Eventos • 14 Abr 2014

Eventos • 23 Dez 1996
Portugueses Premiados em Troyes
Há 10 anos, quando foi organizado pela primeira vez este grande encontro bienal, talvez os seus criadores já estivessem a pensar a longo prazo – reunir este ano 330 automóveis antigos idos de 12 países diferentes (houve quem fosse por estrada..) é obra! E os portugueses não podiam faltar, pois então, que as “48 Horas de Troyes” são daquelas coisas que não se esquecem facilmente.
Um bom clima, no ambiente e na meteorologia, recebeu as representações dos países que ali se deslocaram, para, durante dois dias, “beber” (para além do fabuloso champanhe da região) um mundo de coisas – automobilia, exposição de veículos militares, essas maravilhas que são os carros para crianças – nada com as electrónicas de hoje, mas carrinhos, a pedais ou com motor, que partilharam a infância dos nossos pais (e que também têm o seu concurso de elegância – até um museu de brinquedos se faz representar!), motos, as delegações de importantes clubes (Bugatti, Hotchkiss e por aí fora…) e até os percursos de estrada com três quilometragens diferentes, apenas para quem o pretendia, já que eram facultativos.

O Peso do vencedor em Champanhe
Mas foram muitos os que se meteram à estrada, para ver as belezas da região, com o Castelo de Menois a servir de ponto de “reabastecimento” para os estradistas. Tudo isto e muito mais, a culminar com o concurso de elegância, ganho por um magnífico “cabriolet” Maybach Zeppelin, que, quando foi apresentado no Salão de Berlim de 1938. nunca deve ter pensado vir a estar em tal estado de primor tantos anos depois… foi apresentado pelo conhecido restaurador André Lecoq. que assim ganhou o seu peso em champanhe! Imaginem um concurso de elegância em que se recua no tempo – Os participantes vão trajados à época (e têm de se esmerar, pois são pontuados por isso, tal como a beleza da carroçaria, FAC-87-440* qualidade do restauro, etc.) e uma orquestra toca ao vivo melodias alusivas aos anos dos veículos que vão sendo apresentados perante o júri internacional!
Prémios para Trazer
Os representantes do C.P.A.A. foram Carlos Marques Sereno (Bentley 4 1/4 1936), António Coucello (Ford A Roadster 1929), Vitor Gonzalez (Allard 1949), António Cardoso Lima (Austin Le Mans 1933) e José María Sequeira Pereira (Alvis Speed 1934); como ” penduras”, uns optaram pelas esposas. outros por companheiros de estrada – Simões do Paço, José Cayolla e o Eng.° Lopes da Silva, sempre presente. E não vieram de mãos a abanar, Coucello foi o 4° classificado na gincana, Cardoso Lima também foi premiado, pelo historial, com o seu Austin – modelo que correu em Le Mans em 1933 e o casal Sequeira Pereira ajudou o Alvis a receber o segundo prémio da sua classe. “Troyes é uma cidade pequena e todas as pessoas são voluntárias, não recebem qualquer remuneração e sabem muito bem o que têm a fazer. Quem vai buscar as delegações ao hotel pode ser médico, ou advogado…” – refere Sequeira Pereira bem impressionado.com a organização. “É fantástica, especialmente com a quantidade de gente e de automóveis… qualquer coisa a que não estamos habituados.”

Milhares de Visitantes
Inicialmente, as 48 Horas de Troyes eram anuais, mas o crescimento do evento, este ano efectuado pela oitava vez, obrigou à alteração – trabalho que tem dado resultado, pois há cada vez mais gente a ir a Troyes para participar, para ver (qualquer coisa como 35.000 entradas!) e a falar deste grande fim de semana, como vai sendo o caso da imprensa em geral e mesmo de cadeias de televisão de certos países participantes. Antônio Coucello gostava de lá voltar e também se divertiu… “Mas não é bem o meu género, não há competição…” – apesar de tudo, conseguiu o quarto lugar na curiosa gincana: “Era um circuito com mais de um quilómetro, com uma parte de condução em que o “pendura” segurava uma bandeja com quatro copos cheios de líquido, que não podiam entornar… Havia que subir uma rampa e parar com as rodas de trás sobre o risco… e depois uma prova de marcha atrás em que o piloto levava os olhos vendados e o “pendura” é que ia dando as indicações, até parar junto a um fio que estava esticado…” – ainda houve que responder a uma pergunta sobre automóveis antigos, tudo isto a ajudar a conseguir o quarto lugar.
Portugueses por Todo o Lado
Carlos Marques Sereno também não poupa elogios à organização: “É ímpar, sentimo-nos mesmo muito bem, é como uma grande família, são uma série de países e nem se dá por isso! A nossa delegação foi sempre acompanhada por dois franceses e um português – aliás, foi curioso entrar nos cafés e descobrir que havia lá portugueses a trabalhar…. Quanto ao concurso de elegância, Sereno pensa que lera pouca informação sobre o que ia passar: “Não é só o traje. há quem faça pequenos actos teatrais – os ingleses, por exemplo, simularam um acto de furo, trocando a roda a um Lagonda… há sempre uma pequena “mise-en-scene” e nem todos têm jeito para isso… Fantástico é também a quantidade de gente que assiste a tudo aquilo!” Impressionado pelo final do passeio em que participou, com orquestra a tocar e tudo, Carlos Sereno pensa voltar -‘com outro carro mais antigo – e agora já sei como é!’. Parte do convívio foi feito ainda com um emigrante português, Toni Sequeira comerciante de automóveis antigos que participou com um Bugatti… E tudo leva a crer que, para os portugueses que este ano repetiram a viagem, sempre vai ser verdade que não há duas sem Troyes….

Deixe um comentário