resistiu à prova de aceleração – e António Lobo, já que o Bentley se “constipou”, devido à chuva que caiu durante a noite. Apesar de ter partido mais de três horas depois (não tendo podido chegar a tempo a nenhum controlo) ainda conseguiu apanhar alguns concorrentes pelo caminho.
A comitiva seguiu, o mais fielmente possível, o trajecto efectuado em 1902, passando por Montemor-O-Velho, Coimbra, Leiria e Alcobaça, onde almoçaram. Este ano, ao instaurar-se o “Dia do Automóvel Antigo”, estavam à espera dos concorrentes bastantes entusiastas e os seus automóveis antigos, numa inesquecível, que fez as delícias dos mais gulosos, categoria na qual, contidamente, nos incluímos. Junto á igreja do Campo Grande encontravam-se muitas pessoas, e alguns clássicos de variadas épocas, da Foz/ Lisboa, e encerrou-se a temporada dos eventos realizados pelo CPAA. Por nossa parte, desejamos que na próxima edição participem mais automóveis, que a prova decorra sem percalços, como aconteceu iniciativa conjunta do Jornal dos Clássicos e do CPAA.
Gasolina dos Anos 20
Depois do almoço, gentilmente oferecido pelos entusiastas de Alcobaça, os participantes retomaram a sua marcha, não sem antes abastecerem os depósitos dos seus automóveis “à moda antiga” (e simbolicamente, já que cada um teve apenas direito a cinco litros de gasolina) numa bomba dos anos vinte, propriedade da Mobil. Antes da chegada a Lisboa, pudemos ainda saborear o magnífico pão de ló do Cadaval, uma experiência que felicitaram, com a sua presença e entusiasmo, os heróis, no final da aventura. Ao jantar, distribuíram-se placas comemorativas do Raid Figueira este ano, e que oS. Pedro resolva patrocinar o esforço e a coragem dos concorrentes…