Arquivos • 17 Jan 2014
Downton Engineering: uma das melhores empresas de conversão de automóveis
Foi no fim-de-semana mais quente de Setembro, que teve lugar, nos jardins do Casino do Estoril, a terceira edição do concurso de restauro e elegância automóvel mais importante do nosso país – o Estoril Classics. Fazendo já parte do calendário de qualquer apreciador de automóveis antigos que se preze, este ano havia ainda um aliciante especial: nada mais nada menos que oito marcas portuguesas.
Na edição deste ano do Estoril Classics, havia trinta e seis expositores (concorrentes), e ainda a participação especial de uma Harley Davidson com «side-car», de 1934, para além da já referida mostra de automóveis fabricados no nosso país. Ao júri, constituído pelo Eng. João Lopes da Silva, vice-presidente do CPAA, Dr. António Oliveira Simões. Michael Bowler (editor-fundador «Thoroughbred and Classic Cars») e António Bravo, não se lhe afigurava fácil a tarefa de escolher, de entre os magníficos exemplares expostos, aqueles que mereciam ser premiados.
Na classe «Coupés e Cabriolets» da época compreendida entre 1910 e 1927, podíamos apreciar um Darracg 11 de 1910. Do colecionador Helmut Peitz, que apesar de ser o mais antigo, foi também um dos poucos a chegar pelos seus próprios meios; tendo em conta a sua idade, oitenta e seis anos, há que reconhecer a proeza. De 1914 era o Sunbeam 12-16 hp, um dos modelos mais bonitos presentes no concurso. Este exemplar, antes do Eng. Carlos Sereno, só havia tido outro proprietário, desde que saiu da fábrica. Um dos automóveis antigos com maior importância histórica no nosso país é sem dúvida o Mercedes Benz28/95 PS, de 1921. Tendo pertencido a Abílio Nunes dos Santos, que o adquiriu no Salão de Paris daquele ano, venceu o «Quilómetro de Arranque», disputado na Av. da Liberdade, em Lisboa, nos anos vinte.
A sua carroçaria «Skiff», em mogno, é um verdadeiro monumento aos loucos anos vinte. O seu estado muito original, com uma deliciosa «patine», faz dele uma verdadeira máquina do tempo. A esta classe pertencia ainda o Alvis 12/50 Ducksback, de 1927, de Diamantino Castelhano. Com a sua carroçaria de alumínio polido, k, de o mínimo que se pode dizer é ntino que era o mais «brilhante» dos seus automóveis expostos.
A categoria reservada aos automóveis desportivos (ou de sport) estava dividida em três classes: automóveis fabricados entre 1929 a 1938 (grupo A). Entre 1946 a 1960 (grupo B) e entre 1962 a 1973 (grupo C). Na primeira, pontificava um Bugatti Type 40 Sport, de 1929, do colecionador Fernando Martins. Apesar de pequeno, impressionava, em simultâneo, pela sua elegância e raça. No entanto, a concorrência ao Type 40 era acérrima: um Riley Sprite de 1938. de José Manuel Albuquerque, dois Invicta 4.5 S. um de 1931 e outro de 1932, ambos com carroçaria Sport Tourer, e um Aston Martin de 1932, garantiam a qualidade do lote. No grupo B, o número de expositores era mais reduzido (apenas três), mas a qualidade dos modelos apresentados era igualmente exemplar.
Um MG TC de 1946, impecavelmente restaurado, abria esta classe. A fazer-lhe companhia estava um belíssimo Maserati A6 1500 de 1949, de Fernando Martins. A carroçaria desta «berlinetta», da autoria de Pininfarina, é de uma pureza de linhas fantástica, semelhante à do Cisitalia 202, também de Pininfarina, exposto no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Até há pouco tempo, era o único automóvel aí exposto. Um elegante roadster britânico, um AC Ace Bristol de 1956, integrava ainda esta categoria. No grupo C, os concorrentes eram mais numerosos. Iam desde um Lancia Flaminia Convertible de 1962, a um Renault Alpine A110 1600 S de 1973. Pelo meio havia ainda que contar com um Porsche 356 C 1600 de 1965, e com um AC Cobra 427, de 1966, que, com sete litros de cilindrada, e cerca de 500 cv, era, sem dúvida, o mais potente dos automóveis exibidos. Um MGB GT, de 1967, um Siata Spring, de 1968, e um Porsche 914, de 1970, preenchiam os restantes expositores dedicados a esta classe.
Na edição deste ano, houve uma classe dedicada aos Bentlev e Alvis fabricados entre 1924 e 1952. O mais antigo, do colecionador Wouter Teerling, era um Bentley 3 litros Speed Model, de 1924. Os Bentley desta época são os preferidos pelos admiradores da marca, visto terem sido fabricados antes daquela tersido adquirida pela Rolls Royce. O exemplar presente nos jardins do Casino encontra-se em óptimo estado de conservação, com uma «patine» invejável.
