Arquiteto Cardoso Lima, Vogal do CPAA

Arquivos 13 Out 1996

Arquiteto Cardoso Lima, Vogal do CPAA

Em finais de 1964, um grupo de amigos liderado pelo coleccionador Francisco Cardoso Lima, e com gosto pelos automóveis antigos, criava na cidade do Porto, o Clube Portuense de Automóveis Antigos. O “Portuense” daria lugar ao “Português” em deliberação de Assembleia Geral a 31 de Maio de 1967, por solicitação de inúmeros sócios espalhados por vários pontos do país, dando origem ao conhecido e prestigiado maior clube de automóveis antigos existente em Portugal – o Clube Português de Automóveis Antigos, CPAA.

Jornal dos Clássicos quis saber como vai a saúde do CPAA e rumou à sede respectiva na Rua Duque de Saldanha, no Porto, para uma conversa com um dos elementos da Direcção e seu porta-voz, o Arquitecto António Cardoso Lima, que nos falou da vida do clube, bem como das iniciativas e projectos futuros que colocam aos actuais dirigentes, após a demissão do anterior presidente da Direcção e a primeira resposta surgiu naturalmente:

“O clube está a concretizar todo o seu programa desportivo”


ACL – a presente direcção que é basicamente composta pelos elementos que continuaram a gerir o clube, após a demissão do ex-presidente da Direcção em 1994, encontrou o Clube sem qualquer problema e com projectos e actividade devidamente programado. Situações difíceis que as houve já tinham sido resolvidas na devida altura. Encontrámos o Clube em normal funcionamento e apto a desempenhar cada vez mais e melhor as funções e objectivos para que foi fundado.

JC – Esta direcção tem concretizado os objectivos que se propôs realizar quando tomou posse?

ACL – Esta direcção que somente tomou posse em Março de 1996, em Assembleia Geral, onde pela primeira vez apareceram duas listas concorrentes, tem cumpridos os objectivos que se propôs realizar: continuar o programa desportivo agendado, informatizar o clube a todos os níveis, permitindo desse modo a ligação directa com Lisboa. Concluir as conversações com a FPAK-ACP, com vista a implementar em Portugal o acordo FIA-FIVA, com vista a gerir e fiscalizar as provas de automóveis antigos de regularidade. As conversações estão bem encaminhadas para um total acordo entre o CPAA e FPAK, no tocante às atribuições que caberão ao Clube, enquanto representante em Portugal da FIVA. Como representante da FIVA em Portugal, propomo-nos realizar um encontro com todos os clubes e outras entidades que se dedicam aos automóveis antigos existentes no nosso país, com vista a coordenar todas as actividades desportivas e outras. Espera-se também deste encontro, objectivos bem definidos que se prendem também em intensificar e desenvolver o gosto pelo restauro e conservação dos automóveis antigos. Desejava acentuar também a presença e importância do Clube internacionalmente, nomeadamente na FIVA. O nosso representante, engenheiro Jorge Seabra, tem realizado um óptimo trabalho naquele organismo que de ser realçado.

“Propomo-nos realizar um encontro com todos os clubes e outras entidades com cista a coordenar todas as actividades desportivas e outras.”


JC – E, em Portugal, como está implantado o CPAA fora de Lisboa e Porto?

ACL – No tocante à expansão do nosso Clube, para além da delegação de Lisboa e da dependência da Covilhã, já existentes, vamos alargar e fomentar a criação de novas dependências regionais, de modo a aumentar e fomentar a criação de novas dependências regionais, de modo a aumentar e consolidar o CPAA, como o maior e mais importante clube português. Todos estes objectivos têm sido cumpridos ou estão em vias de se concretizar. 

JC – É sabido que torna-se necessário criar “lobies” junto das entidades europeias, de molde a que os automóveis antigos, possam não perder regalias já conquistadas, por exemplo, no tocante à sua circulação por questões de poluição. O clube tem acompanhado este processo?

