Portugueses Premiados em Troyes

Eventos 23 Dez 1996

Portugueses Premiados em Troyes

Há 10 anos, quando foi organizado pela primeira vez este grande encontro bienal, talvez os seus criadores já estivessem a pensar a longo prazo – reunir este ano 330 automóveis antigos idos de 12 países diferentes (houve quem fosse por estrada..) é obra! E os portugueses não podiam faltar, pois então, que as “48 Horas de Troyes” são daquelas coisas que não se esquecem facilmente.

Um bom clima, no ambiente e na meteorologia, recebeu as representações dos países que ali se deslocaram, para, durante dois dias, “beber” (para além do fabuloso champanhe da região) um mundo de coisas – automobilia, exposição de veículos militares, essas maravilhas que são os carros para crianças – nada com as electrónicas de hoje, mas carrinhos, a pedais ou com motor, que partilharam a infância dos nossos pais (e que também têm o seu concurso de elegância – até um museu de brinquedos se faz representar!), motos, as delegações de importantes clubes (Bugatti, Hotchkiss e por aí fora…) e até os percursos de estrada com três quilometragens diferentes, apenas para quem o pretendia, já que eram facultativos.


O Peso do vencedor em Champanhe

Mas foram muitos os que se meteram à estrada, para ver as belezas da região, com o Castelo de Menois a servir de ponto de “reabastecimento” para os estradistas. Tudo isto e muito mais, a culminar com o concurso de elegância, ganho por um magnífico “cabriolet” Maybach Zeppelin, que, quando foi apresentado no Salão de Berlim de 1938. nunca deve ter pensado vir a estar em tal estado de primor tantos anos depois… foi apresentado pelo conhecido restaurador André Lecoq. que assim ganhou o seu peso em champanhe! Imaginem um concurso de elegância em que se recua no tempo – Os participantes vão trajados à época (e têm de se esmerar, pois são pontuados por isso, tal como a beleza da carroçaria, FAC-87-440* qualidade do restauro, etc.) e uma orquestra toca ao vivo melodias alusivas aos anos dos veículos que vão sendo apresentados perante o júri internacional!

Prémios para Trazer

Os representantes do C.P.A.A. foram Carlos Marques Sereno (Bentley 4 1/4 1936), António Coucello (Ford A Roadster 1929), Vitor Gonzalez (Allard 1949), António Cardoso Lima (Austin Le Mans 1933) e José María Sequeira Pereira (Alvis Speed 1934); como ” penduras”, uns optaram pelas esposas. outros por companheiros de estrada – Simões do Paço, José Cayolla e o Eng.° Lopes da Silva, sempre presente. E não vieram de mãos a abanar, Coucello foi o 4° classificado na gincana, Cardoso Lima também foi premiado, pelo historial, com o seu Austin – modelo que correu em Le Mans em 1933 e o casal Sequeira Pereira ajudou o Alvis a receber o segundo prémio da sua classe. “Troyes é uma cidade pequena e todas as pessoas são voluntárias, não recebem qualquer remuneração e sabem muito bem o que têm a fazer. Quem vai buscar as delegações ao hotel pode ser médico, ou advogado…” – refere Sequeira Pereira bem impressionado.com a organização. “É fantástica, especialmente com a quantidade de gente e de automóveis… qualquer coisa a que não estamos habituados.”


Milhares de Visitantes

Inicialmente, as 48 Horas de Troyes eram anuais, mas o crescimento do evento, este ano efectuado pela oitava vez, obrigou à alteração – trabalho que tem dado resultado, pois há cada vez mais gente a ir a Troyes para participar, para ver (qualquer coisa como 35.000 entradas!) e a falar deste grande fim de semana, como vai sendo o caso da imprensa em geral e mesmo de cadeias de televisão de certos países participantes. Antônio Coucello gostava de lá voltar e também se divertiu… “Mas não é bem o meu género, não há competição…” – apesar de tudo, conseguiu o quarto lugar na curiosa gincana: “Era um circuito com mais de um quilómetro, com uma parte de condução em que o “pendura” segurava uma bandeja com quatro copos cheios de líquido, que não podiam entornar… Havia que subir uma rampa e parar com as rodas de trás sobre o risco… e depois uma prova de marcha atrás em que o piloto levava os olhos vendados e o “pendura” é que ia dando as indicações, até parar junto a um fio que estava esticado…” – ainda houve que responder a uma pergunta sobre automóveis antigos, tudo isto a ajudar a conseguir o quarto lugar.

Portugueses por Todo o Lado

Carlos Marques Sereno também não poupa elogios à organização: “É ímpar, sentimo-nos mesmo muito bem, é como uma grande família, são uma série de países e nem se dá por isso! A nossa delegação foi sempre acompanhada por dois franceses e um português – aliás, foi curioso entrar nos cafés e descobrir que havia lá portugueses a trabalhar…. Quanto ao concurso de elegância, Sereno pensa que lera pouca informação sobre o que ia passar: “Não é só o traje. há quem faça pequenos actos teatrais – os ingleses, por exemplo, simularam um acto de furo, trocando a roda a um Lagonda… há sempre uma pequena “mise-en-scene” e nem todos têm jeito para isso… Fantástico é também a quantidade de gente que assiste a tudo aquilo!” Impressionado pelo final do passeio em que participou, com orquestra a tocar e tudo, Carlos Sereno pensa voltar -‘com outro carro mais antigo – e agora já sei como é!’. Parte do convívio foi feito ainda com um emigrante português, Toni Sequeira comerciante de automóveis antigos que participou com um Bugatti… E tudo leva a crer que, para os portugueses que este ano repetiram a viagem, sempre vai ser verdade que não há duas sem Troyes….

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