Dez anos mais novo do que o Speed Model, mas com uma carroçaria muito elegante – realizada pela firma inglesa Mayfair Carriage Co. Ltd – e um restauro de grande qualidade (não lhe faltavam nem as malas à medida, atrás dos bancos) o Alvis Speed Twenty de José Maria Sequeira Pereira, era um sério concorrente à vitória na classe. Os Bentley, no entanto, estavam em maioria, já que, para além do 3 litros, havia ainda que contar com um 3,5 | Saloon de 1934, com um 414 | cuja carroçaria, de H.J. Mulliner, primava pela elegância, e um Mk VI Standard Steel Saloon, de 1952. De entre eles já se adivinhava que o 4 seria um forte candidato ao prémio «Best of Show» …. Na classe reservada aos Jaguar, a escolha também não seria fácil.
O impecável XK 140 Roadster, de 1955, de Pedro Lobo do Vale, era o mais antigo, mas o seu rival mais directo era o mais recente modelo em exibição: o E Type Roadster terceira série, de 1975. Podia ainda apreciar-se um XK 150 Fixed Head Coupé, de 1959, um MK II3.8 de 1960 e um EType Roadster de 1961. Na classe designada «Estilo Americano», estavam compreendidos automóveis fabricados do outro lado do Atlântico, entre 1928 e 1947. Precisamente no ano de 1928, era o Ford T fabricado no Canadá. Também desse anocra o imponente Pierce Arrow, modelo 81 Roadster, de António Simões do Paço. Este automóvel, equipado com motor de seis cilindros, incluía os característicos faróis carenados nos guarda-lamas. que caracterizavam os modelos da marca do arqueiro.
Ainda no mesmo ano dos dois modelos referidos, podia ver-se um Hudson Super Six, com uma carroçaria Sedan de sete lugares, que nos fazia lembrar os filmes de gangsters da época da «Lei Seca». Em representação dos anos trinta, havia dois modelos: o Packard 740 de 1930, com uma elegante e distinta carroçaria Coupé, um automóvel de cavalheiro, e um Chrysler CM de 1931, com uma carroçaria Coupé Convertible, dos quais foram produzidas apenas 1492 unidades. Demonstrando a opulência do pós-guerra, o Buick Roadmaster Convertible, de 1947, impunha respeito pelas suas dimensões e formas. Em Portugal não há mais nenhum exemplar deste modelo.
E os vencedores são… Na classe «Coupés e Cabriolets», o primeiro lugar foi para o Sunbeam 12-16hp, e o segundo para o Alvis 12/50 Ducksback. Na categoria «Desportivos», no grupo A, o vencedor foi o Invicta 4.5 S de 1932, de Filipe Vaz, classificando-se o seu «irmão», no segundo lugar «ex-acquo» com o Riley Sprite de 1938. No grupo B o júri atribuiu apenas o primeiro lugar, que coube ao Maserati A6 1500.um automóvel verdadeiramente excepcional. No grupo C também foi apenas atribuído o primeiro prémio, ao Porsche 356C 1600 de Jorge Serras. com o restauro quase perfeito. Na classe «Bentley/Alvis», o vencedor foi o Alvis Speed Twenty de 1934, tendo o Bentley 3 litros Speed Model alcançado o segundo lugar.
Na classe Jaguar, venceu o EType Roadster terceira série, tendo o XK 140 roadster ficado muito próximo em termos de pontuação. A classe «Estilo Americanos foi das mais renhidas, tendo sido galardoados três modelos: em primeiro lugar ficou o Hudson Super Six de Fernando Martins, em segundo o Packard 740 de Helmut Peitz, e em terceiro, o Pierce Arrow 81 de António Simões do Paço. Foi sem surpresa que o prémio «Best of Show» viajou para o Entroncamento, no Bentley4. Ide José Dias Vieira. A quase totalidade do restauro foi efectuada em Portugal, e com um nível de qualidade muito elevado. o que justificou plenamente a atribuição do prémio.
A organização do evento pela 4D conseguiu mais Uma vez reunir um conjunto de automóveis antigos de grande qualidade, deliciando o público que se deslocou ao Estoril para os apreciar. O único reparo respeita a escolha das categorias, que os próprios concorrentes consideraram polémica, nomeadamente separando os automóveis americanos dos outros. Temos a certeza que a organização do evento se encarregará de a rectificar. Quanto ao resto, só nos resta esperar que a próxima edição do Estoril Classics seja pelo menos tão boa como foi a deste ano.
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