ACL – O representante da FIVA, na União Europeia, o senhor R. J. Dawson, tem transmitido para o nosso clube todas as directivas relacionadas com os automóveis antigos, depois de devidamente tratadas, assim como também recebe da nossa parte todas as informações daquilo que se passa no nosso país. O clube está atento às directivas europeias, e no caso de alguma disposição ser contrária aos nossos interesses, não deixará de manifestar os seus pontos de vista, de molde a defender os nossos interesses. Gostaria de referir a Portaria nº117-A/96 de 15 de Abril, em que os automóveis antigos dicam exceptuando da obrigatoriedade da inspeção periódica. Contudo, é obrigatório circular com um certificado que ateste que o automóvel é antigo, certificado esse que tem de acompanhar o livrete, para poder circular com plena legalidade. É ao clube que compete a atribuição desse certificado, encontrando-se já registados e certificados cerca de 3000 automóveis. O Conselho Técnico tem desenvolvido até ao momento um trabalho de grande importância, por ser único com capacidade para autenticar os automóveis antigos. No tocante aos registos existe uma coordenação entre o clube e a FIVA, pois os certificados são reconhecidos internacionalmente por aquela entidade, o que nos honra em relação ao trabalho feito. Estes certificados são da maior importância, pois são imprescindíveis também para a participação em ralis internacionais, tanto para os nossos concorrentes que se desloquem ao estrangeiro, como para aqueles que desejam participar em provas no nosso país.

“O CPAA está atento às directizes europeias e, no caso de contrárias aos nossos interesses, não deixará de se manifestar.”

JC – Como estão as relações do clube com o “poder” no nosso país?

ACL – O Clube Português de Automóveis Antigos tem encontrado por parte dos vários dos vários governos, uma grande atenção e sensibilidade no que respeita aos automóveis antigos. O Clube está representado numa “comissão” que aprecia e estuda a importância ou admissão de veículos antigos no nosso país, pois todos sabemos que dessa forma estamos a enriquecer o nosso património. Com a Direcção-Geral de Viação, temos tido um grande apoio nomeadamente na recolha e documentação referente aos automóveis antigos, os quais estavam em arquivo e que passarão a enriquecer a biblioteca do Clube.

JC – No aspecto desportivo o que tem sido feito no tocante a provas?

ACL – O CPAA, já organizou três ralis mundiais, o último dos quais em 1994 e prepara-se para apresentar a candidatura à realização do rali mundial FIVA a efectuar no ano 2001. Com respeito a provas desportivos no nosso país, o calendário proposto pela Direcção que incluía cinco ralis, três deles já foram realizados faltando o Rali de Outono (Setembro) e a “clássica” Figueira da Foz/Lisboa a realizar em Outubro. A par disto, gostaríamos de salientar as secções de marca que existem dentro do Clube, as quais têm realizado vários passeios em diferentes regiões do país. Como o total de secções são dez, isso corresponde a dez passeios, com itinerários diferentes, o que pressupõe uma divulgação interessante dos automóveis antigos no nosso país. Temos realizado contactos com clubes estrangeiros, de modo a efectivar-se uma maior presença de concorrentes estrangeiros nas nossas provas.

JC – A “clássica” Figueira da Foz/Lisboa vai ser diferente ou vai continuar nos mesmos moldes?

ACL – A prova Figueira da Foz/Lisboa vai continuar este ano com o mesmo figurino, pois trata-se de comemorar os anos em que se disputou a primeira corrida. Está nos nossos planos alterá-la um pouco, pois poderíamos dar-lhe até uma característica ibérica, com a participação de concorrentes espanhóis.

JC – O tão falado Museu de Automóveis Antigos, a ter lugar na Maia, continua esquecido. O que se passa?

ACL – O Clube sempre pugnou pela existência de museus de automóveis antigos no nosso país. Tem já em funcionamento o Museu de Oeiras, em parceria com a Câmara local e continua empenhado em que se concretize o protocolo assinado entre a Câmara Municipal da Maia e o Clube que já data de 1989 com vista à instalação de um museu na Maia. O edifício que se destinava ao museu, junto à estação de caminhos de ferro da Maia, aguarda a conclusão das obras, o que permitirá de imediato pôr o museu em funcionamento. Esperamos que a Câmara Municipal da Maia mantenha o interesse manifestado, o qual só trará benefícios para a autarquia. Em relação a museus, o Clube é sócio-fundador do Museu dos Transportes que existe no Porto e com o qual tem mantido uma colaboração estreita para a concretização das várias iniciativas já levadas a efeito, nomeadamente a exposição “Comemorativa dos 100 anos da entrada do 1º automóvel em Portugal” e uma dedicada aos “Carros de Grande Turismo”.

“Esperamos que a Câmara Municipal da Maia mantenha o interesse quanto ao Museu do Automóvel, o qual trará benefícios para a autarquia.”

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