Conde de Monte Real – Um Grande Senhor do Desporto Automóvel

Competição 18 Ago 1996

Conde de Monte Real – Um Grande Senhor do Desporto Automóvel

Foi um dos mais completos desportistas portugueses, cujo perfil ficou traçado sob diversas facetas, em que as “coisas mecânicas” ocuparam um lugar muito especial. Jorge Abreu de Melo e Faro, o Conde de Monte Real desaparecido do nosso convívio há cerca de quatro anos, começou por se apaixonar pelas motos, mas o seu ecletismo depressa o conduz às quatro rodas, aos aviões e também a dirigente associativo.

E, se a sua actividade como motociclista se quedou, ainda nos anos 30, por algumas corridas de história pouco conhecida, o seu virtuosismo como piloto de competição, ao longo de duas décadas seguintes, leva-o a subir a inúmeros pódios no país e no estrangeiro, enquanto por causa do amor pela aviação o seu nome fica ligado ao aeródromo de Tires, e por força da capacidade de liderança a diversos cargos directivos no ACP.


O primeiro título


O ano de 1935 constituiu de imediato um marco decisivo na carreira de Monte Real, que se sagra campeão Nacional de Rampas, uma disciplina recém-instituída pelo ACP em que alinhou com um MG. As provas de velocidade em que participa no mesmo ano permitem-lhe, ao volante de um Bugatti 35C, os segundos lugares no Circuito do Estoril e da Rampa dos Barreiros, na Madeira, enquanto com um Ford, é o melhor da sua Categoria no Rali à Figueira da Foz. No ano seguinte, obtém uma nova vitória num rali, o das Pedras Salgadas. A primeira vitória em circuito surge em Santarém, e alinha na primeira edição internacional das corridas de Vila Real (v. Marcos Históricos), onde alcança um quarto lugar na prova principal, em ambas pilotando o 35C. É ainda neste carro que faz as suas duas únicas provas de 1937, os circuitos do Estoril e de Vila Real, provas em que se classifica respectivamente em terceiro e quinto lugares da Geral.

Regresso às Vitórias

Com o aproximar o advento da guerra e as consequentes restrições, o automobilismo desportivo sofreu uma natural paragem, mas em Portugal ainda são organizados alguns ralis, entre os quais o dos Legionários em 1938 e o dos Centenários em 1940, que são ganhos por Monte Real. Acabado o conflito, voltam as competições e Jorge Monte Real regressa aos lugares nos pódios: no Rali Internacional de Lisboa ficou em segunda da classificação Geral, com um Bentley em 1947; vencedor absoluto em 1948; terceiro em 1951; segundo no ano seguinte. Nestes dois últimos anos, volta a ser campeão nacional de Rampas, pilotando um Ford Ardum, um V8 de 3600cc que transformado na firma Palma, Morgado & Cª, Ddª, exibia uma capacidade de 4200 cc. Em 1951, com um Ferrari 2 litros, conquista ainda o segundo lugar da classificação Geral em Vila Real. A internacionalização tinha chegado, entretanto em 1949, quando num Riley, como navegador de D. António Herédia, participa no Rali Internacional dos Alpes e se classificam em terceiro lugar da classe.


A Projeção Internacional


A confirmação além-fronteiras tem o nome de Rali de Monte Carlo e ocorre dois anos mais tarde. Tendo como companheiros Manuel Palma e D. Fernando de Mascarenhas, Jorge Monte Real, guiando um Ford V8 100 CV, conquista o segundo lugar absoluto,a escassos 39 décimos de ponto dos vencedores, a equipa francesa de fábrica Trévoux e Crovetto, em Lelahaye de 445 cc, que também escolheu Lisboa como local de partida, e à frente de alguns outros grandes nomes do automobilismo europeu de então. Um marco importante na carreira do Conde de Monte Real é, ainda, o recorde estabelecido em 1956 entre Lisboa e Paris, cuja ligação efectua, ao volante de um Mercedes 300SL, em 17 horas e poucos minutos, numa deslocação para visitar o Salão Automóvel da capital francesa desse ano. Depois de abandonar a competição, Jorge Monte Real continuaria ligado, ainda por muitos anos, ao automobilismo desempenhando vários cargos de direcção ACP.

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